Recentemente tem sido visto muito mais movimento no meio político e, perante isso, várias áreas foram atingidas, inclusive a área da tecnologia, apesar de o caso da Huawei ter que abandonar o Android ser o mais debatido, o impacto também está sendo sentido no mundo dos jogos. Não é novidade o caso EUA x China ter atingido essa área, sendo que muitas empresas têm pelo menos alguma parte de sua produção concentrada lá, mas isso acabou tomando proporções ainda maiores do que esperadas.
Proibição
A China se tornou uma parte importante não só para concentrar fábricas de consoles e PCs, mas também para a produção de jogos e até mesmo na economia da área. Entenda: em meados de 2007, o país abriu o mercado de games para o mundo, fazendo com que a receita do setor de jogos disparasse entre 2008 e 2017, ajudando também a transformar os videogames como o maior entretenimento do mundo, alcançando US$ 138 bilhões de receita. Até 2018, cerca de 620 milhões de usuários chineses gastaram US$ 38 milhões em jogos, enquanto os EUA gastaram US$ 30 milhões, sendo assim a China alcançou o título de maior mercado de games do mundo.
Porém, o governo chinês “deu um tiro no próprio pé”, pois em 2018 tomaram medidas que, além de impor restrições de uso para jogos, proibiu novas vendas de games, o que levou várias empresas a sofrerem dificuldades, principalmente empresas de pequeno porte. No final de 2018 a proibição foi finalmente suspensa, mas devido aos atrasos na área, muita coisa ficou em aberto e chegou a se tornar uma bagunça até para as autoridades, o que levou o regulador da aprovação a pedir novamente para que as empresas parassem de submeter jogos para aprovação enquanto eles lidavam com o atraso. Isso tudo em Fevereiro de 2019, o que se transformou em praticamente uma nova proibição.
Tarifas
Só isso já é suficiente para fazer com que a China comece a se complicar nesse meio… no entanto há mais, e dessa vez não depende tanto do governo Chinês, mas também do governo americano. Recentemente Donald Trump apresentou uma nova proposta em que produtos produzidos na China tenham uma tarifa de 25%, e isso acaba refletindo nos consoles e PCs que são produzidos lá, mesmo que sejam de empresas americanas. As próprias 3 grandes (Microsoft, Sony e Nintendo) se posicionaram publicamente contra isso, pedindo que o presidente reveja sobre o assunto para que empresas grandes e pequenas não sofram problemas (e claramente as pequenas vão sofrer muito com essa medida).
Produção
Diante de toda essa guerra comercial, as empresas têm se visto num impasse em relação a manter ou não sua fabricação concentrada na China. De acordo com o Nikkei Asian Review, fontes afirmam que vários gigantes da tecnologia (como a Google e a Amazon) já estão diminuindo sua produção no país, e que empresas como a Microsoft e a Sony têm grandes probabilidades de aderir a novas mudanças também. Algumas marcas de PC como a Lenovo, Acer e Asutek já declararam estarem “avaliando planos de mudança“. A Nintendo já neste verão terá parte da produção do Switch movida para o Vietnã, confirmado por um porta-voz da empresa à Reuters, no início de Julho.
Segundo a Nikkei Asian Review, um executivo disse que “o consenso da indústria é mover uma média de 30% da produção para fora da China”, então não será novidade mais empresas anunciarem mudanças de pelo menos uma parte da manufatura para outros países.
RPG de mesa
Não apenas os games digitais estão sofrendo sob tanta pressão, mas também os amados RPGs de mesa. De acordo com John Stacy, diretor executivo da Game Manufacturers Association (GAMA), as novas tarifas poderiam reduzir drasticamente o número de novos jogos em produção nos EUA. O setor de RPG de mesa gera até US$ 5 bilhões por ano para a economia dos EUA, mas esse número agora está em risco graças as tarifas propostas.
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Não é algo costumeiro pensar sobre como a política afeta o mundo dos games, mas mesmo sendo um tema tão pouco debatido, é necessária certa atenção, principalmente em momentos instáveis como este em que é notável o quanto a comunidade pode ser prejudicada por baixo dos panos. Esse é apenas o começo, agora basta torcer (e quem sabe protestar, em suas mais variadas formas) para que não venham a trazer mais injustiças e obstáculos para esse meio.
FONTES: Polygon[1], Polygon[2], Wolf Street, GamesIndustry.biz [1], GamesIndustry.biz[2], Reuters, Fortune.