Hoje em dia, a Marvel é uma grande empresa multi-milionária, com uma presença em forte nos quadrinhos, videogames e, claro, filmes. Com seu universo cinematográfico compartilhado, a Marvel bateu recordes de bilheteria e de popularidade nos últimos anos.
Mas tudo isso começou lá em 2008, quando a Marvel Studios ainda era uma empresa separada, independente e bem longe da Disney. Homem de Ferro, estrelando Robert Downey Jr., deu início a uma saga gigantesca que perdura até agora, mas o longa envelheceu bem?
Um herói falho
Tony Stark é um personagem complexo por natureza, desde sua aparição nos quadrinhos da Marvel dos anos 60. Um filantropo bilionário, arrogante, mas um gênio brilhante que acaba sequestrado e passa meses em uma caverna, construindo uma armadura de ferro para escapar.
Mesmo após fugir para o mundo exterior, Stark continua numa luta interna contra as próprias falhas: alcoolismo, individualismo; tudo culminando em um herói quebrado e muito humano.
Portanto, é admirável como esse filme consegue acertar em todos esses pontos do arco de personagem de Tony Stark. Logo nas primeiras cenas temos uma reimaginação de sua captura dos quadrinhos, onde ele é capturado no Vietnã durante uma visita ao exército, oferecendo armas nucleares a eles, acabando obrigado pelo vilão Mandarim a fazer uma super-arma para ele. Aqui, porém, o cenário do Vietnã é trocado pelo Afeganistão, modernizando os conceitos clássicos de sua história de origem.
O filme carrega uma discussão sobre o mercado de armas no século XXI, e como, de certa forma, elas sustentam muitos pilares do mundo comercial. Tony percebe o quanto suas armas são usadas pelos próprios terroristas que ele tanto acredita estar dizimando.
Após fugir da caverna, com o sacrifício de seu amigo, também sequestrado pelos terroristas, Yinsen, Tony usa seu protótipo de armadura para escapar do cativeiro. É aí que se inicia o segundo ato do filme, onde o mundo de Tony Stark é expandido além do epílogo do início do filme.
Redenção creditável
A jornada de Stark durante o longa é quase um monomito contrário: uma redenção total, muitas das sequências iniciais nos fazem odiar Tony, apesar de acreditarmos que ele seja um gênio que está ajudando o mundo com suas armas.
Mas aí, Tony enfrenta um choque de realidade ao perceber que suas armas são mais máquinas de destruição do que salvadoras, e nós, ao lado de Tony, passamos por uma metamorfose que funciona muito bem no contexto da narrativa.
Tony sabe que precisa parar os terroristas, precisa parar suas armas, e o império de terror que ele mesmo ajudou a construir. Sua arma para isso é a Mark 3, sua tão conhecida armadura.
Contudo, essa jornada não funcionaria em nada se não tivesse bons personagens de suporte. Temos Pepper Pots, interesse amoroso de Tony e sua assistente que o conhece como ninguém, assim como Obadaiah Stane, vice-presidente das Indústrias Stark e mentor de Tony. Também há James Rhodes, o melhor amigo de Tony que ainda serve um papel pequeno na trama se comparado a suas futuras aparições.
Todos os atores entregam atuações orgânicas. Com destaque, é claro, para a estrela do filme, Robert Downey Jr. A escolha para o papel não poderia ter sido mais perfeita.
Jon Favreau não poderia ter acertado mais em sua direção. O filme tem planos, sequências e cenas muito bem dirigidas. Sem falar na trilha-sonora, com Iron Man, de Black Sabbath, e muitas outras clássicas músicas de rock que combinam com o personagem.
Conclusão
Homem de Ferro é um ótimo filme, não só no gênero de filmes de super-herói. Ele não é clássico como Superman, ou um ícone como Batman, mas é um personagem interessante que usa de sua persona para criar uma narrativa consistente e sólida.
O Universo Cinematográfico Marvel não poderia ter se iniciado de forma melhor, e esse primeiro capítulo da história ainda será lembrado por muitos anos.