Na Natureza Selvagem (Into the wild) é baseado numa história real adaptado a partir da biografia, escrita por Jon Krakauer, de um jovem de classe média alta que após se formar decide abrir mão da sua vida como costumava ser e se aventura numa jornada em busca de auto conhecimento, sem dinheiro e com poucos pertences, Christopher McCandless (Emile Hirsch) aprende mais nesse período do que em toda a sua vida.
A decisão de Chris de largar tudo parte do princípio de que a sociedade tem se tornado cada vez mais vazia, se importando com coisas que não deveriam ter importância. O relacionamento de seus pais era baseado na mentira, tudo que ele conseguia ver por perto era superficial e ele precisava, ansiava por mais.
“Também sei como é importante na vida não necessariamente ser forte, mas sentir-se forte para se testar ao menos uma vez, pra passar ao menos uma vez pela mais antiga das condições humanas enfrentando desafios sozinho, sem nada pra ajudá-lo exceto as mãos e a cabeça.”
Mesmo que de certa forma imaturo ao decidir se jogar na natureza sem ter preparo para lidar com as circunstâncias que poderiam ocorrer, não se vê no rapaz vestígios de um possível suicídio, mas sim de uma vontade imensa de descobrir algo mais legítimo que fizesse sua vida fazer sentido. Mas não pense que toda trama se resume em romantizar a vontade de Chris, muito pelo contrário, podemos ver claramente todas as suas fraquezas sendo exploradas e expostas.
Toda trajetória de Chris é acompanhada por diversas citações de seus livros preferidos que o acompanham nessa viagem, incluindo obras do nosso tão aclamado Tolstoi — que dispensa apresentações — e já diz muito sobre Chris, ele tinha em quem se inspirar já que Tolstoi tem um jeito todo peculiar de ver a vida.
Sim, o que mais temos nessa trama são filosofias sobre como ver a vida, sobre o que realmente importa e como muitas vezes é fácil manter os olhos fechados e continuar seguindo padrões. A questão é que, concordando ou não com esse jovem aventureiro, ele te faz refletir, mesmo que seja discordando.
Além de tudo, ainda temos uma trilha sonora que se encaixa perfeitamente no clima do longa e fez par perfeito com a fotografia incrível. O trabalho de Eddie Vedder nos tira o fôlego por si só e, acompanhado de McCandless, nos toca profundamente.
“A felicidade só é real quando compartilhada.”
Na Natureza Selvagem é um longa para ser visto com a mente e o coração abertos, para absorver todas as descobertas de McCandless, abrir os olhos para novos horizontes e para alguns ideais já esquecidos há algum tempo, e principalmente, para fazermos escolhas melhores.