Cada vez mais a Netflix tem distribuído novas séries de animê em seu catálogo. A variedade de histórias e os diferentes estilos de animações, são um buffet livre para os fãs otakus que curtem mergulhar em histórias diferentes. No entanto, nem sempre as expectativas são supridas. Com tantas histórias, é de se esperar que algumas gerem hype logo quando são anunciadas, como a série de animê baseada no lendário Yasuke, considerado o primeiro samurai negro.
A série Yasuke conta a história de um samurai negro em um mundo fantástico, particularmente no Japão feudal devastado pela guerra, que, após perder vergonhosamente uma batalha contra as forças inimigas e ser traído pelos seus companheiros, recebe ordens de seu comandante para matá-lo, o que resulta em seu exílio.
Yasuke, agora conhecido por Yassan, passa a trabalhar como barqueiro em uma pacata aldeia. Até o momento em que uma mulher chamada Ichika, pede sua ajuda para levar a jovem Saki até um médico em uma aldeia que fica a uma longa distância. Tudo estava bem, até que mercenários os atacam na tentativa de sequestrar Saki, pois a mesma possuía uma fonte poderosa de poder.
No momento em que a série foi anunciada, cresceu um grande hype entre os fãs de animês pela internet, já que se trataria de uma história baseada no lendário samurai Yasuke e muitos acreditaram que seria uma adaptação histórica. Porém, a série se tratava de um mundo fantástico e super tecnológico, algo que não atendeu as expectativas dos espectadores, o que de primeira vista tirou um pouco a atenção da história.
Não que essa mistura do futurismo, magia e Japão Feudal não combinem, pois, de fato é uma ideia maravilhosa, aliás, esse é um ponto muito positivo para o worldbuiding da série, mas não funcionou muito bem aqui. Além disso, a trilha sonora também destoou um pouco da proposta. Mesmo que as tecnologias futuristas e a magia existam, a ambientação da série ainda é o Japão Feudal, no entanto, a trilha sonora consiste em um teclado synthwave que pouco emociona, seja nos momentos de drama, nos combates ou nos momentos heroicos. Para uma animação funcionar, é essencial que a trilha sonora capite os sentimentos do momento exposto, e isso não acontece aqui.
Os problemas não terminam por aí. A série possui uma trama super simples e bastante conhecida na cultura pop: o herói que se obriga a proteger uma criança que corre perigo pelo mundo. Vimos isso em Mandalorian, Logan, The Last of Us, Lobo Solitário e tantas outras obras literárias e do audiovisual que fazem com que esse tipo de narrativa se torne cansativo. E para piorar, as coisas acontecem sem muita explicação de forma muito corrida, fazendo com que dificilmente o espectador se sinta imerso na história.
Mas há pontos positivos. A excelente animação do estúdio Mappa, que usa muito dos efeitos em 2D com alguns momentos em 3D, dá muita qualidade à animação, e traz combates incríveis e em alguns momentos bastante violentos e, é muito bonito todo o trabalho dos movimentos e dos traços dos personagens, além da distribuição de cores no cenário.
Os personagens que também são bem legais, principalmente o protagonista e os vilões, e anti-heróis que aparecem no decorrer da trama. Estes possuem visuais bem trabalhados e a forma como foi distribuído seus poderes que dá a entender que o mundo é muito maior do que apenas o Japão, é um ponto bastante positivo do animê. No entanto, boa parte destes personagens e os demais, são pouco aprofundados, o que dificulta com que o espectador se sinta familiarizado com tais.
A qualidade dos personagens também deve ser lembrada pelo excelente time de dubladores no áudio original, que conta com nomes conhecidos como Lakeith Stanfield, Takehiro Hira, Ming-Na Wen e Maya Tanida, entre outros que fazem um ótimo trabalho.
Yasuke é uma série que possuía muito potencial para contar uma boa história de fantasia, ou no contexto histórico do lendário samurai, mas a forma como é contada a história e alguns problemas na produção, pesam na hora de assistir, fazendo com que os seis episódios se tornem cansativos e pouco divertidos. Infelizmente, os diretores LeSean Thomas e Takeru Satō, não conseguiram entregar uma série como esperávamos e que não foi nem um pouco surpreendente em quase nada.