Publicado originalmente em 1999, As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky, é um livro repleto de temas importantes e pouco abordados durante a nossa adolescência. A obra fora adaptada em 2012 em um filme homônimo dirigido pelo próprio Stephen Chbosky e estrelado por Emma Watson, Logan Lerman e Ezra Miller.
Narrado na primeira pessoa por um adolescente que se autodenomina “Charlie”, a trama acompanha diversas cenas da vida do rapaz através de cartas escritas por ele a uma pessoa anônima — neste caso, nós leitores. Ao longo de toda a trama, não sabemos a real identidade de Charlie, mas isso não torna as cartas menos sentimentais e importantes, nos fazendo sentir profundamente cada palavra escrita por Charlie.
A obra aborda temas importantes vivenciados por muitos jovens, porém pouco discutidos como sexualidade, uso de drogas, introversão e, até mesmo, suicídio, numa tentativa de alertar a todos sobre a necessidade de discutir abertamente estes assuntos e deixar claro que eles existem e que as pessoas que os enfrentam podem (e devem) procurar ajuda para superá-los para que tudo floresça na vida de cada ser que passou por alguma dificuldade em sua vida.
Além disso, ao longo da história são citadas diversas obras de cinema, literatura, música e da cultura pop que têm seus significados explicados e aplicados ao que é vivido por Charlie.
Stephen Chbosky se inspirou em diversas lembranças de sua juventude para dar vida às cartas de Charlie. Esse cuidado em usar vivências pessoais para a história, torna-a mais íntima e ajuda a estabelecer um forte laço entre o protagonista e o leitor, que “recebe” cada carta enviada por ele. No fundo, acabamos com a sensação de estarmos recebendo as cartas de um amigo muito próximo e desejando fazer o possível para ajudar Charlie, além de nos colocar no lugar dele em diversos problemas que relata em diversos momentos.
Ao longo das cartas de Charlie, vemos questões importantes e que passam despercebidas como a estranha necessidade dos pais desejarem ter filhos para possam ser mostrados como troféus aos familiares e conhecidos, seja por suas notas escolares ou por saberem que têm um filho que pode finalmente seguir o caminho que eles sempre quiseram e não puderem; quando, na verdade, os jovens só desejam viver por eles mesmos e traçar seu próprio caminho. Atitudes simples, mas impactantes como essa, tornam os jovens “invisíveis”, incapazes de reconhecer o seu papel no meio de outras pessoas e, até mesmo, incapazes de ver sentido na própria vida; os deixam introvertidos, sem nenhuma autoconfiança, impedidos de perceber que possuem algo de especial a ser explorado e reconhecido.
Chbosky consegue nos emocionar através de algumas das cartas de Charlie, e nos faz pensar em diversos momentos sobre os acontecimentos vivenciados pelo protagonista. Algumas das cartas enviadas possuem menos de uma página, enquanto outras chegam a ter algumas páginas de extensão, mas independente do tamanho de cada carta, ficamos aflitos e inquietos para ler a próxima carta, para vermos o que Charlie há de nos contar, mas acima de tudo, para termos a certeza de que ficará tudo bem na vida de Charlie e que possamos vê-lo florescer e encontrar significado para sua vida. E o desfecho de toda essa história, podemos ver na última carta enviada por Chalie vinte anos depois.
Precisamos deixar algo claro, As Vantagens de Ser Invisível é uma obra “teen”, por este motivo pode não agradar aos mais ávidos e seletos leitores. Mas saiba que, apesar de ser voltada para o público jovem, a obra aborda temas importantes de forma não convencional através das cartas de Charlie, e a escrita de Stephen Chbosky é impecável, deixando claro sua necessidade de criar uma história cativante, abordando assuntos de grande importância e que pode ser desfrutada por leitores de todas as idades.