A terceira série da Marvel Studios no Disney Plus chegou ao fim de sua primeira temporada e, com isso, trouxe uma expansão gigantesca para o Universo Cinematográfico da Marvel, dando um pequeno vislumbre do que observaremos na fase 4 dos filmes e séries.
O Deus da Trapaça, Loki (Tom Hiddleston), é o protagonista da série que leva o seu nome. Após os eventos de Vingadores Ultimato (2019), quando o vilão pegou o Tesseract para fugir dos heróis mais poderosos da Terra, o príncipe de Asgard é teletransportado para o deserto da Mongólia. Logo em seguida, é preso pelos agentes temporais da AVT (Autoridade de Variância do Tempo), responsáveis por manter a linha do tempo intacta.
Logo, ele conhece Mobius (Owen Wilson), um agente da AVT que explica que, na verdade, Loki é uma variante dele mesmo, assim, Loki descobre sobre seu futuro e as consequências derivadas das suas atitudes. Em seguida, Mobius diz que precisa da ajuda de Loki para caçar uma variante dele mesmo.
Esta é a trama inicial da série, e se falarmos um pouco mais, fica impossível não soltar spoilers, o que estragaria de fato a experiência de quem ainda não assistiu. Isto, porque a atenção do espectador é capturada logo no primeiro episódio pelo mistério que a série traz. Assim como em Wandavision (leia nossa crítica aqui), Loki cria inúmeras dúvidas, mas, aqui, elas são respondidas a cada episódio, gerando, assim, novos questionamentos.
Esse é o grande diferencial da nova série da Marvel, pois, a cada novo capítulo, a história cria ramificações em sua trama inicial, deixando questionamentos como ‘quem está por trás de tudo isso?’ com o decorrer dos episódios.
Loki se desprende dos clichês básicos de filmes de heróis e se aprofunda em questionamentos mais reflexivos sobre identidade, caráter e moral, e livre arbítrio. O que muda até mesmo a forma como enxergamos o próprio personagem, indo muito além do trapaceiro que conhecemos. Esse é o maior triunfo de Loki.
O Deus da Trapaça se torna o protagonista do próprio caos, mas também é a única esperança de paz. Essa ambiguidade entre ‘o bem e o mal’ que o personagem carrega, torna tudo muito mais interessante no que diz respeito ao próprio personagem, provando que ele é peça fundamental na estratégia criada por Kevin Feige, para conduzir a história no Universo Marvel.
A diretora, Kate Herron, e o roteirista, Michael Waldron, desempenham um excelente papel para conduzir a história, que poderia ter sido um total desastre, visto que aborda conceitos de multiversos e viagens temporais. A dupla, que conduz a maioria dos episódios, consegue explicar e se situar em diversas discussões malucas e complexas com maestria, e muito alívio cômico.
No entanto, os méritos não são apenas da direção e roteiro, pois a série conta com um elenco incrível, com destaque para Tom Hiddleston, que torna seu personagem ainda mais carismático e profundo, graças à sua excelente atuação. Owen Wilson também é um ponto positivo para a série, as cenas em que contracenou com Tom, tornou-os em uma das melhores duplas do UCM. Todo o elenco está muito bem, mas Sophia Di Martino e Richard E. Grant são os que tem momentos mais positivos, tanto para a série quanto para o Universo Marvel, em geral.
Além de a série ser bastante divertida, com episódios incríveis, momentos memoráveis e contar com um elenco excelente, a produção é impecável. Os efeitos especiais são dignos de cinema e o visual é de tirar o fôlego. No entanto, há alguns problemas na série que precisam ser atentados. Em alguns momentos a história não tem uma base sólida, e não consegue se manter independente do UCM, isso difere muito das outras duas séries da Marvel no Disney Plus, que conseguiram se manter em um contexto individual mesmo se situando no mesmo universo dos filmes.
Além disso, em alguns momentos, a série cria discussões que não vão a lugar algum, e são facilmente descartadas, o que gera algumas dúvidas que podem não ser respondidas. É mais ou menos desta forma que a série se encerra, com um desfecho que pode não ser bem recebido por alguns fãs.
Loki é surpreendente, divertida, emocionante, e consegue trazer bastante discussões reflexivas com um personagem tão complexo que se tornou mais interessante do que nunca. A série consegue expandir o Universo Marvel, tornando-o ainda maior e gerando grandes expectativas para o futuro do UCM, que tende a ser grandioso, algo que pode revolucionar a indústria do cinema, tal como fez em suas obras anteriores.