Recomeço, esta é uma das palavras que define Doctor Who, e, porque não seria? Com tantos elementos que reforçam isso, regeneração, um novo doutor, novos companions, novas aventuras. Será que a BBC conseguiria sair da sombra de Russell T. Davies, e mais importante, será que os Whovians iriam aceitar um novo ator na face eternizada de David Tennant? Bom, pode ser que nem todos tenham aceitado. Mas a verdade é que a Quinta Temporada de Doctor Who, é a melhor introdução e reformulação que eu já assisti, um recomeço, um recomeço… Como diria o doutor, brilhante!
O roteirista chefe da vez, e consequentemente substituiu Davies, é Steven Moffat. Moffat é responsável por vários episódios de qualidade das temporadas anteriores, entre eles Blink, que introduziu os anjos lamentadores na série sendo considerado um dos melhores episódios de toda a história de Doctor Who.
O ator escolhido para assumir o manto do Doutor, foi Matt Smith. O ator era desconhecido na época, tendo trabalhado em séries menores, ele também tinha um passado no mundo do futebol inglês curiosamente.
Todos os olhos do mundo se voltaram para 3 de abril de 2010, a estreia oficial da quinta temporada. Muitos estavam curiosos, muitos estavam apreensivos, muitos não tinham expectativas tão altas após a saída do Décimo Doutor.
Mas que temporada Moffat nos deu! Fomos apresentados ao Décimo Primeiro Doutor de uma forma bastante curiosa e energética na última cena da quarta temporada, com Smith entregando uma casquinha de um personagem bem mais descontraído, engraçado e divertido na regeneração do Décimo.
Na cena inicial da temporada, vemos o Doutor tentando parar a Tardis de atingir uma torre em Londres, já que ela ainda estava fora de controle depois dos eventos finais da quarta temporada. Por consequência, ela acaba caindo no quintal da pequena Amelia Pond, uma garota que estava rezando para o Papai Noel ajudá-la a se livrar de uma rachadura na parede de seu quarto, e assim, ‘sem mais, nem menos’, o Doutor cai do céu como um anjo.
Após uma interação bastante agradável dos dois, onde podemos conhecer mais dessa personalidade descontraída e até estranha do Décimo Primeiro, ele investiga a rachadura no quarto de Amelia, suspeitando que aquilo signifique algo pior.
Ele, porém tem que partir, voltando para sua Tardis e declarando para Amelia esperar poucos minutos até ele voltar. Infelizmente, se passam doze anos, já que o cálculo de tempo da Tardis estava danificado. O Doutor encontra uma Amelia, agora chamada Amy Pond, totalmente adulta, não acreditando que seu amigo imaginário está de volta. Juntos, eles descobrem mais sobre a rachadura e as consequências de uma provável destruição temporal.
Pode-se dizer que o Décimo Primeiro Doutor é um velho preso no corpo de um homem de trinta anos. Sua personalidade é sábia, mas também é boba, no sentido dele ser aquele tio que tenta ser engraçado, mas acaba só por criar mais confusão por onde passa.
Ainda assim, isso não faz do personagem um palhaço que conclui suas aventuras por pura sorte ou força do hábito, ainda estamos falando do Doutor aqui. Ele carrega uma dor profunda de viver tantos séculos como um Senhor do Tempo, e essa noção é deixada bem clara nos momentos finais do primeiro episódio da temporada, tendo uma cena magnifica do Doutor mostrando todas as suas incarnações anteriores. Afastando um inimigo sem nem mesmo precisar lutar.
Se a Era de Russell T. Davies eram histórias espertas, abordando diferentes temas do mundo moderno através de eras futuras ou passadas, sem nunca perder esse senso de solidão do Décimo Doutor e da raiva interna que ele carregava, a Era Moffat é uma grande aventura pelo Espaço e Tempo.Não é brincadeira dizer que a quinta temporada se reinventou como uma lagarta abandonando seu casulo e espalhando suas asas.
Não só a direção, os diálogos, a música, mas o sentimento geral, é completamente diferente daquele transmitido pelo Décimo Doutor. E isso é perfeito, isso é Doctor Who. Essa mudança, essa migração, é algo que todo novo Doutor devia carregar, e não há incarnação melhor do personagem do que esta para abraçar esses temas. A quinta temporada de Doctor Who se reinventa de formas absurdas!
É de se esperar que um fã tão apaixonado pela série, teria histórias trancadas na sua cabeça desde que ele entrou para a equipe de roteiristas. Moffat desde o primeiro episódio, constrói essa grande história sobre rachaduras no tempo, mensagens, enigmas, isso nos leva até Amy Pond.
A personagem é muito bem escrita, acompanhamos ela desde sua juventude, o que nos faz criar laços bem rápido com a personagem. Seu destino está completamente ligado com a história de toda a temporada. Mais tarde somos apresentados de vez ao novo companion, Rory, noivo de Amy, e um grande personagem igualmente.
A quinta temporada de Doctor Who é uma grande aventura contínua, tendo episódios lindos, ligados uns aos outros. Todos são bons, seja pela atuação brilhante de Matt Smith, ou da presença incrível dos companions. Pode-se dizer que este é um dos melhores capítulos que a série tem a oferecer.