Em Sempre Fui Sua, a adolescente Tate enfrenta diariamente seu nêmesis Jared. Confusa, ela tenta entender o que aconteceu no passado para que eles deixassem de ser melhores amigos para inimigos. Então, Tate decide mudar suas atitudes, e Jared não consegue mais se manter afastado da garota que chamou sempre sua atenção.
Tate é bonita, inteligente e gente boa. Mesmo assim, seus dias são resumidos em fugir de Jared, seu vizinho e ex-melhor amigo. Após passar um ano na França, ela não consegue mais voltar e fingir que suporta as humilhações constantes. No fundo, apesar das atitudes de Jared a machucarem, ela ainda sente falta da amizade dos dois.
Interessante como a autora lança pistas dos acontecimentos ao longo dos capítulos. Nada é entregue de bandeja para os leitores, fator que aumenta a tensão e curiosidade enquanto assistimos às interações da dupla.
Jared, por outro lado, é um personagem difícil de entender. Reservado e com atitudes antipáticas nos primeiros capítulos, o leitor dificilmente simpatizará com o personagem. Além disso, mesmo que tenha um arco de redenção, Jared ainda parece não ter uma boa justificativa para o tratamento de Tate.
Apesar disso, é quase impossível não ser cativado por Jared e Tate quando a adolescente nos presenteia com sentimentos tão gentis e memórias doces dos dois juntos. Sem perceber, criamos um apego pelos dois e queremos que tudo fique bem logo.
Os traumas psicológicos em Sempre Fui Sua
O romance entre Tate e Jared talvez não aconteça da maneira ideal, mas mostra as complicações de conviver com traumas. Além disso, também é possível ver que nem sempre é fácil perdoar as pessoas que amamos por suas atitudes.
Primeiro, Tate precisa conviver com a morte da mãe ainda na infância e um pai superprotetor. Isso faz com que ela se isole mais de outras pessoas, mas também a aproxima de Jared. Todavia, quando eles se afastam e seu melhor amigo ocupa o cargo de bully, Tate cria dificuldade em confiar em pessoas. O bullying não é algo que desaparece com o tempo, conseguindo criar inseguranças com as pessoas ao redor e a própria aparência.
É muito realista a maneira como a protagonista lida com o bullying. Vemos revolta, confusão, mas também um desejo de agir diferente. Mesmo que haja vontade de se aproximar de Jared, essa vontade vem aliada de um sentimento de frustração e desconfiança.
Nesse sentido, é muito positiva a maneira como os traumas são abordados no livro. Os traumas confundem sua cabeça, mesmo que você tente dar seu melhor.
Na família de Jared é fácil enxergar o que está errado. Pais ausentes, pouco compreensivos e levados facilmente pelo impulso. E, sem ter com quem conversar, parece que a melhor escolha é atacar a pessoa mais próxima.
Sempre Fui Sua entrega um romance cheio de volúpia e intimidade. Cabe ao leitor a responsabilidade de julgar as ações dos personagens e a mensagem passada pela escritora.