Muitos conhecem Jane Austen, considerada uma das mulheres mais revolucionárias em sua época. Austen começou suas histórias com o objetivo de entreter seus sobrinhos, tornando suas obras umas das melhores do mundo. O seu talento por apenas entreter acabou se tornando algo maior, já que em suas obras ela tratava a sociedade com sarcasmo, trazendo ao ridículo tudo que havia nela.
A trama encontra-se em torno de duas irmãs, apesar de trazer também sua mãe e irmã ao centro da história, porém o foco é Elinor (Razão) e Marianne (Sensibilidade). A história, assim como Orgulho e Preconceito, é uma crítica social, além de expôr todas as regras e costumes daquela época: como os bens herdados passarem só para os homens e para as mulheres não — assunto já abordado em suas obras subsequentes, já que esta foi sua primeira obra.
O enredo foca no progresso de Elinor ao se apaixonar por alguém que possui mais bens que ela, algo recíproco, porém acaba sendo interrompido diversas vezes por vários acontecimentos. A morte do pai de Elinor, Marianne e Margaret (a irmã mais nova), acaba fazendo com que as irmãs sintam-se inquilinas em sua própria casa e acabam tendo que sair dela. O primo de Sra. Dashwood oferece estadia permanente em uma cabana que possui, então esse acaba sendo o primeiro acontecimento capaz de separar Elinor e Edward, além das tentativas de sua irmã, Fanny, que é esposa do irmão das protagonistas.
Todos os acontecimentos afastam Elinor e Edward, então o enredo passa a ser focado em Marianne, que encontra Willoughby, ao torcer o tornozelo e ele vir a seu resgate. Todas as cenas em que Marianne e seu novo objeto de afeição, Willoughby, estão retratam acontecimentos indiscretos na época, uma estratégia de Jane Austen de nos fazer questionar o que é discrição e o que é moral — em Orgulho e Preconceito a autora usa da mesma estratégia ao tratar sobre Lidia, que era alguém que não vivia nas etiquetas da época, não tornando Elizabeth alguém pior, mas alguém que seguia as normas da sociedade na época e Lidia era repudiada por fazer o contrário.
Outra crítica social feita nesta obra é a própria situação de Elinor e sua família, sendo uma mulher pobre e se torna mais pobre ainda com a morte de seu pai, tendo um irmão que não tem sequer vontade em ajudar a irmã. Isso tudo acaba dificultando a situação de sua família na sociedade, o que as faz serem rejeitadas apenas pela situação precária em que se encontram, pelo simples descaso das leis que são feitas sem visar o bem das mulheres.
O enredo então mostra como Marianne sendo a sensibilidade precisa e encontra até o final da obra o equilíbrio até a razão e Elinor com o seu caminho de equilíbrio até a sensibilidade; já que ambas estavam em um extremo e outro. A obra acaba com um final satisfatório e com um desfecho capaz de fechar cada parêntese aberto, de forma surpreendente.
Algumas partes do texto acabam se arrastando, com descrições e acontecimentos detalhados demais, o que acaba tornando-se um pouco mais comprido até chegar ao final. No entanto, o clímax da obra e os acontecimentos subsequentes fazem com que ela se torne algo excelente e faça sentido. O maior destaque da obra é sua crítica social de tudo, das coisas mais simples até as coisas mais complicadas: o que é razão? O que é sensibilidade? O que é status social?