H. P. Lovecraft é considerado um dos maiores autores literários de horror de todos os tempos. Mesmo que sua vida tenha sido marcada pelo racismo e a misoginia, o mundo criado por ele influenciou e continua influenciando milhares de artistas em diferentes mídias da cultura pop.
E é baseado nos textos de Lovecraft que o autor brasileiro Douglas Freitas escreveu a história em quadrinho intitulada A Testemunha, uma espécie de prelúdio para a HQ Nas Profundezas da Loucura, também de sua autoria, fazem parte das Crônicas de R’lyeh. O quadrinho de Douglas funciona como uma continuação do mais influente conto de Lovecraft, Dagon, além de mergulhar a fundo no universo cósmico do autor e revisitar a mítica cidade de R’lyeh.
O quadrinho nos apresenta a um homem que conta a história do bem mais precioso de sua família: uma carta de seu bisavô. Na carta, é dito que ele descobrira uma terra perdida, que havia avistado durante um naufrágio. A partir da carta, a família do protagonista passou a pesquisar em busca da tal terra, anos depois, o homem passa a ter pesadelos com esse lugar e descreve as descobertas feitas que, até então, nenhuma pesquisa havia descrito.
Mesmo que com apenas 24 páginas, A Testemunha é bastante envolvente. Seja pela ótima narrativa de Douglas, ou pelas excelentes artes de Alice Monstrinho, que dá vida aos pesadelos do narrador de uma forma incrível. A leitura é fácil e rápida, e mesmo para quem não conhece o conto Dagon, é possível ler a HQ sem se sentir perdido. E se por um acaso não entender alguma das palavras da mitologia lovecraftiana, a edição da Skript Editora contém um glossário nas últimas páginas para facilitar a imersão na obra.
A Testemunha tem um único problema: ser uma HQ muito curta, mas é compreensível, fazendo valer apena cada segundo da leitura. Essa é mais uma excelente obra nacional que prova o grande talento dos artistas da nona arte do Brasil, que merecem mais reconhecimento.