Durante os anos 80, uma enxurrada de conteúdo foi lançado para o mundo. Estes conteúdos moldaram o cenário do entretimento e da cultura pop ao que conhecemos hoje. As obras desta década, ainda hoje, fazem parte da vida de muitos nerds, sejam no consumo desses clássicos ou de novos, com inspiração em clássicos.
É essa inspiração que faz de Jogador Número 1, de Ernest Cline, quase uma leitura obrigatória para todo nerd que se preze. Continue a leitura e entenda o porquê, mas sem spoilers para não afetar na experiência de quem ainda não conhece a obra.
Sinopse
Em 2044 num mundo totalmente devastado, por conta das ações humanas, o jovem Wade Watts passa a maior parte do tempo na OASIS, um mundo virtual criado por James Halliday. Em OASIS todos podem ser o que quiser e viver sem as limitações do mundo real. É uma espécie de MMORPG, com rede social em uma imersão virtual. Após a morte do criador desse mundo virtual é iniciada uma caçada por um segredo deixado por ele, em que o primeiro a decifrar tal segredo terá controle sobre OASIS e a fortuna de Halliday.
Halliday era fã da cultura pop oitentista, amante de obras e autores conhecidos, como Spielberg, John Hughes, além de vídeo-games, RPG’s e bandas de heavy metal, como Rush. Deste modo, os jogadores do OASIS descobrem que os segredos estarão ligados às obras que permearam a adolescência do nerd criador.
A partir dai começa-se uma caçada ao tesouro, recheadas de referências a filmes como Goonies, De Volta para o Futuro, Guerra Nas Estrelas, Tron, além de games como Black Tiger, Pac Man, Zork, entre outros títulos conhecidos pelos nerds fãs de Tokusatsu e etc.
A jornada de Wade, cujo nickname no jogo é Parzival, nos leva a uma aventura onde a paixão pela cultura pop é o principal elemento. Para desvendar os segredos, os personagens precisam revisitar obras que marcaram os nerds de todas as idades. Porém, não são apenas os jogadores bonzinhos que procuram pelos segredos, existe uma empresa que há muito deseja por as mãos na OASIS, a IOI (Innovative Online Industries), comandada por Sorrento. Aempresa conta com vários empregados utilizando equipamento de ponta na caça pelo tesouro.
O que achamos
Toda a trama de Cline se baseia em obras muito conhecidas dos anos 80 o que faz, às vezes, cair nos mesmos clichês que já conhecemos. Ainda assim é aceitável, uma vez que parece ser esse o objetivo do autor. Mesmo se tratando de uma distopia futurista, o autor consegue fazer com que nos relacionemos com os personagens em diversas situações e, aliás, que personagens legais essa obra reúne!
Ainda há elementos, como o paralelo do uso da tecnologia, o amor pela cultura pop e como podemos nos isolar por conta disso, além de ser uma história de amor, que tornam a trama mais humana e envolvente. Mesmo tratando de uma história com muitos clichês e vilões caricatos, de uma forma muito sútil, ele nos faz refletir sobre a forma com que gastamos nosso tempo e o quanto nos dedicamos a coisas que não são necessariamente reais.
Jogador Número 1 é um prato cheio, e muito delicioso, de tudo que nós nerds gostamos e queremos. É como várias sessões da Sessão da Tarde em pouco mais de 460 páginas. É um presente de amor à todos os fãs da cultura pop dos anos 80 e para quem ama todo o universo nerd que tanto nos diverte.