Damien Chazelle é um dos cineastas mais surpreendentes que tivemos nos últimos anos. Ganhou destaque internacional com Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014) e dois anos depois, lançou o que seria um de seus melhores filmes, se não, o melhor, La La Land: Cantando Estações, aclamado pela crítica especializada, e considerado um dos melhores filmes de 2016.
Na cerimônia do Óscar 2017, obteve 14 indicações e venceu 6, incluindo: Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original, Melhor Design de Produção e Melhor Fotografia. Mas, afinal, por quais motivos o filme tem tanto reconhecimento?
No filme, o pianista Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz Mia (Emma Stone), e os dois se apaixonam. Em busca de oportunidades para suas carreiras em Los Angeles, o casal tenta fazer o relacionamento amoroso dar certo, enquanto perseguem seus sonhos.
Execução de La La Land
Algumas pessoas realmente não gostam desse filme, mesmo sem nunca o ter assistido, mas, se muitas delas o assistissem, certamente iriam ter outra visão. La La Land não apenas mais um típico musical que já conhecemos, mas sim uma obra cativante sustentada por personagens incríveis, com ambições e obstáculos.
É muito fácil se relacionar com esses personagens. O roteiro entrega muitas situações diferentes para alimentar os objetivos descritos. A premissa é original e apresenta dois caminhos para você escolher, afinal, apenas um será seguido.
Parte dessa força, surge da sublime química entre Emma Stone e Ryan Gosling, eles são divertidos, carismáticos e não deixam de entregar o drama, quando necessário. Você se entretém com essa dinâmica e sempre torce por eles. Emma Stone entrega, até então, a melhor atuação de sua carreira.
Então, há um bom desenvolvimento de história e personagens, mas acima de tudo, dinamismo e autenticidade. É uma história para refletir sobre dilemas que, talvez, você também passe na vida.
O final é certamente um dos mais bem realizados na história do cinema. Justamente por apresentar o real junto do irreal, ao mesmo tempo. O grande diferencial de tudo é equilibrar a felicidade e a tristeza; você entende o motivo daquilo e por mais que seja triste, não é.
Musical em La La Land
O musical é trabalhado de maneira esplêndida. As composições originais são muito marcantes e combinam com o tom. Por exemplo, City of Stars, que aparece durante o longa por diversas vezes e em diferentes versões, em cada uma delas sendo bem utilizada. Ou até mesmo, as belíssimas canções de Justin Hurwitz, que transmitem doçura e sutileza.
As coreografias realizadas são perfeitas. Essas pessoas tiveram uma nítida dedicação e esforço ao nos entregar o resultado. A sequência inicial é uma aula — é impressionante como fizeram aquilo.
Ainda mais, quando não existe medo de mesclar o real com o fantástico. Durante os momentos musicais, vamos muito além do “ouvir”, devemos analisar o que está em tela, abraçar a fantasia e sentir — como o Sebastian fala sobre Jazz.
Além disso, você se importa com o que está acontecendo. O musical diz muito sobre os personagens, mesmo que não tenha letra. É um fator colocado de forma pontual na narrativa, ou seja, não é cansativo e te mostra tudo aquilo que precisa para te deixar investido.
Técnica em La La Land
Além dos fatores reais e fantasiosos, o que influencia fortemente na imersão desse projeto é o seu visual. A fotografia é perfeitamente calculada, com grande destaque nas cores roxo e azul. É agradável aos olhos e torna a experiência ainda melhor.
Muitas cenas possuem uma composição de luz forte, isso transmite vida ao que você está vendo. Junto ao fato das cores estarem o tempo todo te manipulando e transformando toda a identidade do filme. Existe glamour estético, figurinos e cenários incrivelmente memoráveis. Toda a ambientação é impecável!
Damien Chazelle apresenta uma direção segura e com personalidade. O modo com que ele movimenta a câmera ou as perspectivas que decide mostrar, só ressalta sua marca como diretor e como ele coloca o amor em seu trabalho.
Portanto, La La Land: Cantando Estações nos entrega um resultado mais que satisfatório. Existe propósito em todos os detalhes colocados, que o deixam registrado com muita originalidade. Sua mensagem, sua beleza e seu esforço tornam ele um jovem clássico.
Leia mais sobre: Damien Chazelle