A nova adaptação do livro de Louisa M. Alcott, Adoráveis Mulheres (1968), chegou aos cinemas em 9 de dezembro de 2019. O filme homônimo, dirigido por Greta Gerwig (Lady Bird), reflete a história das irmãs March, suas ambições e os caminhos que decidem traçar. Trazendo então, mais um grande lançamento para o cinema, que está concorrendo ao Oscar em diversas categorias.
Greta Gerwig entrega o seu melhor trabalho como diretora de cinema, atuando também como roteirista. Gerwig mantém o que sabemos sobre as personagens populares, e não modifica a essência da história que é super transportadora e confortável por conta da dinâmica da família. A diretora acha espaço para inovar, brincando com a narrativa que mostra sua familiaridade com o material original desta história, jogando alguns elementos factuais que engrandecem a trama, e controla uma não linearidade perfeita, mantendo o ritmo convidativo focando no aspecto emocional de causa e consequência, através do que a gente sabe sobre as mulheres. Greta inova a história ao colocar discursos muito atuais e, ao mesmo tempo, retratar as convenções sociais da época e o que se esperava das mulheres naqueles tempos.
Apesar do visual e “roupagem” clássica, Adoráveis Mulheres tem um ritmo mais popular do que os demais filmes que retratam o século XIX. A diretora usa a pegada do cinema independente — onde tem suas experiencias — para construir suas personagens, fazendo com que cada uma tenha identidade própria e identificável.
A trama é dividida em duas linhas de tempo, sendo uma se passando na juventude de ouro das meninas, e a outra quando as meninas procuram se adequar a vida adulta. Porém, não existe nada que mencione essa divisão, exceto por uma alteração na paleta de cores. No passado, as cores são mais vibrantes e passam a noção de felicidade e conforto, já no futuro, as cores são mais frias e acinzentadas, demonstrando as dificuldades que as protagonistas deverão enfrentar. Embora no começo a trama seja um pouco indecifrável, com o passar do filme, os pontos vão se encaixando e fica tudo claro para compreensão.
A aposta da diretora em usar de discursos sarcásticos e menos “dramalhões”, como as adaptações anteriores da mesma história, é um acerto em cheio para o ritmo do filme. O elenco estelar ajuda com que o filme não perca o ritmo, principalmente pela atuação de Saoirse Ronan que está brilhante como Jo, determinada, e que não se importa com as regras da sociedade, está sempre no centro da ação, mas não ofusca o brilho das outras personagens. Outro destaque é Florence Pugh como Amy, que foi uma das grandes surpresas neste filme. Emma Watson como Meg e Eliza Scanlen como Beth, também estão ótimas em seus respectivos papéis. Além destes nomes, o filme ainda conta com Laura Dern, Timothée Chalamet, Meryl Streep, James Norton e Bob Odenkirk.
Com auxílio da bela fotografia de Yorick Le Saux e com uma trilha sonora muito sentimental de Alexandre Desplat, Greta Gerwig entrega um dos filmes mais bonitos de 2019 e a melhor adaptação já feita da história de Alcott, com uma perspicácia moderna, a cineasta consegue criar um ótimo terreno para representar cada singularidade humana, com todo carisma e delicadeza que faz com o que o espectador passe a maior parte do tempo com um sorriso bobo no rosto.