Dirigido por Jean-Pierre Jeunet e estrelado por Audrey Tautou, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é um dos grandes clássicos do cinema francês. Vencendo dezenove prêmios, incluindo: Melhor Filme Estrangeiro no Critics’ Choice Award 2002, e Melhor Design de Produção no BAFTA 2002, o longa é bastante reconhecido, tanto pelo público quanto pela crítica.
No filme, acompanhamos Amélie (Audrey Tautou), uma jovem que mora em Paris e trabalha em um café. Certo dia, ela encontra uma caixinha dentro de seu apartamento e decide procurar o dono. Então, a partir deste acontecimento, sua vida muda radicalmente.
A beleza de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Uma das coisas que tornam a experiência mais gostosa de assistir em Amélie, é exatamente ela. A forma brilhante com que Audrey Tautou transparece essa personagem, nos faz criar um vínculo único com ela, e isso fica evidente desde os primeiros minutos.
Porque, afinal, a personagem já é muito peculiar; então, a interpretação doce e natural de Tautou, nos afeiçoa à Amélie, e faz com que queiramos saber o rumo da tão atípica rotina e jornada desta personagem. Ela é completamente autêntica.
Então, o roteiro do filme é muito feliz quando vai detalhar o necessário para mergulharmos nessa proposta. Que, justamente, fala sobre como os menores detalhes da vida são os que tornarão ela mais divertida. Uma simples cena da Amélie quebrando a crosta do crème brûlée, ou apenas indo ao cinema para notar as reações do público, irão nos relacionar e deixar próximos daquilo.
A personagem está o tempo todo ajudando as pessoas, com seu estilo fofo e sincero de ser. É interessante a forma com que o filme quer dialogar com o espectador, mostrando como determinadas atitudes podem ter impacto na vida de alguém. E o filme não conta uma única história, ele faz questão de espiar várias ”mini-histórias” e torná-las suaves de se assistir.
Nesse sentido, cada personagem se destaca, cada acontecimento possui um efeito e, por menor que seja, o filme faz questão de dar atenção aos detalhes. Nós nos preocupamos, ficamos tristes e felizes. É hilária a forma com que assuntos adultos, e até trágicos, são retratados, já que tudo isso também se encaixa no tom leve e inocente. É inteligente.
A linguagem do filme
É quase impossível não ser conquistado com os primeiros dez minutos de filme. Tudo dito pelo narrador aparece freneticamente na tela sem soar apressado. São nesses momentos, onde notamos a excelência da montagem de Hervé Schneid, que, em meio à tanta coisa acontecendo, certamente estabelece um tipo de caos controlado.
A direção de Jean-Pierre Jeunet é simplesmente genial. Ele sempre mostra o que precisa mostrar, da forma mais genuína possível. A rapidez da câmera e os momentos de foco nas expressões deixam o ritmo do filme bem balanceado. Dessa forma, quando é para ser alucinante, ele é, mas, quando é para ser delicado e sensível, também é.
A fotografia de Bruno Delbonnel traz vida ao filme. É extraordinária a forma com que as cores se comunicam através da tela, principalmente o vermelho e o verde. Além da ótima maneira como somos ambientados e passeamos por Paris, o visual nos conforta e faz comprar o encanto desse mundo. Assim, o visual é um dos grandes destaques da experiência.
E o filme nunca esconde seu abraço ao lúdico, afinal, existe: quebras da quarte parede, acelerações no que está acontecendo, objetos inanimados que falam e idealizações sendo personificadas. E tudo isso, é extremamente bem-vindo, faz parte da identidade do filme.
Portanto, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é uma experiência única. Mesmo prestes a completar 21 anos de lançamento, o estilo próprio e as mensagens do filme não envelheceram um dia sequer. É aquele filme original, que nos cativa e tem a incrível capacidade de nos criar a vontade de viver nele!