Não se pode negar a importância de Nárnia para a literatura mundial; durante muitos anos foi referência na área infanto-juvenil literária, atraindo e conquistando fãs por todo mundo, não só crianças como adultos também, que se fascinavam pelas aventuras nesta terra criada por C. S. Lewis. Com o primeiro livro da série, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, sido publicado pela primeira vez em 1950, As Crônicas de Nárnia se tornou um grande ícone da fantasia mundial, mais tarde se tornando filmes de sucesso da Disney. Porém, em 1954 uma prequela foi lançada, O Sobrinho do Mago, contando as origens da Terra de Nárnia e daqueles que lá habitam.
Digory é um garoto solitário que vive com seus tios impetuosos e reservados em sua grande casa nos subúrbios de Londres, pois sua mãe está doente e seu pai viaja, ele, porém, suspeita que seu tio seja mais estranho e misterioso ainda por esconder segredos nos confins da casa. Ele se junta com sua solitária e entediada amiga, Polly, para descobrirem os segredos de seu Tio André e acabam por descobrir novos universos e mundos, mais tarde presenciando a criação da própria Nárnia enquanto despertam a Feiticeira Branca de seu longo sono.
Primeiramente é necessário deixar claro que O Sobrinho do Mago é um livro com temática infantil, como a maioria dos outros das Crônicas de Nárnia, apesar disso Lewis não mede esforços para sugerir e referenciar passagens da Bíblia e alegorias religiosas. Isso fica um pouco claro para o leitor, com a criação de Nárnia através do Leão Aslam, que tem o papel de criador deste mundo e pai de todos os seres, além de muitas outras referências à Gênesis.
A leitura é muito leve e gostosa, Lewis não passa muitas páginas descrevendo cenários ou personagens como outros muitos escritores de fantasia costumam, já que o autor quer valorizar mais a mensagem que a história passa, isso pode frustrar alguns leitores que esperam algo no nível Tolkien.
E, falando em Tolkien, o mesmo expressou seu desgosto na época que O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa foi lançado, dizendo que o mundo era muito mal aproveitado e apressado, não sendo bem construído e juntando toda categoria possível de mitologia para encher páginas. Porém, tais comentários não abalaram sua amizade com Lewis. Mas, saindo dos pontos negativos, os cenários e a execução das muitas mensagens escondidas nas entrelinhas é genial e criativa, cativando o leitor rapidamente e fazendo ele querer mais a cada página.
No mais é um bom livro, não sendo tão bom quanto seus antecessores, mas trazendo o leitor para muitos locais fantásticos do imaginário de Lewis, e apesar de suas claras inspirações em cima da religião cristã, seus méritos não devem ser tirados ou reduzidos, até por que, As Crônicas de Nárnia continua sendo uma das sagas mais importantes da literatura de fantasia.