Dirigido por James Gunn, Guardiões da Galáxia é, certamente, um dos melhores filmes já produzidos na Marvel. Sendo uma das maiores bilheterias de 2014, parte do sucesso do filme é por conta de sua excelente trilha sonora. A homenagem às músicas dos anos 70 não serve somente para apreciarmos o quão gostosas elas são, mas, também, como um fator intrínseco na trama, visto que a mãe do protagonista escutava isso quando jovem, e ele as reproduz através de seu walkman.
No filme, Peter Quill (Chris Pratt), um saqueador conhecido como Senhor das Estrelas, rouba um Orbe contendo um poder inimaginável que pode destruir mundos. Contudo, Ronan (Lee Pace), um temido vilão, fará de tudo para adquirir a esfera e entregá-la a Thanos (Josh Brolin), para seus objetivos pessoais. De maneira não planejada, Quill acaba fazendo uma aliança com quatro extraterrestres. Agora, todos eles deverão proteger o objeto para salvar o futuro da galáxia.
O longa, inclusive, rendeu duas indicações ao Oscar: Melhores Efeitos Visuais e Melhor Maquiagem.
O lado cósmico de Guardiões da Galáxia

Se Scott Derrickson foi responsável por introduzir a faceta mística do UCM em Doutor Estranho, ou Ryan Coogler, que trouxe o lado mais avançado da tecnologia humana em Pantera Negra, James Gunn foi a cabeça que idealizou a parte cósmica, que igualmente seria crucial para os filmes desse universo. Gunn assume em sua proposta algo mais leve e bobo, que não se leva tão a sério. Logo na abertura, somos conquistados com a icônica dança do Senhor das Estrelas antes de coletar o Orbe. Mas desde já deve-se apontar que isso não isenta a construção de personagens e momentos que demandam emoções mais genuínas. E justamente por isso, ele utiliza de uma liberdade que influencia diretamente no visual que quer mostrar.
Existem criaturas das mais diversas nessa galáxia, com peculiaridades que chamam à atenção. E é interessante, como esses seres nem sempre têm o objetivo de parecerem reais, pois como estamos fora da terra, naturalmente eles serão cômicos e esquisito aos olhos. É algo muito semelhante ao que George Lucas fez em Star Wars, por exemplo. Nesse sentido, por ser uma aventura que joga esses personagens nos cantos mais bizarros da galáxia, Gunn tem espaço para explorar cada ambiente e ilustrá-lo com originalidade. Em simultâneo que existe algo mais impositivo e soturno com o santuário de Thanos ou o local em que Ronan vive, temos Luganenhum, que é mais ampla, futurística e suja; à la Blade Runner.
A onda de cores na galáxia e as características dos mundos compõem parte dessa cosmologia que geram um certo fascínio. Um fator que também contribui de maneira atrativa é que, pelo fato de essa história se passar fora dos padrões reais e comuns, os aparatos tecnológicos também são diferentes. Essa física não é a mesma que a nossa e a funcionalidade de determinados objetos também não. Ou seja, todo tipo de arma e adereço tem uma qualidade singular. Assim, o filme vai misturando muito bem todas as suas abordagens, desde às fantasiosas, às científicas e futuristas, até para algo mais ridicularizado.
Uma equipe improvável

Dentre muitos acertos, o maior feito de James Gunn é selecionar os personagens mais distintos e aleatórios possíveis para formar uma equipe e tirar algo disso. Aqui, existe: o terráqueo, a filha temida de um super-vilão, um brutamontes, uma árvore consciente e um guaxinim falante. E, de maneiras misteriosas (na verdade, não tão misteriosas assim) nos importamos com cada um deles. O filme consegue dar um espaço para cada um brilhar de sua maneira, fazendo-nos contemplar aquele momento épico e posado que esses filmes precisam ter. Entre esses espaços, é formada a dinâmica da equipe a partir uma estrutura convencional, porém eficiente.
Cada personagem enfrenta uma batalha individual, mesmo os que não são propriamente heróis. E embora Ronan seja um vilão patético, ele serve muito bem como essa peça antagônica que cria a urgência na história. Tanto ele como essa busca incessante pelo Orbe movimentam a narrativa, o que torna a aventura mais rica. Ou seja, as forças mais diversas precisam agir em conjunto para deter um mal maior. Nisso, a composição de cada personagem é trabalhada conforme eles passam tempo juntos. O que antes era algo puramente egoísta e benéfico para os próprios objetivos, acaba virando uma conexão altruísta e ”Nós Somos Groot” ilustra isso com perfeição.
Portanto, Guardiões da Galáxia é um dos filmes mais divertidos, emocionantes e originais da Marvel. Todos os fatores acima contribuem para a experiência boa que o filme naturalmente causa. Juntamente disso, a escolha citada anteriormente de construir o filme em cima das faixas musicais é sublime, muito por como elas se encontram na história. Essas adições, e também os temas originais do filme, deixam tudo mais poderoso e com uma personalidade única. Esse é um daqueles filmes que você mais dará risada, mas também, ficará comovido quando for tratar de temáticas humanas e relacionáveis, em momentos que, apesar de simples, são gigantes em coração.