Quando se trata de mitologia, inúmeras histórias são lembradas imediatamente em grande maioria com filmes, animês, séries, livros e quadrinhos baseados nas mitologias grega, nórdica, egípcia ou japonesa. Mas existem outras mitologias tão ricas quanto as mais exploradas na cultura pop como, por exemplo, as mitologias da Mesoamérica.
Recentemente lançado pelo Crunchyroll o animê Onyx Equinox conta uma excelente história de mitologia. Em 12 episódios o animê faz dos princípios da cultura mesoamericana uma parte fundamental de seu mundo e enredo, construindo um mundo onde deuses e humanos coexistem. Neste artigo vamos conhecer um pouco sobre este animê e o mundo em que é ambientado.
Sacrifícios e a Guerra dos Deuses
O animê inicia no meio de uma guerra de sangue entre os deuses. Aqui o sangue é uma mercadoria. Depois que monstros mortais começam a atacar uma cidade, eles capturam a maioria dos habitantes da cidade. Então cortam suas gargantas para invocar o deus dos mortos, Mictlantecuhtli. Os outros deuses consideram isso um ato de guerra, porque Mictlantecuhtli está roubando seus sacrifícios. E é aí que eles decidem que simplesmente colocarão o destino da própria humanidade em uma aposta, onde o jovem “campeão” Izel deve fechar os portais para o submundo, aprisionar o deus da morte e salvar a humanidade da perdição.
Guerras, entidades poderosas, jovens magricelos sendo escolhidos para salvar o dia são clichês básicos em animês. Mas Onyx Equinox inova, em alguns aspectos, ao inclinar para razões cosmológicas e mitológicas para respaldar os sacrifícios. Diferente do animê O Sangue de Zeus, que mergulha na mitologia grega mostrando uma aliança entre deuses e homens e ignorando os conhecidos sacrifícios de animais existentes na cultura mitológica grega, aqui os deuses Quetzalcoatl e Tezcatlipoca exigem a oferta voluntária de sangue para manter o equilíbrio do mundo e isso é mostrado com personagens importantes da trama.
Os sacrifícios de sangue eram vistos como retribuição aos deuses pelos sacrifícios que eles próprios fizeram para criar o mundo e continuam a fazer para mantê-lo funcionando. Por exemplo, cerimônias para garantir que o deus do sol Tezcatlipoca tenha força para levantar o sol todas as manhãs. E Onyx Equinox segue isso fielmente a cultura mesoamericana.
Culturas
Onyx Equinox, felizmente, não se apega somente as batalhas épicas e sacrifícios de sangue em seu enredo. As culturas mexicanas e mesoamericanas – principalmente as astecas – são pontos importantes no decorrer dos episódios. Vemos em alguns momentos o protagonista tecendo alguns tapetes, algo que até hoje é lembrado em alguns pontos da América do Sul; roupas e templos multicoloridos que preenchem os cenários; há detalhes em feiras com vendedores oferecendo milhos de várias cores; além do uso excessivo de obsidiana em armas.
O animê encontra espaço para detalhar aspectos culturais da Mesoamérica, seja só para acrescentar no cenário, ou para seguir a trama, como acontece com o jogo de bola mesoamericano que aqui, além de mostrar um pouco mais de como era o esporte, também o torna uma das peças importantes para o desenvolvimento da história.
O anime usa as diversas mitologias e contos da Mesoamerica para estabelecer seu mundo. Usando os olmecas (que antecederam os astecas), por exemplo, como uma espécie de Atlântida, dando a entender que eles tinham tecnologia especial para lutar contra monstros e deuses antes de serem eliminados. Esta adição mostra que há mais no mundo do que vemos (pelo menos até agora). O mundo é muito maior e mais antigo do que vemos no início do anime. Além de ser ótimo ver mais sobre a cultura olmeca na cultura pop que normalmente em Hollywood é enfatizada como a violenta e com pouca civilização.
Onyx Equinox também mostra o quão grande era a Mesoamérica. Logo após o primeiro ato, a história segue para a cidade de Uxmal, onde até hoje existem os mais belos templos maias. Lá conhecemos o lar de pessoas de várias origens diferentes. Existem refugiados e imigrantes de todas as partes, com culturas e roupas de cores muito diferentes. Mas, apesar de suas diferenças, eles são semelhantes o suficiente para mostrar que viveriam juntos no mesmo lugar.
Deuses que aparecem no animê
Quetzalcoatl
Seu nome significa “serpente emplumada” ou “serpente de penas quetzal”. Sua primeira aparição em uma concha humana é carregada de penas e escamas. Ele aposta com Tezcatlipoca para encontrar o campeão humano para fechar os cinco portões do Submundo.
Tezcatlipoca
É o deus do céu noturno, da lua e das estrelas, senhor do fogo e da morte. Criador do mundo, vigilante das consciências. No anime, ele incumbe seu emissário jaguar de confiança, Yaotl, de monitorar o campeão humano de Quetzalcoatl.
Mictlantecuhtli
É o deus do submundo, governante de Mictlan, a camada mais profunda do submundo asteca. No anime ele engole avidamente a cidade de Danibaan, exacerbando a seca de sangue entre os deuses e a aniquilação gradual das civilizações.
Mictecacihuatl
Tem o papel de zelar pelos ossos dos mortos e presidiu ao longo dos antigos festivais dos mortos, evoluindo da tradição asteca para o Dia dos Mortos moderno, após síntese com tradições culturais espanholas.
O que achamos?
Onyx Equinox é uma verdadeira viagem cultural através de uma aventura animada que mostra que existem muitas outras civilizações com mitologias (como a brasileira também, por exemplo) legais que não tiveram uma chance na cultura pop, até agora. Repletas de monstros e deuses tão legais quantos os Kaijus japoneses ou os Deuses do olimpo.
Com um traço que lembra Avatar: a Lenda de Aang, a série Onyx Equinox é uma excelente e divertida história, com vários personagens interessantes e uma história que ainda tem muito o que contar. Um dos melhores animes da última temporada e que certamente estamos ansiosos pelo retorno na segunda temporada.