Dirigido por Luca Guadagnino, Suspiria, também chamado de A Dança do Medo, é o remake do clássico de terror de 1977. O longa recebeu aplausos e vaias em sua exibição no Festival de Veneza, tendo opiniões extremamente divergentes entre o público. Mas, afinal, como essa refilmagem lida com o original e o quão bem-executadas são suas atualizações?
No filme, Susie (Dakota Johnson), uma jovem bailarina americana, chega na prestigiada Markos Tanz Company. Se destacando logo em seu teste, com a orientação de Madame Blanc (Tilda Swinton), ela acaba fazendo amizade com Sara (Mia Goth), que compartilha com ela todas as suas suspeitas sobre a escola de dança.
Como Suspiria é diante do original?

Quando falamos do filme original, fica complicado pensar em qualquer tipo de experiência parecida que uma nova versão queira emular. Nem se o remake quisesse replicar aquela psicodelia audiovisual, ele conseguiria. Mas é interessante dizer que essa nunca foi a proposta desse filme, mas sim, promover um diferente tipo de viagem através da mesma história.
Sim, os mesmos elementos ainda estão aqui. A história parte do mesmo ponto e, até certo momento, segue por caminhos que já estamos cientes. Contudo, o filme é maior em duração e aproveita disso para aprofundar em aspectos que nem sempre o original fazia questão de mostrar um pouco mais. A própria solução do psicólogo investigar os mistérios da escola é mais cabível dentro do roteiro e faz sentido como descoberta desse desconhecido/bizarro.
E estamos lidando com uma escola de dança com bruxas e suas seguidoras, por que não mergulhar mais nisso, não é? A história trata as danças de maneira intrínseca, expressiva e desconcertante, flertando com movimentos ritualísticos e paralelos que te deixarão de boca aberta. Ao contrário do original, esse é um filme isento de cores, abordando um tom muito mais frio, sóbrio e real; já que o próprio período histórico demanda esse estilo.
Nesse sentido, o filme não perde seus pontuais momentos de euforia. Muitas vezes, os cortes da montagem intercalam entre duas ou mais situações que irão fazer parte de uma unidade, da qual, certamente, lhe incomodará. No entanto, há passagens que podem soar um tanto apáticas, dada às escolhas estéticas e narrativas repentinas.
Um novo caminho

Se antes tínhamos uma Susie por maior parte do tempo lúcida a respeito do que estava vivendo, agora temos uma completamente devota e com um propósito maior em meio a tudo isso. É interessante como todas ao seu redor fazem o possível para preservá-la, e nessa história ela não é um elemento que se vira contra o mal, mas faz parte dele.
As novas decisões fazem com que o elemento assustador seja presente durante a experiência. Não é só pelas cenas em que alguém está vigiando as personagens, mas até os diálogos que ouvimos sem necessariamente vê-los. Nesse sentido, quando o lado surreal é levado à outra proporção, temos escolhas realmente originais em relação à trama, que fecham perfeitamente aquilo que estava sendo levantado.
Agora, a grande amarração dos acontecimentos se deve a uma longa história de corrupção, acolhimento e limpeza (e, sinceramente, daria para encaixar esses elementos em uma franquia). Então, é interessante como o filme é conciso em suas ideias, aplicando elas de maneiras que faça essa história crescer e que a entendamos, fazendo parte de um universo singular; que em simultâneo pode ser horroroso e brincar com os nossos sentidos, mas também pode ser algo palpável e ”real”. Aliás, menção honrosa para o trabalho de maquiagem e a incrível Tilda Swinton, que interpreta três personagens diferentes.
Portanto, Suspiria jamais esquece de sua origem, mas não esquece de contar uma nova história. O filme raramente esquece seu tamanho e condiz com as próprias ideias, as executando com muita esquisitice, o que é ótimo. Qual você prefere? O clássico ou o remake? Deixe nos comentários!