O mundo ficou mais triste com o falecimento de Chadwick Boseman em agosto de 2020. A aparição do Pantera Negra em Capitão América: Guerra Civil abriu espaço para o que seria um dos melhores filmes solo da Marvel, bem como o mais relevante em temáticas sociais e representatividade. Assim, rapidamente Boseman se instaurou no imaginário popular com a figura do Pantera Negra, junto da icônica frase ”Wakanda Para Sempre!” e a pose que a acompanha. E todo mundo queria ver mais dele.
Dessa forma, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre chega aos cinemas com a missão de honrar o legado de Chadwick Boseman e passar o manto do personagem, mais uma vez, sob a direção de Ryan Coogler. Então, surge aquela dúvida: como irão fazer isso?
No filme, a morte do rei T’Challa (Chadwick Boseman) deixa Wakanda fragilizada, sofrendo uma grande pressão internacional para que o país divida suas reservas do vibranium. A mãe de T’Challa, Ramonda (Angela Bassett), assume o papel de rainha de Wakanda, e Shuri (Letitia Wright) passa por conflitos que irão definir sua jornada.
O tributo em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
A inesperada morte do ator influencia nesta sequência em sua totalidade. Sendo assim, a escolha de mesclarem a realidade com a ficção e, principalmente, não reescalarem outra pessoa para o papel de T’Challa, faz com que o respeito à sua imagem prevaleça. A cerimônia de despedida do personagem utiliza de seus elementos culturais para gerar emoção desde os primeiros 10 minutos. Pois, enquanto esta perda é dolorosa, os próprios wakandianos seguem a crença de que a morte não é o fim, deixando o momento como um rito de passagem.
Logo na abertura da Marvel Studios já temos uma homenagem, em um momento de silêncio. O elenco também transparece verdade quando os personagens tocam no assunto, exibindo essas emoções com veracidade, porque, mais uma vez, isso ultrapassa a linha da ficção. Esse acontecimento perdura por toda a trama, sendo responsável pelas novas ideias e alma que cercam e movimentam esta história. Muitas vezes, os momentos mais silenciosos, onde os personagens não dizem nada, sabemos exatamente o que eles estão pensando e o que querem dizer.
Nesse sentido, o tributo do filme a Chadwick Boseman é honroso e irá te emocionar. Em muitos momentos paramos para pensar que isso realmente aconteceu e que estamos vendo um filme sem essa presença física. Mas sua presença simbólica é intrínseca na narrativa, transmitindo os sentimentos mais dolorosos a quem assiste pelo luto de Chadwick, enquanto também valoriza e celebra o que veio antes, utilizando flashbacks e bons momentos para recordação.
A direção de Ryan Coogler segue o padrão contínuo de suas filmagens, também impactando nas cenas de ação e as trazendo para perto de nós. O desvanecer entre uma cena e outra e a montagem, que muitas vezes mistura o que está acontecendo com o que vai acontecer e o que já aconteceu, também ajudam na identidade visual do filme.
Um filme maduro
Todos estão abalados com o que aconteceu, sendo assim, na maior grande parte do filme existe um ar de desesperança, em que nada vai melhorar. Quanto mais a história anda, mais as nossas figuras principais vão ficando fragilizadas, até um ponto em que isso se escalona a uma situação onde algo precisa ser feito para impedir que seja o verdadeiro fim. E quando as coisas vão tomando forma, percebemos como esse filme fala sobre resistência e reconstrução. Contudo, a história tem algumas soluções fáceis e, talvez, até abruptas, principalmente no ato final.
Os personagens são os pontos altos e os baixos também. A Shuri não é mais um alívio cômico, sua jornada agora é mais madura e traz decisões conflitantes depois de tudo o que ela passou. Seu design final é perfeito, e complementa uma espécie de arco de origem onde temas como vingança e nobreza vêm à tona. Okoye também possui mais aprofundamento, muito por suas atitudes passadas gerarem uma certa culpa agora. Mas devemos dizer, personagens como: Everett, M’Baku e Val parecem destoar do que está acontecendo, a própria Riri Williams é apenas um pretexto que em algum momento desaparece.
O Namor é mais um vilão fascinante, possuindo motivações e princípios de fácil compreensão, que fará de tudo para alcançá-los. Além de seu visual, sua origem e universo apresentados são riquíssimos, trazendo mais uma faceta para esse mundo. Ele equilibra entre ser odiosa e uma boa pessoa em simultâneo. Além disso, seu exército subaquático tem presença em cena, despertando medo e proporcionando uma imprevisibilidade absurda.
Portanto, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre possui excelentes ideias decorrentes do primeiro filme, trazendo uma nova roupagem acompanhada de temas tão importantes. E isso não ofusca a linda homenagem feita a Chadwick Boseman, pois esse filme é sobre ele e como sua imagem continuará sendo mantida; mesmo que o manto passe e a história prossiga para diferentes caminhos.