Dirigido por Ari Aster, Midsommar: O Mal Não Espera a Noite, talvez seja o filme mais divisivo dos últimos anos. Sendo uma co-produção entre os Estados Unidos e Suécia, o filme foi inicialmente apresentado pelo diretor como um terror ambientado entre os cultistas suecos.
O roteiro foi planejado com o uso de elementos desse conceito, porém, com a adição intrínseca na história de um relacionamento se deteriorando. Essa ideia surgiu depois que o cineasta passou por uma separação difícil.
No filme, Dani (Florence Pugh), após vivenciar uma tragédia pessoal, vai com o namorado e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival local de verão. Contudo, ao invés de férias tranquilas, o grupo se depara com rituais bizarros de uma adoração pagã.
O universo de Midsommar
Midsommar é aquele tipo de filme: ou você ama, ou acha superestimado. Uma coisa que pode-se dizer é que esse filme rende muitas discussões, talvez por sua atmosfera única, que certamente não irá agradar a todos. A narrativa se mostra lenta em alguns momentos e está repleta de simbologias, que nem sempre serão explicadas de forma didática; mas é preciso se entregar a essa jornada bizarra com a Dani.
Quando os personagens finalmente chegam ao ambiente principal, eles se deparam com crenças e costumes, que apresentam uma identidade fortíssima. O ponto-alto desses momentos é você saber que definitivamente tem algo de errado em toda essa simpatia, mesmo que a trama ainda não tenha chegado nesse ponto.
A estética do filme é bem chamativa e “feliz”. Então, essa parte visual é muito bem trabalhada, onde vemos pinturas chamativas, locais característicos e até um foreshadowing — um artificio que o criador da obra insinua fragmentos de sua história que ainda estão por vir. Como, por exemplo, o primeiro vislumbre do filme, que mostra em fases tudo o que acontecerá.
Existem sequências lindas, que conseguem passar uma sensação ruim e boa, em simultâneo. É uma loucura tudo que está acontecendo? Óbvio, mas, ainda sim, o filme consegue nos imergir em cada uma das situações e nos proporcionar exatamente aquilo que os personagens estão sentindo.
Dessa forma, parte da imersão é por todo o universo constituído dentro da narrativa. Temos uma boa ambientação, uma noção gradual do que está acontecendo e uma boa construção disso tudo com o arco principal.
O terror de dia
Como citado anteriormente, o filme não apela para uma estética sombria e escura. Afinal, Midsommar trata-se de um solstício de verão, ou seja, a maioria do que estamos vendo se passa de dia e na natureza. Então, devemos destacar o trabalho de Ari Aster, que mesmo nas condições mais atípicas para um filme de terror, consegue causar desconforto.
Sim, existe o desconforto visual, aquele causado por uma cena agoniante. Contudo, é interessante que o filme dê bastante atenção para as atuações, não só do elenco principal, mas do secundário também. Existem momentos maravilhosos, onde Florence Pugh entrega tudo que é possível e as pessoas ao seu redor conseguem incrementar a aflição.
A jornada de Dani é uma das melhores coisas de se acompanhar. Isso acontece, pois, vemos como essa construção é gradativa e como a personagem se entrega. A sequência final não teria a força que tem, se não fosse tudo o que você viu da personagem até chegar aquele momento. É bacana a forma que o filme aborda relacionamentos abusivos e como ele fecha esse arco. É forte, impactante e muito memorável.
No entanto, não é um filme perfeito (quase). Se o filme explora outro tipo de terror em alguns aspectos, em outros ele segue pelo convencional, ou seja: personagens burros. Aqueles típicos personagens construídos especificamente para morrer, com atitudes imbecis, que você já consegue traçar seus destinos. Mas, claro, esse problema não se sobressai em relação aos acertos.
Portanto, Midsommar: O Mal Não Espera a Noite é uma experiência no mínimo, bizarra. O filme mostra um pouco da loucura que é a cabeça de Ari Aster e como ele sempre procura nos impactar. Além de nos mostrar que esse terror é delas!
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