Dirigido por Dario Argento, Suspiria é um dos grandes nomes do terror, tendo como base a obra Suspiria de Profundis, de Thomas de Quincey. Caso você ainda não tenha visto, tanto o filme original quanto o seu remake estão disponíveis no catálogo do Prime Video.
No filme, Suzy (Jessica Harper) é uma jovem americana que chega em Fribourg para ingressar em uma academia de dança muito respeitada. Contudo, o ambiente se mostra extremamente perturbador e questionável, ainda mais após inexplicáveis desaparecimentos.
Suspiria, uma experiência sensorial
Logo quando adentramos no filme, já percebemos que essa não será uma viagem comum. Sua estética engloba uma imensidão de mistura de cores, que além de trazer esse senso de surrealismo, colocando as personagens em uma espécie de sonho visual; diz muito a respeito das nossas sensações ao que está acontecendo.
A própria transição sóbria do que seria o mundo normal para o caótico da feitiçaria ilustra bem isso. Antes de entrarmos na escola de dança, o filme brinca com a oscilação de cores. Contudo, já nos corredores da escola e em outros elementos visuais que veríamos posteriormente, o vermelho se torna presente, transmitindo algo maligno, anormal. O uso do azul tende a ilustrar situações de segurança e calmaria, embora seja temporário e consequentemente subvertido. O mistério é inquietante e pleno, preparando cada momento de impacto de maneira gradual.
O cuidado com o design dos cenários e personagens contribui para um melhor fascínio visual, também. São elementos que, automaticamente, geram estranhamento, englobando uma análise ilógica e muito característica. Assim como essas personagens estão descobrindo os segredos gradualmente, fazemos parte dessa jornada com elas e nos impressionamos com essa nítida alteração de um ambiente para outro.
Nesse sentido, a trilha musical é arrepiante. Além de construir momentos com muito frenesi e transmitir sentimentos negativos, sua inserção está completamente intrínseca na história, brincando com os nossos sentidos. Pode-se dizer que é uma das mais memoráveis do cinema, seu ritmo alucinante só complementa essa experiência psicodélica e única.
O terror que choca
Justamente por ser um filme da década de 70, alguns efeitos práticos, por mais bem-intencionados que sejam, já soam artificiais. O que, claro, não isenta a criatividade em absolutamente cada morte realizada. Aliás, pode até parecer bobo, mas pode ter certeza que alguns jump-scare irão te pegar, e o melhor: eles são bem construídos.
É incrível como todas as mortes seguem uma antecipação rítmica, que mostra o claro perigo das situações e, por um momento, se acalma. São aqueles momentos naturalmente agoniantes, em que somos surpreendidos por um baque se prolonga, muitas vezes, de maneiras inimagináveis.
O filme é um “assustador feio”, que marca por suas circunstâncias e inventividade. Como esquecer do rosto espremido no vidro? Ou da excelente e imprevisível cena do cachorro? Tudo isso (e muito mais) traz vida para esse terror, pois sentimos aquela presença sombria, de fato; que age de diferentes maneiras físicas. É claro que a voz e presença de Helena Markos são extremamente memoráveis, porém, já a tememos apenas ouvindo seus suspiros.
E, embora o filme opte por soluções mais fáceis para pôr fim ao mistério, todo o ato final é arrepiante. Uma das partes mais desconfortáveis do filme é a sua gama de personagens questionáveis, que aparentam ser bondosos até demais e, através de uma descoberta, se mostram o oposto. É tão grotesco, que só de o personagem não fazer absolutamente nada já causa um afastamento natural do espectador.
Portanto, Suspiria é extremamente competente naquilo se propõe. Sua história é simples e a duração é econômica, mas é impressionante como cada minuto é bem-aproveitado, trazendo majestosos elementos sonoros e visuais para enriquecê-la. É um daqueles filmes que você nunca mais vai esquecer, pela jornada única que ele proporciona!