Obras que abordam viagens no tempo geram fascínio em qualquer mídia em que seja lançada. Com esse conceito tão famoso na cultura pop o gênio da ficção científica Isaac Asimov escreveu, na década de 1950, o conceituado livro O Fim da Eternidade que viria a se tornar uma das maiores obras de viagens no tempo e do scifi em geral.
O livro conta a história de Andrew Harlan um membro de uma organização que monitora e controla o tempo, conhecida como Eternidade. Em seu cargo de Técnico, cuja função é iniciar Mudanças de Realidade que altera o curso da história, Harlan lida com o destino de bilhões de pessoas. Porém, as coisas começaram a mudar na vida de Harlan quando ele conhece Noÿs Lambent, uma atraente mulher que abala suas estruturas e o apresenta um sentimento desconhecido por ele: o amor. Agora ele terá de arriscar seu emprego, sua vida e até mesmo o curso da história para poder manter essa mulher a salvo.
Escrito na década de 1950, o Bom Doutor criou uma das mais inteligentes e bem amarradas tramas da ficção científica sobre viagens no tempo. O livro sofreu, claramente, a influência da Guerra Fria que dominava discussões políticas no período e trouxe discussões presentes em sua história, colocando o medo da ameaça nuclear e o terror atômico como peças importantes para a trajetória da humanidade nos diversos futuros imaginados pelo autor.
No entanto O Fim da Eternidade não se prende somente a isso. A história se desenvolve com questões pertinentes sobre livre-arbítrio como: vale a pena interferir em qualquer coisa para garantir que a humanidade seja salva? O quanto é viável e justo querer que o mundo seja perfeito? No livro, o objetivo dos “eternos” (membros da Eternidade) é alterar a realidade para que a vida seja melhor, mesmo que hajam sacrifícios para cada decisão. Por exemplo, imagine que um ônibus com 50 crianças irá sofrer um acidente e todas morrerão, mas se o trajeto for alterado, 5 pessoas irão morrer. Vale sacrificar a vida dessas 5 pessoas para salvar 50 crianças? Essa mesma discussão pode envolver sacrificar milhares para salvar milhões. O conceito científico da Teoria do Caos é profundamente abordado na história.
Estes pontos são todos elaborados de forma genial e melhoram a cada novo capítulo, causando curiosidade e interesse crescente em toda nova subtrama da história, com um dos melhores desfechos que você lerá na vida. E fechar, Asimov traz outro assunto que melhora ainda mais o enredo do livro, a maior força e fraqueza da humanidade, capaz de mudar convicções e mover montanhas: o amor. Toda a motivação e questionamentos do protagonista partem do momento em que o mesmo se apaixona por uma mulher cujo o destino é inexistente. É o combustível que a trama precisa para prender a atenção do leitor.
O Fim da Eternidade é uma obra de ficção científica com uma construção de mundo genial, que aborda diversas reflexões importantes, como o poder da decisão das pessoas, em uma trama repleta de reviravoltas e discussões de explodirem a cabeça, abordando diversos pontos científicos como o Efeito Borboleta e a Teoria de Bootstrap, ao mesmo tempo em que é uma profunda e bela história de amor.
