Quem não adora conforto? Ficar no seu lugar preferido, usando suas roupas preferidas… Todo mundo adora a liberdade de ser livre, mas… e quando isso afeta o lugar do outro?
Neste livro infantil, conhecemos Mole, uma toupeira que está infeliz porque pedras zangadas estão tapando sua saída para o interior. Mole não faz ideia da razão porque não pode sair, e ele tenta de todas as formas, se livrar de onde está. Mas, por que a toupeira está lá?
Depois que vemos o pobre Mole, triste e solitário, revivendo suas lembranças em dias de glória, é impossível não sentir pena. Espera… o que é isso, Mole? Como você estava fazendo isso com as pedras e não se tocava?
As ilustrações são muito bonitas, o traço mostra bem o cenário e a emoção dos personagens. As cores que são utilizadas seguem uma paleta ligada à natureza, de maneira harmônica. A tipografia do texto é bem dinâmica, com palavras que se destacam das outras. O livro tem bastante humor visual, e as imagens contrastam muito com o texto, criando uma ideia de discordância; de ironia. Chega a ser cômico quando nós percebemos os detalhes que estão à nossa frente, as respostas para nossas dúvidas, é só necessário prestar atenção.
Não dá para negar o incômodo quando o livro acaba. Por quê? Porque parece que a história foi cortada pela metade. Estamos acostumados com contos de fadas e fábulas, que contem uma lição para nós. É por isso que existem os livros infantis, certo? Para que as crianças possam aprender algo que seja bom para elas, para ser mais fácil para os adultos falarem de certos assuntos, para ilustrar as situações complicadas.
Mas The Mole and the Hole não tem uma lição de moral. Estamos assistindo à história, esperando por aquela finalização tradicional onde o personagem fala sobre o que aprendeu, e o que tinha de errado antes. Talvez seja um ato de rebeldia, para que nós paremos de subestimar a sabedoria dos pequenos, e perceba que eles são — quase sempre —, mais espertos que a gente. Talvez seja para subverter essa ideia de que histórias infantis sempre tem uma lição, e assim, os adultos leiam e criem sua própria lição para as crianças.
Seja feliz. Não se importe com os outros. Tenha consideração por quem está ao seu redor. Tenha mais cuidado.
Você escolhe qual acreditar: a mais relevante ou a menos complicada na hora de explicar, antes de ninar, não é? Mas isso não muda aquele pequeno incômodo que surge no peito quando nós pensamos: história infantil sem moral.
No mais, a história é muito divertida, ótima para crianças que são atentas ou as que precisam se distrair e dar uma risada. Difícil imaginar uma criança que não iria adorar ter esse livro na estante, só para apontar o dedo para as ilustrações sorrindo para os amigos.