George Orwell é um dos maiores nomes literários quando o assunto é distopia política. O autor de A Revolução dos Bichos e 1984 se tornou popular por trazer obras reflexivas sobre a sociedade em diversas questões. O livro 1984 — o qual resenharemos aqui — é sua última e mais conhecida obra. Foi adaptada para aos cinemas no ano de 1984 em um filme dirigido por Michael Radford e estrelado por John Hurt.
No livro seguimos a história de Winston, um homem que vive em uma Londres totalitária e completamente dominada pelo Estado, onde todos vivem em um sistema coletivo, mas, ao mesmo tempo, estão sempre sozinhos. No mundo imaginado por Orwell, ninguém escapa da vigilância do Grande Irmão; pensar e refletir pode ser um crime, relacionamentos afetivos é um erro, evoluir como sociedade um pecado.
Essa premissa assustadora, publicada no ano de 1949, mostra de forma arbitrária que se trata de um futuro perigosamente próximo aos dias atuais. Mesmo que em alguns momentos o autor nos leve a entender que se trata de uma crítica aos governos nazifascistas da Europa da década em que foi lançado, às vezes, nos faz pensar muito no sistema comunista da antiga União Soviética. É uma questão de interpretação que, de todas as formas, nos faz pensar nos perigos de um governo totalitário que age contra os diretos de escolha, do livre arbítrio e com censura agressiva.
A leitura de 1984, conta com uma trama sombria, crua e assustadora, em alguns momentos, perturbadora. Isso graças a excelente escrita imersiva de George Orwell, que nos leva a questionar a sociedade em que estamos vivendo. No mundo, hoje, diversos países — incluindo o Brasil — apresentam o crescimento de governos que se assemelham e, por vezes, se adepta, ao fascismo. O livro de George Orwell, embora dependa algumas vezes da compreensão do leitor, é um exemplo exposto do mal que o fascismo pode causar a uma sociedade.
O fascismo é uma doença social baseada no totalitarismo e no controle das ideias através do ponto de vista do governo. O livro de Orwell mostra a dimensão dos perigos que isso pode trazer à sociedade, e, infelizmente, temos vistos muito disso atualmente, o que torna esta leitura ainda mais assustadora e necessária.
O autor ainda encontra tempo para trazer um romance que torna a trama ainda mais tensa, visto que o amor é um crime de Estado e o Grande Irmão está sempre de olho em tudo. Com isso, é bem difícil parar de ler. O tom cruel e cômico que o livro carrega, é muito curioso. Você nunca sabe o que esperar, ou em quem confiar, e como vemos tudo no ponto de vista do protagonista, a leitura se torna muito imersiva.
No entanto, essa imersão traz inúmeras perguntas ao leitor, já que vemos muito pouco do mundo pela visão do protagonista e, infelizmente, muitas dessas dúvidas não são respondidas, o que estraga um pouco a expectativa quando se chega ao final do livro, mas isso não tira tantos méritos da obra.
1984 é um livro caótico, mas essencial, ainda mais atualmente com os crescentes casos de movimentos políticos fascistas e, também, os infelizes movimentos neonazistas. O livro traz uma poderosa reflexão e um alerta, mesmo se tratando de uma distopia ficcional, sobre os excessos delirantes de totalitarismos, do fanatismo e da imposição do medo para controle e da censura, fatores perfeitamente possíveis e reais.
A nova edição da obra, lançada pela Biblioteca Azul, contém uma das capas mais bonitas já lançadas, além de dois pôsteres exclusivos e uma excelente tradução que torna ainda mais envolvente a leitura deste grande clássico da literatura mundial.