Depois do sucesso de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Lewis não perdeu tempo para fazer uma sequela digna e tão fantástica quanto o seu antecessor. Príncipe Caspian é uma obra com peso emocional e político mais presente do que no primeiro livro, tendo alguns trechos bem pesados, mas que não extrapolam limites do seu público majoritariamente infantil. Mas isso faz dele um livro melhor?
Nárnia agora é dominada pelo povo Telmarino, governados pelo Rei Miraz, vindo de uma linhagem cruel e sem escrúpulos que odeia a Magia e criaturas fantásticas no geral, como animais e árvores falantes. Os Talmarinos invadiram Nárnia algum tempo depois dos Irmãos Pevenise voltarem para casa no primeiro livro, e assim espantaram os animais e os povos mágicos de suas terras, dominando tudo e reformulando o Reino de Nárnia. Porém, o sobrinho de Miraz, Caspian, descobre verdades terríveis sobre seu passado e foge do reino, pretendendo começar uma rebelião com as poucas criaturas mágicas que restaram e tirar Miraz do poder.
Os Irmãos Pevenise, Lúcia, Pedro, Edmundo e Susana, voltaram para suas vidas normais e estão prestes a começarem um novo ano escolar. Enquanto esperam pelo trem, eles são transportados de volta para Nárnia onde descobrem todos os fatos históricos que ocorreram nos últimos 1300 anos, mesmo que só tenha se passado um ano para eles. Eles viajam por Nárnia com a ajuda de um Anão, para ajudar Caspian em sua rebelião e restaurar a antiga Nárnia.
Fica muita clara a inspiração de Principe Caspian em velhas fábulas medievais britânicas, como Rei Artur. O livro no geral tem um sentimento bem mais bárbaro e direto que seu antecessor. Se o primeiro livro falava sobre descobrir um novo mundo e acreditar na sua família, o segundo fala sobre ter fé até nos momentos mais difíceis, até quando tudo parecer perdido, e essa fé que move os personagens. O folclore europeu é bem mais presente nesta história, reis, príncipes, batalhas por poder, intrigas monárquicas.
Apesar disso, nada é perfeito, o livro tem sérios problemas de ritmo, você em um momento está interessado e focado em uma perspectiva, e então é puxado para outra. Isso é de se esperar, até porque vários livros fazem isso, mas algumas tramas de personagens são simplesmente melhores que outras e é aí que o problema mora. Não existe balanço entre as histórias, uma pode ser sorridente, alegre e feliz, enquanto outra pode ser sombria, violenta e cinzenta. Os Irmãos Pevenise são até entendiantes nessa história, não existem mais problemas internos como no primeiro livro, e nem mudanças na formação principal, eles apenas existem. Você acaba por se interessar mais pelos novos personagens como Caspian.
Principe Caspian tem problemas de identidade, quer explorar intrigas políticas e reinos, mas, em simultâneo, mesclar isso com suas já conhecidas mensagens esperançosas religiosas. Isso pode ter funcionado no primeiro livro, mas aqui simplesmente não dá certo. Mesmo com seus problemas, a leitura ainda é boa e proporciona as mesmas aventuras e sentimentos que se espera das Crônicas de Nárnia.