Hoje iremos falar sobre um dos casos mais conhecidos dos EUA que que permanece até hoje sem solução: O Zodíaco. Esse é um dos casos mais famosos sobre serial killers. Ele agiu durante anos na Califórnia, escreveu cartas para jornais, provocou a polícia e nunca foi identificado.
Atenção, o texto a seguir irá conter descrições impactantes. Não recomendado para leitores sensíveis.
Iremos começar falando sobre as vítimas do Zodíaco:
30 de outubro de 1966
Tudo começou quando Cheri Jo Bates, de 18 anos, decidiu ir à biblioteca da Riverside City College, localizada na Califórnia, para estudar. Pouco depois das 16h30, deixou um bilhete para o pai, pregado na geladeira dizendo onde estaria. Às 17h, Joseph Bates, chegou em casa e não viu o carro da sua filha — um fusca —, entrou, encontrou o bilhete e não se preocupou mais.
Cheri Jo ficou passou várias horas na biblioteca, e nesse meio tempo alguém desconectou o distribuidor do carro. Então às 21h ela resolveu voltar para a casa, tentou ligar o seu carro sem sucesso. Tentou inúmeras vezes, até um gentil homem oferecer-lhe carona até a sua casa. Ela aceitou. Caminhando em direção ao carro do homem ele de repente a agarrou, tapou sua boca e colocou uma faca em sua garganta. Desesperada, ela tentava gritar, fugir, atacando seu agressor como podia, e até arranhando seu rosto. O criminoso cortou a jugular de Cheri e a menina fora praticamente decapitada e depois esfaqueada 42 vezes, sete delas na garganta. No ataque, o assassino perdeu seu relógio. Dias depois, a polícia recebeu uma carta de confissão anônima, escrita em uma máquina de escrever, o que contribuiu para nunca identificarem o responsável pela carta, e pelo crime.
Seis meses depois, o Riverside Press-Enterprise publicou um artigo sobre o caso. No dia seguinte à publicação, a polícia, Joseph Bates e o jornal receberam cartas do suposto assassino. Anos depois, seria feita a correlação desse caso com os do criminoso conhecido por Zodíaco, mas até hoje muitos não acham que tenha sido ele o verdadeiro assassino.
20 de dezembro de 1968
Esta é a data do primeiro ataque do Zodíaco em Valejo, Califórnia. David Arthur Faraday, de 17 anos, marcou um encontro com Betty Lou Jensen, de 16 anos, foram de carro para um local chamado Lover’s Lane, conhecido como um ponto de namoro da região, localizado nas proximidades do Lago Herman. E entre 22h15 e 23h foram ouvidos barulhos de tiros no local.
Um homem parou ao lado da janela de Bety e ordenou que o casal saísse do carro, mas eles se negaram, e diante da recusa o desconhecido sacou uma arma, foi até a janela de trás e atirou no vidro. Bety Lou, apavorada, abriu a porta para descer, mas David não teve tempo para fazer o mesmo. Antes que pudesse sair, o assassino atirou em sua cabeça. Bety então saiu correndo na tentativa de se salvar, mas o homem atirou cinco vezes em suas costas.
David continuava vivo e sangrando, mas o assassino os deixou ali mesmo. Minutos depois, uma senhora, Stella Borges, que passava de carro chamou a polícia. Betty Lou estava morta e David chegou ainda com vida no hospital de Vallejo, mas não resistiu e faleceu logo depois.
4 de julho de 1969
Darlene Ferrin, de 22 anos, e Michael Mageau, de 19 anos, saíram para ir ao cinema, no caminho perceberam que estavam sendo seguidos, Darlene — quem estava dirigindo— aumentou a velocidade.
De repente estavam na Columbus Parkway, na mesma direção do Lago Herman. As luzes do outro carro cegavam os dois, mas mesmo assim Michael pôde ver o homem carregando uma lanterna e vindo em sua direção. A janela do seu lado estava aberta e ele ouviu tiros serem disparados. Viu Darlene tombar no volante, ela fora atingida 5 vezes pelos disparos, alguns atravessaram o corpo dela atingindo Michael. O assassino voltava para o carro quando ouviu os gemidos de dor de Michael, então ele voltou novamente e atirou mais duas vezes.
