Dirigido por Christopher McQuarrie, Missão: Impossível – Acerto De Contas (Parte 1) chega aos cinemas nesta quinta-feira (13), embora tenha tido sessões antecipadas. As filmagens estavam programadas para começar em fevereiro de 2020, mas a produção foi interrompida diversas vezes devido à pandemia. O longa era para ter sido lançado originalmente em 2021, mas, após sofrer alguns adiamentos e paralisações, foi empurrado para um período em que fosse realmente seguro ser lançado. E, felizmente, esta primeira parte finalmente está entre nós, sendo que a segunda está confirmada para 27 de junho de 2024.
Que Tom Cruise é um grande ator, não é novidade. Mas depois de seu resultado apresentado em Top Gun: Maverick, ficou difícil não se empolgar para qualquer coisa que ele estivesse envolvido depois. A forma com que ele revitalizou a experiência do cinema foi magnífica. Nesse sentido, ele sempre foi conhecido por performar suas cenas de ação, sem dublês. E, aqui, ele leva as coisas a outro nível. Durante a CinemaCon 2021, a Paramount Pictures revelou um vídeo mostrando o que o próprio Cruise descreve como sua “acrobacia mais perigosa de todas”. A sequência em questão mostra Cruise subindo uma rampa de moto e caindo de um penhasco, pulando e caindo de paraquedas no chão.
Assim, o sétimo filme da franquia Missão: Impossível promete ser de tirar o fôlego!
No filme, Ethan (Tom Cruise) e a equipe do IMF, formada por Ilsa (Rebecca Ferguson), Benji (Simon Pegg) e Luther (Ving Rhames), recebem uma importante missão: eles precisam localizar uma nova e aterrorizante arma que, nas mãos erradas, pode ser uma ameaça para a humanidade. Nessa corrida mortal ao redor do mundo, Ethan se vê forçado a aceitar que agora nada mais vai importar do que a missão, nem mesmo sua própria vida.
A ação em Missão: Impossível – Acerto De Contas
Dentre filmes que sempre se destacaram pelas cenas de ação, aqui não é diferente. Mesmo sendo o sétimo filme de uma franquia, de maneira alguma soa desgastado ou com falta de inventividade. Ainda existe a urgência sendo utilizada como um fator determinante para a fixação da nossa atenção. Ou seja, várias situações diferentes são colocadas para ocorrer em simultâneo. E algo que predomina praticamente todas as missões realizadas é justamente a imprevisibilidade.
Nesse sentido, a escala de ação é grandiosa. Isso pela amplitude dos cenários em que se passam e por como todos os elementos estão em constante interação com os personagens. A direção de McQuarrie é extremamente ágil com tudo o que está acontecendo à volta, não apenas sabendo como nos situar geograficamente dos locais, mas até com a escolha de determinados pontos de vista. Ele sabe brincar com algo que já aconteceu e demora propositalmente a aparecer em outra cena.
A adição da personagem de Hayley Atwell é primordial nesse aspecto, também. Ela certamente traz um carisma e uma presença leve ao perigo iminente, tendo uma química de primeira vista com Cruise. Porém, até então, ela é somente uma ladra bem treinada. O que gera justamente cenas de ação mais desastradas, com um timing cômico excelente. Dessa forma, a personagem num primeiro momento soa como uma boa coadjuvante. E conforme a narrativa prossegue, seu grau de importância vai se evidenciando, fazendo dela a peça fundamental para essa parte um. A peça que inicia e fecha a história.
O balanço entre efeitos práticos e especiais é mais um dos pontos fortes. Pois, enquanto ficamos fascinados com a dinâmica do que é factível, existe um abraço a cenas mais exageradas, que igualmente nos deixam sem ar, ainda mais com o peso da sonoplastia dos objetos batendo. Toda a sequência final do trem ilustra essa ideia, e quando Cruise pula daquela montanha, o filme faz a melhor escolha que poderia: o silêncio.
Uma ameaça quase indestrutível
Não se preocupe com as três horas de duração, elas não são supridas exclusivamente pelas incríveis cenas de ação. A base da história é extremamente concisa, apresentada com clareza e objetividade nos primeiros minutos. É curioso como somos convidados a pensar desde o início como os personagens irão combater aquilo que eles não podem ver ou sentir. E mesmo que essa ideia da IA que se rebela não seja original no gênero, o filme constrói essa figura a partir de uma presença simbólica, fazendo da ameaça um trunfo. Somente de ver sua representação ou como ela interfere diretamente nos equipamentos, sentimos o verdadeiro horror do risco, poder e independência daquilo.
Estamos diante de algo antagônico que, com suas próprias intenções, irá influenciar em tudo aquilo que os personagens utilizam de artifício. Além de trazer um debate que funciona perfeitamente no período em que estamos da tecnologia, funciona para definir o destino da história. O que traz um desafio ainda maior, visto que não é possível lutar contra um fantasma que utiliza de probabilidades para inventar suas próprias regras do jogo. Então, há consequências reais na trama, vindas de escolhas previamente estabelecidas. E isso constantemente evolui as jornadas que tanto acompanhamos, deixando com que eles corram contra o tempo para impedir o que é quase indestrutível.
Portanto, Missão: Impossível – Acerto De Contas (Parte 1) precisa ser sentido no cinema. A sagacidade nas cenas de ação, juntamente do belíssimo trabalho no design de som, faz dessa experiência audiovisual uma das melhores do ano. Mesmo que tenhamos que aguardar mais um ano para ver o desfecho, a primeira parte é extremamente competente ao concluir os principais arcos que apresenta, em uma história com conceitos simples, mas que, dado o tratamento, deixa qualquer outro filme do gênero no chinelo.