Adaptar livros sempre é uma tarefa um tanto difícil para diretores e roteiristas, ainda mais quando a narrativa coloca como centro uma cor inimaginável, inenarrável, como fez H.P Lovecraft no clássico de terror cósmico A Cor que Caiu do Espaço, conto lançado pelo autor em 1927. O diretor Richard Stanley pegou está difícil tarefa em seu mais novo longa de terror sci-fi, e trouxe um filme deslumbrante, assustador e completamente desequilibrado, o que é totalmente esperado em histórias adaptadas de contos Lovecraftianos.
O filme apresenta Nathan Gardner (Nicolas Cage), um homem que resolve se mudar para uma fazenda com sua família, e vê sua vida abalada quando um meteorito com uma cor estranha cai no quintal de sua propriedade, fazendo um efeito devastador na vida de todos que ali se encontram.
Ao mostrar as mudanças que a cor traz no ambiente em que o meteorito cai, o diretor soube usar o melhor de Nicolas Cage, o tornando em um personagem completamente surtado, que a cada etapa da trama molda o seu humor para o mais insano possível e o caminho até esse desfecho, é muito bem escrito, fazendo com que o espectador nunca saiba o que vem a seguir, uma vez que nada faz sentido após o meteorito cair na fazenda da família Gardner. E é muito bem construído todo o cenário em que a trama se desenvolve, dando a atmosfera do terror cósmico que Lovecraft escrevia em seus icônicos livros.
Além do roteiro bem trabalhado, os efeitos visuais não deixam a desejar, embora sejam um pouco mais caídos para o Gore, a maneira como são colocados, não incomodam o espectador, e Stanley consegue passar um pouco do que era descrito como criaturas inomináveis com excelência. Algumas das criaturas estranhas que o filme apresenta, lembra a clássicos do sci-fi oitentista como O Enigma de Outro Mundo (1982) de John Carpenter e A Mosca (1986) por David Cronenberg. Além disso, a ótima atuação de Nicolas Cage nos evoca a lembranças de Jack Torrance em O Iluminado (1980) de Stanley Kubrick.
O único problema no filme de Richard Stanley que pode incomodar o espectador, está no último ato do longa, que exagera um pouco no uso das cores vibrantes e sons esquisitos, porém, isso não tira o mérito dos pontos positivos para o diretor, uma vez que a narrativa aborda coisas que nem sequer é possível imaginar.
O elenco todo está bem em seus respectivos papeis, com destaque para Nicolas Cage, e a jovem Madeleine Arthur que faz o papel da filha da família Gardner. Madeleine de forma sutil entrega uma atuação clássica em filmes de terror que aumenta o pânico causado pela atmosfera do filme.
Embora o filme não supere as obras de Stuart Gordon (Re-Animator e Do Além), ambas adaptadas dos textos de Lovecraft, A Cor que Caiu do Espaço de Richard Stanley não deixa a desejar no quesito de diversão, deixando expectativas altas sobre a promessa de uma trilogia baseada nos livros de H.P Lovecraft, pois o primeiro filme vale a pena em seus 111 minutos de muita insanidade e terror cósmico.