Com certeza, antes de ler este artigo, você estava pensando em como gostaria que a pandemia do Covid-19 nunca tivesse acontecido. Você também deve ter desejado que ela nunca tivesse existido e que tudo tivesse seguido conforme os planos, não é?
Mas então… Será que teve uma pandemia pior que a do coronavírus antes? Como a doença era? Quantas pessoas morreram? Como essa outra pandemia acabou?
Estamos no século XIV, e a bactéria Yersina Persis viajou da Ásia para a Europa, pegando carona em intestinos de pulgas que eram devoradas por ratos, animais que estavam por toda a parte na época. No momento em que os navios chegavam no Mediterrâneo, os roedores se dispersavam pelos portos. Estava tudo até que bem — se é que se pode dizer isso—, no início, quando a disseminação era contida nas áreas costeiras, mas assim que a propagação pelo ar surgiu, não demorou nada para que se espalhasse entre os humanos.
Febre alta, tosse com sangue, dor de cabeça, vômitos, náuseas, calafrios, falta de apetite e cansaço extremo eram somente alguns dos sintomas da doença. Na versão septicêmica, a pior dos três tipos — bubônica, pneumônica e septicêmica —, ocorre necrose, ou seja, morte do tecido de alguns membros do corpo, como mãos e pés, deixando a pele enegrecida. Por conta disso, a doença foi nomeada como peste negra.
Para piorar a situação, a peste negra matava rapidamente suas vítimas, que muitas vezes nem conseguiam se despedir dos entes queridos. A situação chegou ao ponto de que era dito que não havia vivos suficientes para enterrar os mortos. Estima-se que a pandemia matou 200 milhões de pessoas, pelo menos um terço da Europa na época.
Sem saber o que fazer, a população passou a tentar entender o que tinha acontecido e formulou algumas teorias, que envolviam todo tipo de coisa: ciganos, mendigos e até envenenamento de águas pelos judeus. Tudo isso no desespero de encontrar uma razão para tanto sofrimento.
Como a peste negra sumiu?
Nos dias de hoje, estudiosos ainda procuram entender como a peste bubônica desapareceu… A hipótese mais popular é de que a doença sumiu após melhoras na saúde e higiene pública. Até a Idade Média, era comum excrementos serem descartados em vias públicas por meio de baldes, e as pessoas não costumavam tomar banho de maneira regular como nós tomamos hoje, pois a água era algo escasso, visto que os sistemas de encanamento nem sequer existiam. Tomar banho era quase um luxo.
Quando as cidadelas da Idade Média começaram a ser limpas, e a população passou a ter mais senso de higiene pessoal, a peste negra passou a diminuir de circulação. Outra questão que contribuiu muito foram as quarentenas, em que as pessoas evitavam circular na vizinhança, saindo somente quando necessário. Os ricos passaram a morar em regiões afastadas, praticando o isolamento.
No presente, a peste bubônica se encontra radicada, mas alguns casos ainda são registrados e noticiados pela mídia. Em 2019, a Mongólia registrou o caso de um casal que foi infectado ao esfolar e comer uma lebre. É importante lembrar que apesar da doença ter dizimado milhões com os ratos, outros animais selvagens também podem conter a bactéria e infectar humanos.
Mas não precisa se preocupar! A ciência e a medicina evoluíram ao longo dos séculos, e na atualidade a peste negra consegue ser identificada de maneira rápida, e tratada com certos medicamentos. Quanto mais cedo o infectado procurar uma unidade médica, menos chances o paciente tem de chegar a um estado grave.
E aí, você já tinha ouvido falar dessa pandemia?
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Fontes: Aventuras na História, Veja Saúde, Super Interessante