Dirigido por David O. Russell, Amsterdam chegou recentemente ao catálogo do Star+. O longa chama a atenção desde a primeira imagem com que nos deparamos, devido a quem está nela. Além disso, é quase impossível não ter o interesse despertado ao decidir embarcar em um filme que conta com: Christian Bale, John David Washington, Margot Robbie, Anya Taylor-Joy, Rami Malek, Robert De Niro, Zoë Saldaña, Taylor Swift, Mike Myers, Timothy Olyphant e Michael Shannon.
Mas será que esse elenco recheado de astros e estrelas de Hollwyood vinga o arredor em que eles estão encaixados?
No filme, ambientado na década de 1930, Burt (Christian Bale) e Harold (John David Washington) presenciam um assassinato, mas acabam se tornam os principais suspeitos. Dessa forma, eles decidem investigar o que está acontecendo, descobrindo assim, segredos que vão mais além do que imaginam, além de serem surpreendidos com o retorno de figuras do passado.
Subtramas em Amsterdam

Logo no início, o filme se assume como um mistério de assassinato. E, geralmente, narrativas desse porte tendem a prender a atenção do público, pois assim, ficamos mais propensos a desconfiar de todos que estão surgindo na história. Ainda assim, essa história lida com várias subtramas, que não têm necessariamente a ver com o principal conflito. E apesar do trio em questão ser interessante de sua forma, a escolha do filme em contar a história de cada um, deixa todo o contexto inicial de lado, tornando a estrutura desbalanceada.
Até existe um esforço para trazer algum tipo de característica aos personagens. Mas tantos elementos aparecendo em simultâneo acabam deixando o todo inflado, pois muito disso não é aprofundado ou tem relevância. É claro que precisamos criar vínculo com essas pessoas e querer estar nessa jornada com elas, mas isso é feito da maneira errada. Sendo assim, não tem como se importar com determinadas situações, já que o filme joga para vários lados diferentes e não se preocupa em trazer um real desenvolvimento a qualquer um deles.
A personagem de Margot Robbie é devota à arte (em um ponto que chega a ser irritante, devido à tamanha expositividade), e a forma com que ela executa suas fotografias gera o melhor momento do filme: os créditos. A parte mais interessante é literalmente quando acaba, pois vemos essas manifestações artísticas inseridas no próprio elenco do filme quando aparecem os respectivos nomes. Aliás, quando a história precisa dar sentido ao seu título, e os personagens olham para a tela e falam ”Amsterdam”, beira ao ridículo.
Elenco bom não é sinônimo de filme bom

Quando paramos para ver todos os nomes presentes nos créditos, pensamos como esse filme poderia ter sido um estouro. Afinal, como um filme com tanta gente talentosa poderia dar errado, não é? Pois bem, esse é um dos casos onde dá errado. O carisma de Christian Bale ou Margot Robbie não compensa o meio onde eles estão inseridos. Chega a ser triste também ver o subaproveitamento de Anya Taylor-Joy, bem como um Rami Malek completamente no automático e sem nenhum tipo de carisma ou uma gradual construção de camadas que seu personagem precisa. Aliás, o restante mal tem presença.
A grande revelação ”bombástica” da trama é fraquíssima. Nunca existe uma real sensação de tensão ao redor dos personagens, uma atmosfera inquietante em que algo pode dar errado a qualquer momento nunca se mostra. Nesse momento em que temos uma participação mais ativa de Robert De Niro no filme, o contexto histórico se mostra superficial. Isso acontece porque perdemos tanto tempo em outras coisas, que quando voltamos ao que deveria ser intrínseco, não tem efeito. As frases e recriações do que seriam momentos da realidade, não passam qualquer senso de propósito. Tudo parece jogado com o intuito de fazer algum sentido e amarrar a trama, mas não gera nada além de indiferença.
Portanto, Amsterdam traz várias histórias interessantes, que renderiam filmes interessantes, porém, não todos em um só. O desperdício de atores e o exagero de vertentes da trama principal fazem com que o filme pareça muito mais longo do que ele realmente é. Alguns elementos óbvios, expositivos e até cafonas vão fazer você esquecer do que assistiu logo depois que desligar a televisão. Mas antes de desligar, assista os créditos, eles são incríveis!





