No ano de 1965, o autor Pierre Boulle publicou o romance, chamado de O Planeta dos Macacos, que veio a ser um dos maiores títulos de toda a cultura pop. A história de Boulle inspirou o cinema, a literatura e até mesmo histórias em quadrinhos que, até hoje, conseguem adaptar situações criadas no livro para os dias atuais, com metáforas e reflexões importantes para serem discutidas.
A história, uma ficção científica, trata de um futuro distópico onde a humanidade está em conflitos com macacos altamente avançados, inteligentes e civilizados. O sucesso astronômico do primeiro filme, adaptado do livro em 1968, foi o começo de uma saga muito bem sucedida entre o público e a crítica.
Premissa

Dependendo da versão a história se difere em alguns pontos, tanto no livro, na primeira saga cinematográfica ou na mais atual. O ponto comum são macacos que se tornam escravos da raça humana, após serem adotados como animais de estimação e passarem a imitar os movimentos dos homens.
Até o dia em que um símio, particularmente mais inteligente que os demais, consegue escapar. A partir daí, treina outros macacos para que pudessem resistir e se libertar, dando início ao confronto dos macacos contra humanos.
Estes eventos são os acontecimentos essenciais que antecedem a história do romance original e do longa de 1968 e de 2001, respectivamente, que foram mostrados e reimaginados no reboot em 2011.
O livro de Pierre Boulle

No livro a história é narrada por Ulysse Mérou, jornalista que foi convidado para participar de uma missão pelo cientista chefe Antelle. O cientista é um homem antipático e antissocial que detesta a raça humana. Esta missão os leva a um planeta semelhante a terra, cuja espécie dominante não são os humanos e sim os macacos. O livro apresenta uma história muito mais simples, mas bizarra a primeira vista.
O grande objetivo de Ulysse é provar ser inteligente como os macacos e conquistar sua liberdade. Porém existe muito “por baixo dos panos”, o que complicará sua busca.
O livro aborda reflexões sobre a importância das inovações científicas e levanta questionamentos sobre o que nos difere dos animais. Além de ter o final mais impactante, e bem pensado, do que todas as versões posteriores.
Saga clássica (1968 – 1973)

Produzida pela 20th Century Fox a primeira saga é composta por 5 filmes que narram a história, sem seguir uma ordem cronológica, começando pelo futuro e ao longo dos acontecimentos vamos descobrindo o que aconteceu até que o mundo fosse dominado pelos macacos.
O primeiro longa se assemelha bastante com o livro de Boulle. No filme três cosmonautas viajam no espaço e encontram um planeta semelhante a terra, mas dominado pelos macacos. A principal diferença é que no filme, o principal antagonista é Dr Zeius, cientista e líder religioso, que usa uma falsa ciência e dogmas religiosos para controlar o povo. No final do filme temos um plot twist diferente do livro, mas tão impactante quanto a obra literária.
No segundo filme, De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), um novo astronauta chega ao planeta e descobre um grupo de humanos com poderes telepáticos que conseguiu sobreviver.
Em 1971 chega Fuga do Planeta dos Macacos, dessa vez, três macacos viajam para a Terra, do passado dominada pelos seres humanos, invertendo os papéis e trazendo novas discussões semelhantes a do primeiro filme.
Nos últimos dois filmes vemos a ascensão dos macacos, o processo de liberdade e conquistas, em meio a guerra contra humanos e conflitos entre eles mesmo. Os filmes intitulados A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e Batalha do Planeta dos Macacos (1973) são mais animalescos e fantasiosos, mas ainda trazem novas questões reflexivas para a franquia.
Remake (2001)

Em 2001, após anos de hiato, Tim Burton possibilita o retorno ao mundo dos símios, com um remake do filme de 1968 e uma nova adaptação do livro de Pierre Boulle.
Embora o filme tenha se saído muito bem com as bilheterias, seja composto por um elenco excelente, tenha visual e maquiagem de cair o queixo e um plot twist muito bacana (diferente dos anteriores), não agradou a crítica e é considerado um dos piores filmes da franquia, fazendo com que o remake não tivesse sequência. Ainda assim, este filme foi responsável pelo retorno da franquia, dando origem aos videogames famosos no Planeta dos Macacos.
Nova saga, e o retorno ao sucesso (2011 – 2017)

Em 2011, iniciou-se uma nova trilogia da saga. O novo reboot apresenta em outra ordem os acontecimentos. Aqui vemos a ascensão dos macacos, desde o começo, antes mesmo dos conflitos com os homens.
No primeiro filme o macaco Cesar, que pertencia a um cientista, é filho de uma macaca cientificamente modificada, por uma tentativa de encontrar a cura para o Alzheimer, razão de sua inteligência fora do normal.
Após ser usado em vários testes farmacêuticos, Cesar tem suas capacidades cognitivas aumentadas e, depois de ser preso em cativeiro e ver como o ser humano trata sua espécie, luta por sua liberdade e da espécie, atingindo o pico de sua evolução e inteligência, ao ponto de conseguir falar.
Na sequência, Cesar passa a treinar sua espécie para sobreviver e lutar contra os humanos. Num filme muito emotivo vemos as motivações de Koba, um macaco que deseja exterminar os humanos, cessando a paz entre as espécies e dando início ao confronto entre macacos e homens.
No último filme desta, até então, trilogia vemos a guerra entre os macacos e humanos, chegando em fim no triunfo dos macacos. Isso torna esta trilogia muito bem elaborada e com conceitos científicos muito mais aprofundados, deixando espaço para que a franquia ainda sobreviva por mais tempo.
O que podemos aprender com esta história?

São muitos os aprendizados e reflexões que podemos fazer ao consumir está incrível obra de ficção científica. Por exemplo, até onde podemos ir com o nosso ego? As novas inovações científicas são indiscutivelmente necessárias, mas devemos usar a vida de outros seres para estudos que beneficiarão somente a nós?
Em O Planeta dos Macacos fica explícito o quanto negar a ciência, e seguir líderes políticos que usam a religião para doutrinar, pode ser prejudicial a sociedade, prendendo-a em um espécie de looping evolutivo, estagnada em uma unica forma de pensar. Essa crítica social reflete muito no que vivenciamos, hoje em dia, em vários lugares do mundo, incluindo o Brasil. Também são claras as inúmeras críticas com relação a aceitação de classes, mal-tratos a animas e exaltação de uma cultura falha por orgulho e ego.
O Planeta dos Macacos é, sem sombra de duvidas, uma das obras mais importantes para ficção científica de todos os tempos. Seja nos livros, quadrinhos, games ou cinema, esta obra deve ser lembrada e cultuada por muitos anos ao longo das próximas gerações.