Inúmeros romances de ficção científica moldaram a forma de contar histórias deste gênero com o decorrer do tempo. Livros, séries e filmes que nos levam a reflexões sobre mundos diferentes e culturas vindas de fora do planeta.
Muitas destas obras tiveram como inspiração o livro de Frank Herbert, lançado em 1965, que veio a se tornar uma das obras mais essenciais para a ficção científica moderna. Um livro que mistura religião, política e ecologia, que nos leva a um cenário muito rico e criativo, chamado Duna.
Entenda o universo de Duna
Em um futuro muito distante, a humanidade se espalhou pelas estrelas e a Terra foi esquecida. Tudo é comandado por um império galáctico feudal; sustentado por pilares que moldam as categorias sociais: as Casas Nobres, a Guida Espacial e as Bene Gesserit.
O poder é centralizado com o imperador, as Casas Nobres lutam entre si, mas respeitam as autoridades do monarca. Com A Guilda Espacial fica responsável pelo monopólio das viagens pelo espaço e também pela economia do Império, já as Bene Gesserit é uma ordem de mulheres que treinam uma forma de psicologia que dá poderes e propósitos para elas.
No futuro imaginado em Duna, a humanidade já não depende do uso de computadores. Há muitos anos, ocorreu uma guerra entre homens e máquinas. Nessa guerra, ficou decidido que o uso dos computadores era perigoso. Por conta disso, foram criados os Mentats — homens treinados desde jovens para armazenar muito conhecimento e realizar cálculos de possibilidades sem o uso das máquinas.
Em Duna, viagens pelo espaço e naves espaciais existem, mas sem o uso de computadores. O que difere este livro de outras histórias de ficção científica que se apoiam na tecnologia para enriquecer seu universo.
Arrakis, o planeta Duna
Entre os muitos planetas existentes e comentados no livro, está Arrakis, onde a história se passa. Arrakis também é conhecido por Duna pelos nativos, um planeta deserto gigante, o único lugar do universo onde se encontra a especiaria, usada pela Guilda para permitir as viagens espaciais. Sem especiaria, sem viagens pelo espaço.
Em Arrakis existem algumas cidades e uma população de beduínos, conhecido como fremens, que desenvolveram sua própria religião e política, além de maneiras para sobreviver em um planeta onde quase não há água. Aliás, água em Arrakis é a principal moeda comercial. E não podemos esquecer também dos vermes gigantes que vivem no subsolo do planeta esperando o momento certo para atacar suas presas — sim, parece O Ataque dos Vermes Malditos (1990).
O livro
Duna é um livro com uma leitura bastante difícil, e tem em sua primeira parte, uma trama arrastada e complicada. Porém, Frank Herbert, com muita maestria, descreve os personagens e os golpes de forma única e profunda, submergindo os leitores no universo criado. Principalmente quando falamos do planeta Arrakis, que se torna peça fundamental para o livro. Herbert, desenvolve toda a ecologia do planeta de forma incrível, descrevendo a biologia e a forma de como as coisas são.
Embora o livro seja narrado, por vezes, no ponto de vista de outros personagens, é no ponto de vista do protagonista, Paul, que toda a maestria do autor é colocada. Pois, é com este personagem que vislumbramos o mundo de Duna, e as perguntas feitas pelo personagem são as mesmas feitas pelo leitor. Dessa forma ficamos presos à leitura, até saber como a história vai se desenrolar e responder à todas as questões.
A partir da segunda metade da história, a leitura se torna extremamente prazerosa, visto que o leitor é devidamente apresentado ao contexto e ao universo onde a trama se passa. Além disso, é quando conhecemos melhor os personagens e seus planos, que, aliás, é um dos pontos mais importantes na história. São planos dentro de planos, que mostra tamanha eficiência e qualidade na forma de escrita de Frank Herbert.
Vale a pena?
Duna é um triunfo criativo, além de causar reflexões profundas sobre sociedades corrompidas por politicagem e doutrinas religiosas. Tais reflexões se formam quando o autor narra a importância da água ou o preconceito com povos desconhecidos.
É certo afirmar que Duna influenciou a literatura desde seu lançamento, e não existiriam histórias como Star Wars, de George Lucas, ou As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, por exemplo, se não fosse por conta da obra de Herbert.
Vale lembrar neste artigo, também, o quão linda é a edição da Aleph. Com capa dura e acabamento minuciosamente bem-feito, a edição conta com um glossário das palavras criadas pelo autor, além de explicar melhor sobre as doutrinas das Bene Gesserit e sobre as Casas Nobres.
—
Leia mais sobre: Frank Herbert