O livro conta os detalhes de como foi a chegada dos quadrinhos da Marvel no Brasil, da inexperiência das editoras à melhor distribuição que temos hoje. Um livro sobre os bastidores das editoras no Brasil.
A nova edição é um pouco extensa, tem cerca de 550 páginas, mas tem um texto fluido e bem simples de acompanhar. Conta com bastante curiosidades, sobre fatos que aconteceram só no país e personagens que já foram esquecidos, se o leitor for iniciante nos quadrinhos ou até um dos antigos, esse livro pode lhe abrir a mente para entender como foi o processo da distribuição dos mesmos.
Um fator importante que autor fala no livro, foi a dificuldade e principalmente o desrespeito de algumas editoras no Brasil, até chegar na Editora Abril foi um processo ardiloso e muito parecido com a história que vemos sobre direitos dos personagens hoje, mesmo naquela época foi difícil para muitos fãs acompanharem os quadrinhos dos seus personagens favoritos.
É importante notar que o Brasil sofreu muito por conta do monopólio, não só da sede americana como nas editoras brasileiras. Talvez se não houvesse essa mesquinhez os brasileiros tivessem um acesso “mais fácil” aos quadrinhos por aqui. Mas um fator que ajudou na melhora da qualidade dos quadrinhos foi quando os fãs cresceram e tiveram a oportunidade de trabalhar nas editoras, há inclusive trechos de depoimentos de alguns que contribuiriam para a melhora das edições.
O livro apresenta bem toda a história de como a Marvel Comics foi fundada e como os personagens foram ganhando o coração dos leitores, assim como as várias perseguições que as editoras sofreram no começo. A forma com que os quadrinhos chegam no Brasil é bem legal, descobrimos algumas peculiaridades que aconteceram só aqui.
Os livros em prosa baseados nas HQs são um projeto mais recente e ajudaram a expandir o mercado. Pois, atingia um público que não era os costumeiros leitores de quadrinhos, e inclusive ajudou-os a começarem a ler quadrinhos depois dos livros. Principalmente quando os filmes ganharam popularidade.
Apesar de o conteúdo ser muito bom, ele possuí alguns defeitos: poderia estar melhor estruturado, há algumas situações confusas para o leitor, a mistura da história da criação da Marvel e como foi a sua distribuição nos EUA, junto das publicações no Brasil, depois conta de maneira parcelada como as editoras foram adquirindo os direitos dos quadrinhos e o processo de distribuição se abre um capítulo falando sobre as editoras. Após misturar as informações o livro nos apresenta de melhor forma como as editoras fizeram todo o trabalho e as divergências que ocorreram entre as que estavam no Brasil.
O livro poderia se concentrar num primeiro momento falando da origem da editora Marvel nos Estados Unidos, como funcionou o processo de criação assim como os funcionários que passaram por ela, para depois abordar como as editoras brasileiras foram divulgando suas revistas e as intrigas que rolaram por aqui.
Outro ponto que é bom e ruim em simultâneo, é quando o autor apresenta os personagens. Durante vários momentos ele para o assunto para resumir um pouco a história do personagem em que está falando, apesar de informativo, o conteúdo atrapalha um pouco a base do texto, mostrando que essa parte poderia ser abordada num outro momento em vez de gradualmente. Inclusive atrapalha a linha temporal, existe muita informação que parece jogada, e torna para o leitor difícil de se situar em que momento a história está se passando.
Sobre as situações polêmicas que envolveram economia e censura, os temas dão títulos a alguns capítulos, mas são pontos onde não há muito a se contar, assim o autor precisou mudar de assunto muito rápido, dessa forma faz parecer o título desnecessário, onde poderia ter colocado o assunto num subtítulo como foi usado com outros temas.
O livro é recomendável para um público que ainda é iniciante no mundo dos super-heróis, pois é um jeito bacana de aprender como as histórias do início foram adaptadas para atualidade, existem algumas delas que se repetiram no decorrer das edições. Inclusive pode ajudar aqueles que nunca leram quadrinhos a procurar uma forma de começar.