Em O Anel dos Löwensköld, a joia de um falecido General desperta intrigas e conflitos em uma província no século XVIII. Uma sucessão de eventos macabros surgem enquanto um desejo de vingança ascende junto a um anel fantasmagórico que ressurge para amaldiçoar os que o possuem.
Quem não tem medo do General Löwensköld? Com certeza, você já ouviu falar sobre ele. Era um homem soturno, mas que tinha máximo respeito pelo rei Carlos XII. Na propriedade Hedeby, você encontrará uma enorme retrato em um dos cômodos, onde um pequeno brilho do estimado anel chama atenção.
O anel era um presente de rei Carlos XII, e quando Löwensköld foi para o túmulo, o anel também foi. Todo mundo lamentava por uma joia tão valiosa estar fora do alcance, mas o General impunha medo o suficiente para que ninguém ousasse pegar o anel. Então, um casal movido pela ganância, rouba o anel. Depois disso, o fantasma do General não mede limites para orquestrar uma série de catástrofes para que o objeto volte ao dono.
O protagonista de O Anel dos Löwensköld
Imagine uma música calma, que quanto mais você ouve, mais se sente inquieto. A cada acorde, seu coração acelera, mesmo que sem motivo. Nos toques finais, você se sente petrificado, em um horror inexplicável. Essa é a melhor forma de descrever a sensação de terror gelado que O Anel dos Löwensköld passa aos leitores conforme avançamos na leitura.
Bem sei que, no mundo de antigamente, havia pessoas que nem sabiam o que era medo.
Como uma teia de aranha, Selma Lagerlöf tece uma trama cheia de conexões e encontros. Todo personagem aqui, conhece seu vizinho e compartilha uma história. Os eventos se conectam em uma teia que nos permite ver além da linha, e sim para a pintura geral que envolve o General.
O leitor logo deve perceber que o anel sempre terá o papel principal ao longo dos capítulos, agraciando os que estão ao seu redor para participarem das cenas. Mesmo assim, a autora não falha ao oferecer um momento de protagonismo a cada um dos inúmeros personagens que aparecem. Isso ajuda a compreensão dos vários pontos de vista onde a vingança e maldição se cruzam.
Nesse sentido, o anel caminha sempre ao lado do medo, sua co-estrela. Como se tivesse pensamento próprio, a peça serve de combustível para que conflitos adormecidos acordem. Sob o comando do General, os acontecimentos se tornam mais macabros, longe da suspeita do medo dos primeiros capítulos. Agora, estamos lidando com ameaças sobrenaturais.
A progressão do medo
Sempre que o nome Löwensköld surge em uma conversa, todo mundo sente um arrepiozinho subir pela coluna. Apesar de morto, o General ainda consegue aterrorizar os habitantes dessa província sueca por ter sido tão destemido em vida.
O problema é que Bengt Löwensköld começa a causar problemas depois do desaparecimento do anel. Quando vivo, nunca foi conhecido pela maldade. Agora, caminha como um fantasma na propriedade dos Hedeby.
Essa mudança causa um grande impacto no leitor, pois é a porta de entrada para novas perguntas: como derrotar o General? Ele quer mesmo fazer mal a alguém? Como retornar o anel a ele?
Em uma escrita assustadoramente calma, a escritora nos retira dos rumores do medo coletivo e nos entrega ao despertar do sobrenatural.
Por incontáveis anos, nenhum caso tão notável, tão ímpar, havia acontecido. Ninguém se contentaria em ficar sabendo como os eventos se desenrolaram aos poucos e através de outras pessoas. Não, era preciso estar lá em pessoa.
Vale a pena?
Se você curte Edgar Allan Poe, essa é uma ótima leitura. No estilo do autor, Selma constrói um suspense misterioso que cativa os que leem com uma facilidade natural. Impossível não admirar a escrita, o desenvolvimento dos personagens e tudo que parece ter sido feito com todo o cuidado. Sem dúvidas, O Anel dos Löwensköld merece ser lido por todo fã de mistério e horror.