Em uma manhã chuvosa de 1967, uma mulher corria entre os homens. Era Kathrine Switzer, uma jovem que estava decidida a finalizar a Maratona de Boston. Não haviam regras que vetavam a participação do sexo feminino nas corridas, mas a ideia de mulheres correrem por quilômetros era impensável. Mesmo assim, Kathrine se inscreveu, e ao utilizar as iniciais K. V. Switzer, passou despercebida até o dia da Maratona.
No início, os homens estavam dizendo “Olha só, é uma garota”, animados. Contudo, os fotógrafos se empolgaram ao presenciar a ocasião inédita, e foi isso que chamou a atenção de Jock Semple, um dos organizadores do evento, que decidiu partir para cima: “Um homem imenso, mostrando os dentes com raiva pra mim, antes que eu pudesse reagir me pegou pelos ombros e me empurrou, gritando “Saia da minha corrida e me dê seu número”, Switzer disse. Felizmente, a atleta conseguiu finalizar a prova em 4:20h, e se tornou a primeira mulher a correr uma maratona.
Tenho que terminar esta corrida, nem que seja para chegar de joelhos. Porque se eu não terminar, ninguém vai acreditar que as mulheres conseguem fazer isso. Ninguém vai acreditar que as mulheres devem estar aqui”.
Em 1972, as mulheres puderam oficialmente participar da maratona de Boston. Aos 70 anos, a esportista correu mais uma vez usando o número 261, e a Associação Atlética de Boston honrou seu ato decidindo que a numeração não seria oferecida a nenhuma outra atleta. Hoje, milhares de mulheres trilham o caminho antes pavimentado pela ex-maratonista, e ajudam a quebrar a barreira ainda existente do preconceito no mundo do esporte.