Três adolescentes que passavam por lá, viram as vítimas e ligaram para a polícia. O policial Richard Hoffman e o Sargento Conway já estavam no local quando a ambulância chegou. Darlene foi declarada morta às 00h38. E às 00h40, o Departamento de Polícia de Vallejo recebeu uma ligação telefônica. Uma voz calma, do outro lado da linha reportou um duplo homicídio, deu a localização dos corpos, e descreveu a arma que foi usada no crime; informações que apenas o assassino e a polícia poderiam saber, e o mesmo indivíduo ainda informou que a mesma arma fora usada no assassinato de David Arthur Faraday e Betty Lou Jensen, que aconteceu no ano anterior. A ligação foi feita por um telefone púbico, isso dificultou a investigação.
Michael Magoar foi operado e sobreviveu. Depois ele passou várias versões do ocorrido, descrevendo o carro do agressor de cor marrom — provavelmente um Convair.
Depois disso, ele passou a se esconder e a polícia achou que era por medo do assassino o encontrar e tentar tirar sua vida novamente.
27 de setembro de 1969
Cecília Sheperd e Bryan Hartnell, outro casal que foi assassinado pelo Zodíaco, desta vez a facadas. Bryan foi esfaqueado seis vezes nas costas. Cecília foi esfaqueada dez vezes, cinco nas costas e cinco na frente.
O assassino deixou todos os pertences das vítimas, para que todos pudessem notar que não foi um assalto, e sim, uma execução. Ainda escreveu na porta do carro: “vallejo 12-1068-8-4-69 sept 27- 69- 6:30 by knife”
Cecília Sheperd morreu em 28 de setembro por conta dos ferimentos sofridos. Bryan sobreviveu e hoje é advogado.
As cartas do Zodíaco
Durante os seus anos de atividade, o Zodíaco manteve contato por meio de 21 cartas e postais que foram divulgadas posteriormente. Suas cartas sempre tinham um tom de zombaria e provocação, e notava-se que ele era um homem inteligente e brilhante.
O seu prazer era ver as investigações andarem em círculos, sem chegar a lugar algum. Suas cartas eram formadas por símbolos e códigos criptografados, e sua escrita era precisa e descritiva, e ele sempre mudava sua caligrafia.
O “Zodíaco” veio por conta dos códigos e símbolos que utilizava e faziam referência aos signos presentes na astrologia. Ele sempre assinava suas cartas com um círculo cruzado. Em uma carta enviada para o jornal San Francisco, elaborou um criptograma impresso, onde haviam informações da identidade dele. Eles sabiam disso pois, além do criptograma, ele mandou uma carta normal que dava pra todos lerem, e nessa dizia que o jornal deveria colocar o criptograma na edição de 1° de agosto de 1969, caso o contrário faria uma matança de grande proporção.
Então, Harden, um professor da cidade de Salinas, trabalhou em conjunto com sua esposa por vários dias tentando decifrar a carta. Ele era criptógrafo amador e disse ter decifrado uma parte que dizia: “Eu gosto de matar pessoas porque é muito divertido…” Em uma de suas cartas, o Zodíaco explicou por que a polícia nunca o encontraria:
- Ele se parecia com a descrição das vítimas apenas quando as matava; o restante do tempo ele tinha uma aparência completamente diferente.
- Não deixava impressão digital mas cenas dos crimes; usava um protetor transparente nos dedos.
- Todas as suas armas haviam sido compradas pelo correio.
Em algumas cartas, o Zodíaco mostrou ser fã do filme O Exorcista (1973), que considerava uma comédia. Muitos acreditavam que ele pertencia a alguma seita satânica, mas não houve nenhuma prova concreta quanto a isso.
A investigação
Quando a investigação começou, a polícia tinha 2500 suspeitos, e ao longo do tempo foi reduzindo esse número. E aqui estão alguns exemplos:
Arthur Leigh Allen
Este foi o primeiro suspeito, todos que o conheciam acreditavam que ele poderia ser o Zodíaco. Ele possuía diversas características que fizeram todos acreditarem nisso:
- Foi criado em Vallejo, Califórnia;
- Em 1956 alistou-se na Marinha Americana — sempre pensaram que o Zodíaco tivesse alguma filiação militar, provavelmente na Marinha;
- Entre 1970 e 1974 ocupava-se com seus estudos em ciências biológicas no Sonoma State College, tendo química como matéria secundária. (Período no qual começaram os assassinatos de colegiais de Sonoma).
