A família Apperly é mesquinha, interesseira e esnobe. Também costuma menosprezar Sophie com frequência em relação da falta de formação acadêmica. E daí que ela cozinha e faz todo o trabalho de casa? Não importa. Cansada de se sentir usada, decide aceitar uma proposta de trabalho e fazer sua viagem dos sonhos a Nova Iorque, mas antes precisa honrar com o compromisso de cuidar do tio malvado Eric, um velho que parece ter a solução para seus problemas. Em Manhattan, Sophie cria uma amizade inusitada com uma senhora da alta sociedade, mas seu sobrinho Luke parece ter certeza de que a jovem não passa de mais uma interesseira no caminho. É por isso que Sophie Apperly fica surpresa quando Luke Winchester a procura semanas mais tarde, com uma proposta irrecusável.
A premissa é tentadora, não é? A gente se sente tentado de entrar nessa jornada louca de Sophie, de conhecer sua família imperfeita, de saber se tudo vai dar certo para ela. Não demora nadinha para criarmos afeição à Sophie ao ver o descaso com o qual ela é tratada, e testemunharmos sua gentileza, humor e momentos de sensatez. Sophie é humana, ela grita, ri, comete erros e continua os cometendo pelas pessoas que a ama. Luke, por sua vez, mostra que não é o cara malvado que parece ser no início, tendo seus momentos de vulnerabilidade.
Acho que, à medida que você vai envelhecendo, quer reunir as memórias e guardá-las com você, para não esquecer onde estão.
É muito interessante os diálogos repletos de humor que conseguimos encontrar facilmente ao longo das linhas. Sophie é uma personagem engraçada, e não parece se esforçar tanto para arrancar algumas sorrisos dos outros personagens, e de nós, leitores também.
Sophie imediatamente se perguntou se a sociedade estaria pronta para voltar para o esquema de escambo.
Mesmo que o toque de humor seja ótimo, isso não quer dizer que o romance deixa de ter sua parte sensível. Encontramos conselhos e lições de moral ao longo das linhas, e há um ótimo equilíbrio na transição de emoções ali.
Você está sempre disponível para todo mundo, mas ninguém faz o mesmo por você.
Incrível como a história não obriga que os protagonistas descubram tudo sozinhos, muitos acontecimentos têm participação imensa de personagens secundários. Não tem aquele escape clichê de ‘nossa, descobrimos tudo sozinhos’, sabe? Na verdade, em muitos momentos a presença de tantos personagens até nos incomoda, pois, a impressão que fica é de que Luke e Sophie tem poucos momentos juntos.
Falando em personagem secundários… Quem não lê a história e ama a velhinha Matilda? Ou o rabugento tio Eric? A autora Katie Fforde acerta na construção das personalidades, que nos cativam desde o primeiro instante. Excêntricos e críveis, quase acreditamos que eles existem no mundo real. Mas é inevitável não perceber que o mesmo desenvolvimento foi deixado de lado quanto aos protagonistas que não nos cativam tanto quanto o resto do elenco.
Precisamos elogiar o trabalho de pesquisa feito aqui! Cheio de cenários bem descritos, sentimos como se estivéssemos lá, naquele momento. A escrita na maior parte do tempo é bem leve, até. Os detalhes dos acontecimentos são muito bem pensados, nota-se que nada foi feito de maneira preguiçosa, nada foi usado como uma desculpa para aproximar os protagonistas. Mas a medida que a trama avança, nós sentimos arrastados para eventos que não queríamos. São muitos episódios e você se perde na leitura. A quantidade exorbitante de situações a serem resolvidas acabam sendo deixadas para o final, e o leitor se sente perdido ao absorver tudo. O que aparenta é que tudo foi deixado para ser resolvido de última hora.
Uma proposta irrecusável tem muitos acertos, mas ainda precisava de algo a mais, sabe? Mesmo assim, vale a pena dar uma chance para esta comédia romântica divertida, sensível e cativante.