Na década de 90, a TV passava por uma transformação. As diversas séries lançadas, principalmente no começo da década, apresentavam novos formatos. Algumas sitcoms abandonavam as risadas de fundo e tentavam dar um novo dinamismo às narrativas. Além disso, com o crescimento da MTV e seus videoclipes cheios de cores e efeitos visuais, era cada vez mais notória essa influência no cinema e em programas de TV.
Seguindo esses padrões misturados à outras receitas de sucesso, como o filme Curtindo a vida adoidado (1986) que é claramente a maior referência da série, foi criada Parker Lewis (Parker Lewis can’t loose).
Na série o jovem Parker Lewis, um estudante muito popular, deve enfrentar as dificuldades do cotidiano de um adolescente dos anos 90, o que envolve muitos problemas na escola e nos relacionamentos. Para isso ele conta com a sua notória sagacidade, conhecimentos em audiovisual (a tecnologia da época) e a ajuda de seus amigos.
Além de Parker o programa traz como personagens principais seus dois melhores amigos, Mickey Randall e Jerry Steiner. O antagonismo da série fica à cargo da diretora linha dura Grace Russo e seu fiel assistente Frank Lemmer (uma mistura de gótico com Steven Seagal), além da irmã de Parker, Shelly, cujo o único propósito na vida é destruir o irmão (coisa de irmão, quem tem sabe como é 😁). Outro personagem de destaque é o grandalhão Larry Kubiac, um estudante repetente que aterroriza os colegas de escola com sua força, tamanho e tem uma fome insaciável. Curiosamente ele foi interpretado por Abraham Benrubi, único ator do elenco a obter êxito na carreira de ator.
A estrutura narrativa do seriado apresenta alguns padrões da época que podem ser vistos até hoje em várias sitcoms. Episódios com começo, meio e fim, mas com uma história de fundo que interliga os personagens. Isso não afeta a experiência, já que os personagens são bem estereotipados e tem suas características bem presentes. Algumas piadas são bastante recorrentes e até esperadas, assim como em outros seriados, como por exemplo no seriado Chaves.
Apesar de tratar do cotidiano, a maioria das situações apresentadas são simplesmente surreais o que reforça o tom cômico da série.
O mais interessante, no entanto, é a produção do programa. Além do ritmo e cores, já citados no inicio, a série conta com alguns pontos inovadores para a época, como a frequente quebra da quarta parede, uma das notórias influências de Curtindo a vida adoidado, o uso de dissolução de pixels na transição de cenas, exagerados efeitos sonoros, que lembram o Mundo de Beakman, além de inusitados planos, sequencias e movimento de câmera.
Outro ponto de grande destaque é a ausência de uma abertura. Ao invés disso apresentava uma câmera filmando alguns dos personagens principais, em primeiro plano, com falas ou ações aleatórias com a música tema de fundo.
No Brasil e série foi ao ar pela TV Record em 1994 e foi reexibida pelo extinto canal a cabo Sony Spin. Hoje, infelizmente, o programa não faz parte da grade de nenhuma emissora ou streaming disponível no Brasil, no entanto é possível encontrar alguns episódios no YouTube.
Parker Lewis é uma série que simboliza os anos 90 e foi feita para agradar o público em geral. Apesar de ter os adolescentes e pré-adolescentes como público alvo, a sitcom era feita para o deleite da família.