Robert Jackson Bennett é o responsável por uma das obras mais interessantes na literatura fantástica moderna. O Universo dos Fundadores, criado pelo autor, é deslumbrante e merece ser conhecido.
O autor criou uma história que mescla o Cyberpunk com Era Vitoriana, em um mundo onde a magia é extremamente única, com personagens muito interessantes. Além disso, a história é um grande presente para os fãs de ficção científica e fantasia.
Então, nós, do Código Nerd, vamos apresentar este universo para vocês, leitores. Não se preocupe, o texto não contém spoilers que possam afetar sua experiência da leitura.
A história do Universo dos Fundadores
A história dos livros, publicados no Brasil pela Editora Morro Branco, se passa em Tevanne, uma cidade controlada por casas comerciais que controlam a magia.
Sancia Grado, a protagonista do livro, é uma ladra contratada para roubar um objeto de uma das casas. Ela descobre que o objeto é muito mais perigoso do que imaginava, então, se une a um grupo de improváveis aliados para tentar impedir que o objeto caia nas mãos erradas.
O mundo é uma mistura de fantasia e ficção científica, se assemelha ao Cyberpunk, com casas comerciais que lembram grandes corporações. No entanto, também possui um visual que remete a Era Vitoriana e ao Steampunk.
Logo, alusões sobre os problemas causados pelo capitalismo e iniciativas privadas, escravidão e preconceitos são pontos bastante abordados na história. Assim como em outras obras dos gêneros citados acima.
Além disso, a magia é muito presente, embora haja explicações “científicas” que explicam o funcionamento da mesma.
Magia e tecnologia
Uma das coisas mais interessantes no universo de Robert Bennett é como a magia e a tecnologia estão intimamente ligadas.
Neste mundo, a magia existe há muito tempo. No entanto, é possível controlá-la por meio de objetos inscritos. Estes objetos recebem códigos que fazem-no acreditar que é algo que ele não é. Por exemplo, um objeto inscrito para ser uma lanterna. Ele não é uma lanterna, mas sua inscrição o faz acreditar que é. Assim, o sistema de magia e tecnologia nos remete a códigos de programação.
Quem fábrica estes objetos deve escrever os códigos para torná-los o que são. Então, vemos um dos sistemas de magias mais originais dos últimos tempos.
Além disso, há coisas obscuras que ainda serão melhor exploradas até o final da trilogia. Vale lembrar que apenas os dois primeiros volumes (Foundryside e Shorefall) foram publicados no Brasil até o momento de publicação deste artigo.
Nestes dois primeiros volumes, aprendemos que as inscrições são muito mais do que parecem, e abraçam diversas possibilidades, como a inscrição em humanos por meio de uma placa instalada na cabeça.
Política e a luta de classes
A magia no livro, no entanto, é utilizada para movimentar a economia, visto que os objetos inscritos são de alto valor.
Logo, as casas comerciais detém os meios de produção de tais objetos. Com isso, há uma grande desigualdade entre os cidadãos de Tevanne e de outras partes do mundo.
Com isso, Robert Jackson Bennett faz uma grande crítica ao capitalismo e utiliza a luta de classes como motor para mover a história. Assim, a Trilogia dos Fundadores se torna algo muito maior do que uma história de fantasia qualquer.
Além disso, o autor aborda outros temas importantes, como discussões sobre identidade de gênero, reflexões sobre o peso de nossas próprias escolhas e a dificuldade de lidar com elas.
O universo dos Fundadores é, contudo, uma grande história que reflete discussões presentes na realidade.
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Os dois primeiros livros da Trilogia Fundadores, estão disponíveis para compra nas principais lojas do país. Ambas as edições são excelentes, com capas bonitas e ótimo acabamento, perfeito para ter na estante.
O terceiro livro da trilogia, intitulado Locklands, será lançado no Brasil pela Editora Morro Branco ainda em 2023.