De acordo com seu irmão, Allen, ganhou de sua mãe um relógio de Natal com um símbolo do Zodíaco — o círculo cruzado —, e pouco tempo depois de ganhar o presente, fez a seguinte declaração a um amigo, cuja identidade foi protegida:
- Ele gostaria de matar casais;
- Ele iria provocar a polícia com cartas detalhando os seus crimes;
- Assinaria essas cartas com o mesmo círculo cruzado em seu relógio;
- Se denominaria “Zodíaco”;
- Usaria maquiagem para mudar a sua aparência quando matasse;
- Amarraria uma lanterna ao cano de sua arma para poder atirar no escuro;
- Enganaria mulheres fazendo-as parar seus carros em áreas rurais ao pensarem que tinham problemas com pneus;
- Sua descrição física era similar ao retrato falado;
- Estivera no Riverside City College em 1966 quando Cheri Jo foi morta;
- Assim como o responsável pelos crimes, também era ambidestro;
Em novembro de 1969, sua cunhada o viu com um papel na mão que parecia uma carta, nela apareciam símbolos e linhas similares aos que o Zodíaco usava. A mesma cunhada também encontrou uma faca ensanguentada no banco da frente do carro dele, que justificou o fato, dizendo que tinha matado galinhas com ela.
A policiais foram chamados e revistaram o trailer de Allen, em 1971. No freezer foram encontrados corpos mutilados de roedores e outros pequenos animais. Depois também se soube que ele mantinha dois trailers, mas apenas um foi revistado. Em 1991, Michel Mageau identificou Arthur Leigh Allen como o seu agressor. Allen morreu em 26 de agosto de 1992 por complicações causadas por diabetes e problemas no coração.
Ted Kaczynski
Ted era outro na mira das investigações por conta de semelhanças com o Zodíaco:
- Moraram em lugares similares nos mesmos períodos;
- Eram ambos inteligentíssimos, quase gênios;
- Caçavam animais selvagens por esporte;
- Conheciam armas e possuíam habilidades para usá-las e criavam bombas com materiais comuns;
- Entendiam, criavam e utilizavam criptografia avançada;
- Tinham semelhança física;
- Falavam calmamente, com educação e precisão;
- Escreviam cartas zombeteiras para as vítimas;
- Usavam disfarces;
- Valorizavam sua inteligência contra a estupidez de suas vítimas e da polícia;
- Entendiam alfabeto rúnico;
Porém, foi eliminado como suspeito de ser o Zodíaco pelo FBI e pelo Departamento de Polícia de São Francisco, depois de comparadas as impressões digitais e a caligrafia de ambos, e por não estar na Califórnia em 5 datas em que o Zodíaco agiu.
Copiador
Em novembro de 1989, a polícia de Nova Yorck recebeu uma carta que ameaçava com as palavras: “Aqui é o Zodíaco falando”, além de um aviso sobre doze assassinatos planejados.
Cinco meses depois, uma série de atentados teve início nos bairros Brooklyn e Queens, e mais cartas foram enviadas ao jornal New York Post. Nelas, o atirador de Nova York afirmava ser o Zodíaco original, e durante 6 anos, 8 pessoas foram feridas e 4 mortas. Em 18 de Junho 1996, Heriberto Seda foi preso e acusado pelos crimes, nos os quais teria obtido inspiração no livro de Robert Graysmith, O Zodíaco, e em suas teorias astrológicas.
O Zodíaco em filmes e séries e livros:
- The Zodiac Killer (1971, dirigido por Tom Hanson)
- Assassino do Zodíaco (Zodicac Killer, dirigido por Ulli Lommel )
- Zodíaco (Zodiac, 2007, dirigido por David Fincher)
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Referência: Arquivos Serial Killers, Ilana Casoy (Darkside Books, 2017)