Se tem Brasil, tem brasileiro! Arthur Conan Doyle sabia como chamar a atenção do público quando decidiu escrever O Gato Brasileiro. Neste conto de 1898, o herdeiro do Lord Southerton, Marshall King, é convidado para passar alguns dias na casa do primo Everard. Agora, após se aventurar em nossas terras, o primo Everard quer apresentar seu mais novo bicho de estimação: um gato brasileiro.
“Em casa de pobre, até o gato é magro.”
Primeiramente, quem nunca foi hóspede em um lugar e não sabia lidar com os hábitos esquisitos dos donos da casa? E, atire a primeira pedra quem nunca lidou com um parente desagradável ou se questionou se não era hora de voltar para o lar.
É essa premissa delicada que nos seduz a ler mais e mais deste conto. Não demora nada para entrarmos na pele de Marshall, o protagonista da história que passa alguns dias em Greylands Court.
“Gato brasileiro”, quê?
Óbvio que o título da história também é chamativo! O que é um gato brasileiro? Por que ele é brasileiro? Bem, talvez o autor estivesse referenciando alguma espécie que chamamos hoje de outra forma ou quem sabe a nacionalidade do gato esteja relacionada à noção de selvageria que muitos ingleses do século XIX possuíam de países latinos.
Era tão gracioso, tão musculoso, e tão gentil e suavemente diabólico, que eu não conseguia afastar os olhos da abertura.
É difícil saber ao certo qual foi a motivação da escolha da nacionalidade do bichano, mas o que é certo é que o animal é descrito de forma impressionante na narrativa. E, isso faz toda a diferença, já que o felino é o símbolo central da obra. Esse elemento lembra muito o trabalho de Edgar Allan Poe (“O gato preto“, “O Corvo“) repleto de simbolismo.
O gato nos encanta e horroriza na mesma medida. Como uma criatura enigmática, tudo que sabemos do animal vem do primo Everard, mas diz-se por aí que este brasileiro não é o vilão do suspense…
Qual é o veredito? Vale a pena?
Doyle realmente sabe construir bons suspenses! Com uma escrita dinâmica e bem convexa, o autor constrói uma narrativa cheia de elementos críveis; com parentes distantes e esquisitos, e dúvidas tão atuais quanto de há séculos atrás.
Repleto de motivações modernas, este conto envelheceu como um bom vinho de uma excelente safra. Bom apetite!
A Avaliação
O Gato Brasileiro
Tão fantasioso quanto provável. Tão divertido quanto horrificante. Tão moderno quanto clássico.