Quando pensamos em cinema brasileiro, algumas obras e histórias são sempre lembradas. Como não ficar eternamente marcado pela vida de Buscapé em Cidade de Deus? Como esquecer das mentiras de Chicó em O Auto da Compadecida? Ou não se emocionar com a jornada de Dora em Central do Brasil? E como não gargalhar com a Dona Hermínia do eterno Paulo Gustavo?
Mas, e o resto? São mais de 100 filmes lançados todos os anos no Brasil, por realizadores que dão suor e lágrimas para entregar uma obra que quase ninguém vai assistir. Precisamos valorizar mais a nossa arte e parar de reproduzir aquele famoso pensamento de que os filmes nacionais não são bons.
O cinema brasileiro é nosso patrimônio, repleto das mais diversas representações da nossa vida e cotidiano. Nele, podemos assistir desde filmes de terror, até animações e musicais. Então, listamos aqui 5 obras para te introduzir em um outro cinema brasileiro, diferente das grandes comédias ou dos clássicos que nós sempre costumamos discutir, mas que nem por isso deixam de ser incríveis.
O Cheiro do Ralo
O Cheiro do Ralo é uma genial adaptação realizada pelo diretor Heitor Dhalia, que se baseia no igualmente genial livro homônimo de Lourenço Mutarelli. É um filme que fala sobre as obsessões de um proprietário de uma loja de penhores, um sujeito perverso e maléfico, cujas ações e pensamentos parecem beirar o surreal por diversas vezes.
No entanto, quando realmente paramos para refletir, os atos desse protagonista representam o que existe de mais real no mundo contemporâneo: a sujeira, o nojo e a corrupção.
Quando eu Era Vivo
Aqueles que amaram o sublime terror psicológico de Hereditário, dirigido por Ari Aster e lançado em 2018, podem perceber nessa obra uma certa semelhança que os agrade. Nesse atípico filme de 2014 é possível encontrar a mesma atmosfera de espiritualidade e possessão presente no filme americano, além de uma narrativa que também surge a partir de problemas familiares e maternos.
Um dos pontos interessantes da obra é a presença da cantora Sandy, cuja atuação foi um destaque para alguns e um desastre para outros. Para descobrir de que lado você está, basta assistir.
Tito e os Pássaros
Se já existe uma dificuldade colossal em produzir filmes live-action no Brasil, imagine tentar fazer um filme animado. Para que um longa de animação seja executado com o mínimo de primor, é necessária uma equipe altamente treinada por trás, disposta a trabalhar numerosas horas para fazer personagens e cenários estáticos entrarem em movimento.
É por isso que devemos evidenciar um projeto tão incrível como Tito e os Pássaros, que mesmo diante de tamanha dificuldade, ainda entrega uma obra original, esteticamente linda e com uma história extraordinária sobre o medo.
Sinfonia da Necrópole
Se existe um gênero controverso no cinema, esse gênero é o musical. Existem tanto aqueles que amam, quanto aqueles que odeiam, incapazes de compreender como alguém pode começar a cantar do nada sem isso parecer idiota ou anormal.
Então, imagine assistir a um filme que, além de ser um musical contemporâneo em cenário nacional, também se passa em um cemitério com coveiros e defuntos cantores. Esse é Sinfonia da Necrópole, uma história cômica sobre o amor e a morte, cuja narrativa se desenvolve através de belos momentos cantados.
Compasso de Espera
Essa obra é definitivamente a mais relevante de toda a lista. Não apenas pela qualidade que possui, mas pelo caráter social sob o qual se desenvolve. Compasso de Espera nos apresenta um protagonista negro, militante, intelectual, atuante na luta racial e envolto em incertezas. É um filme que retrata o problema da discriminação no Brasil com impressionante profundidade, demonstrando com maestria o racismo estrutural do país, em pleno ano de 1973.
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E aí, se interessou ou já assistiu algum? Conhece outros? Conta para gente aí nos comentários!