Durante a nossa vida escolar conhecemos diferentes mitologias como a nórdica marcada pelos conflitos e trapaças entre os filhos de Odin; a grega repleta de deuses opulentes; a egípcia cheia de rituais de devoção; além de outras mitologias que acabamos por falar brevemente, como as mitologias dos povos da América Latina como os Incas, Maias e Astecas. Porém, ouvimos e aprendemos muito pouco sobre a nossa própria mitologia. Num país tão vasto como o Brasil, é de se esperar que as lendas e contos que hoje conhecemos, tenham tido suas origens há muitos séculos, com a chegada dos primeiros nativos às terras brasileiras.
O Brasil possui uma incrível e rica cultura indígena, com cerca de 255 grupos indígenas que hoje estão mais concentrados nas regiões Norte e Centro Oeste do pais. Todos esses grupos possuem suas próprias línguas, crenças e tradições, fazendo com que a cultura indígena do Brasil seja tão vasta quanto as culturas nativas de outros países e povos que conhecemos. Apesar da vasta variedade de povos, a herança mitológica partilhada entre eles sobrevive até hoje e é seguida pelos milhares de indígenas que habitam o nosso território.
Neste especial, vamos te dar a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a mitologia indígena que está presente em nosso país. Confira:
1 – Tupã
Tupã, ou “espírito do trovão”, é o deus mais conhecido na cultura tupi-guarani — e talvez o mais importante. Ele é descrito como o deus criador de todas as coisas. Tupã teria criado os homens a partir do barro, o primeiro grupo de deuses e também todos os elementos da natureza. Além disso, Tupã também tem a capacidade de transformar mortais em entidades ou deuses e é reconhecido por ser o responsável por conceder o conhecimento sobre os rituais de cura e uso de plantas aos Pajés.
2 – Guaraci
Conhecido como deus do sol e do fogo, filho de Tupã. Ele ajudou o pai a criar a terra como também todos os seres vivos e se tornou o seu guardião durante o dia. Guaraci é marido de sua irmã, Jaci, e assim como esposa é a personificação da noite, Guaraci é a personificação do dia e ambos se encontram na aurora do nascer do dia e durante o pôr do sol.
3 – Jaci
Como já dissemos anteriormente, Jaci é filha de Tupã, irmã e esposa de Guaraci, e é considerada a guardiã da noite e deusa da lua. Ela também é a divindade responsável pela reprodução e, segundo os tupi-guaranis, ela planta a saudade no coração dos caçadores para que eles retornem para as suas esposas. Antes dos homens saírem para caçar, as esposas realizam uma oração para que Jaci proteja seus maridos enquanto estiverem caçando e retornem às suas famílias.
4 – Anhangá
Anhangá (que quer dizer “alma velha”) é o protetor dos animais, e também tem seu nome associado às trevas e ao submundo. Segundo os nativos, quando uma caça conseguia fugir era Anhangá os protegendo e ajudando-os a escapar.
Essa divindade é temida por conseguir se transformar em qualquer forma para enganar as pessoas e se alimentar delas, após sequestrá-las e matá-las.
Acredita-se que os jesuítas quando catequizaram os índios, utilizaram o nome dessa divindade como um termo para se referir ao demônio cristão. Isto por conta de Anhangá ser semelhante ao termo “Anhanguera”, que significa “diabo velho”, e era um termo comumente utilizado pelos cristãos naquela época. No entanto, na mitologia indígena, Jurupari, o espírito maligno, seria a entidade que mais se assemelharia ao diabo cristão.
5 – Akuanduba
Divindade dos índios araras, estava sempre acompanhando de sua flauta que, quando tocada, trazia ordem e paz ao mundo. Akuanduba é a representação da harmonia divina para os povos e é conhecido por castigar a desobediência do homem. Conta-se que, um dia, ele lançou uma tribo inteira para dentro do mar, para ver se aprendiam as virtudes da obediência. Aqueles que sobreviveram, tiveram que recomeçar do nada e dar um novo rumo às suas vidas.
6 – Yorixiriamori
Yorixiriamori é um deus, da cultura ianomâmi, que encantava as mulheres com o seu canto e por conta disso, acabou despertando o ciúme nos homens ianomâmis. Esses homens revoltados, se juntaram e tentaram matá-lo, mas Yorixiriamori fugiu na forma de um pássaro e deixou a terra, passando a habitar os céus.
7 – Yebá Bëló
Se para os tupi-guaranis o grande criador é Tupã, para os índios desanos, que vivem na região do alto do Rio Negro, esse lugar é ocupado pela deusa Yebá Bëló. Ela é, segundo eles, a responsável para criação de todo o universo e teria criado os homens e as mulheres a partir das folhas de coca que costumava mascar.
8 – Sumé
Também conhecido por Zumé ou Tumé, Sumé é uma entidade da mitologia tupi, porém, sua descrição varia de tribo para tribo. No geral, Sumé era uma divindade que apareceu de forma misteriosa antes dos primeiros portugueses chegarem ao Brasil. Sumé era um homem branco, que andava ou flutuava no ar e possuía belos longos cabelos e barbas brancas.
Além de ser um curandeiro que não cobrava nada em troca de seus trabalhos, tal entidade teria sido responsável por ensinar o povo a dominar a arte da agricultura, além de conceder aos homens a habilidade de transformar mandioca em farinha e lhes ensinar valores e regras morais.
9 – Acauã
Acauã é uma fada pássaro, sempre representada com as suas lindas penas com cores vibrantes e encantadores que funcionavam como sua principal arma para seduzir as mulheres mais novas e levá-las embora.
10 – Kianumaka-Manã
Kianumaka-Manã é uma deusa onça, guerreira e de espírito livre. Essa divindade é conhecida por abençoar as batalhas dos índios e por levar consigo a força das onças pintadas, além das conhecidas pintas do felino por toda a sua pele.
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O que achou deste artigo? Já conhecia esses deuses da mitologia indígena brasileira? Esquecemos de citar algum que você gostaria de ver por aqui? Conta pra gente, quem sabe fazemos uma continuação com mais deuses e entidades da nossa vasta mitologia indígena.
Referências: Segredos do Mundo, Mega Curioso, Brasil Fantástico (Imagens) , Incrível.club, Wikipédia