Um deleite visual e uma explosão de nostalgia, principais pontos que resumem a nova série da Netflix, O Cristal Encantado: A era da Resistência, que é um prelúdio do clássico filme de 1982, criado por Jim Henson. Com uma história de fantasia digna de comparações com Senhor dos Anéis e Game of Thrones, a série entrega um magnífico mundo, feito com a mistura de animação e marionetes que dão vida a criaturas mágicas da terra de Thra – que ainda serve como uma bela e sombria analogia à sociedade capitalista atual, do mundo em que vivemos.
Mas do que se trata a série? A trama acompanha as criaturas de Thra lutando pelo seu planeta contra as forças malignas dos Skeksis. O planeta deveria estar em equilíbrio graças ao poder do Cristal, porém os cruéis Skeksis — protetores do Cristal — aprenderam a alcançar a imortalidade usando seu poder. A contraponto, a escuridão começa a tomar conta de Thra, desequilibrando o balanço natural da vida no planeta, destruindo florestas, animais e trazendo o mal à tona. Esses acontecimentos que lembram bem a sociedade capitalista, que ao usufruir descontroladamente de bens naturais, causam a morte de inúmeros animais com queimadas, desmatamento, aquecimento global, agrotóxicos e etc.
Os Skeksis são governantes dos demais habitantes do planeta, exploram seus súditos e cobram excessivas taxas tributárias, sendo tratados como deuses e reis, em troca de serem benevolentes e protegerem o Cristal Encantado. Mais uma alusão a vida real, com as conhecidas Fake News e manipulação de imprensa. Nesse sentido, o seriado segue a história de três seres da espécie Gelfling, que percebem, individualmente, que há algo errado com o planeta e que os Skeksis são mal-intencionados, começando assim os primeiros passos da resistência de Thra.
A produção impecável da série, demonstrou um grande capricho com o trabalho proposto, não só com os efeitos visuais e a manipulação das marionetes, mas também com a trilha sonora e a dublagem. Há muito detalhamento e cuidado nas expressões dos personagens, que deixará os apreciadores de marionetes maravilhados com o projeto.
O elenco de dubladores é um dos pontos positivos da série, com nomes como Taron Egerton, Anya Taylor-Joy, Nathalie Emmanuel, Helena Bonham Carter, Mark Hamill, Mark Strong, Simon Pegg, podemos ter noção de que há algo de muita qualidade.
O maior problema está no roteiro, que peca em apresentar uma história empolgante. Embora seja visualmente bonito, a história empolga apenas nos primeiros episódios e no final da temporada, durante a maior parte da série a trama fica um pouco chata e dificilmente prende o espectador.
Contudo, o mundo de Thra pode vir a ser uma ótima proposta para o futuro da Netflix, que trabalhando melhor no roteiro, pode mergulhar a fundo no universo d’O Cristal Encantado, já que no final da primeira temporada ficaram vários ganchos, que podem ser sinal de uma nova temporada nos planos da Netflix.