Doctor Who esterou originalmente em 1963, mudando e reformulando a ficção-científica no século XX. Por conta disso, para homenagear o sucesso da série ao logo de mais de meio século, o Código Nerd 42 preparou um artigo com muito amor e carinho. Vamos revisitar e relembrar todos os Doutores de Doctor Who. Confira:
Primeiro Doutor (William Hartwell)

Toda essa odisseia pelo espaço e tempo começou nos anos 60. Os fatores que levaram à criação de Doctor Who são muito maiores do que esse artigo sozinho, mas pode-se dizer que livros de ficção científica, filmes e séries estavam ganhando bastante atenção durante os anos 50 e 60. Portanto, era uma grande oportunidade para o canal de televisão britânico, BBC, apostar nessa mina de ouro.
Assim, com Sydney Newman, e Verity Lambert moldando o que se tornaria a série, uma equipe de escritores foi reunida. E dessa parceria coletiva, nasceu Doctor Who, e a primeira encarnação do herói seria interpretada por William Hartwell.
O Primeiro Doutor é um Senhor do Tempo que fugiu de seu planeta natal, Gallifrey, ao lado de sua misteriosa neta, Susan. Juntos, eles viajam por aí numa cabine telefônica policial azul, que, na verdade, é uma T.A.R.D.I.S..
Tendo vários companheiros de viagem além de Susan, o Primeiro Doutor é principalmente lembrado ao lado dos professores Ian Chesterton e Barbara Wright. No começo ele é paranoico, desconfiado e muito áspero. Se considerando mais intelectualmente capaz que seus iguais.
Mas, com o passar do tempo, sua arrogância é deixada de lado e ele passa a admirar, respeitar e necessitar de alguém ao seu lado para lembrá-lo de não pôr aqueles que ama em perigo em troca de conhecimento. Assim, esse Doutor aprende com as maravilhas e as ameaças do Universo, que gradualmente vão moldando-o.
Segundo Doutor (Patrick Troughton)

Todavia, com William Hartwell ficando muito debilitado e velho para o papel, a BBC precisava achar uma forma de substituir o ator sem cancelar a série. Uma escolha arriscada, talvez arriscada demais, e assim foi inventado o conceito de regeneração.
Desse modo, sempre que o Doutor se machuca mortalmente, ele volta para a T.A.R.D.I.S, onde o vórtex do núcleo lhe concede uma nova vida. Assim, vem uma nova face, personalidade, meios e afins. Para a sorte da BBC, eles encontraram o homem perfeito para essa ousada empreitada.
Patrick Troughton deu uma nova energia para a série. Seu Doutor era mais brincalhão, descontraído e completamente imprevisível. O Segundo Doutor guardava toda sua ansiedade diante de quaisquer situações perigosas, se acalmando com sua flauta ou anotando-as em seu diário.
Mas, inevitavelmente, explodia todo esse nervosismo em um espasmo de ideias e soluções malucas. Por isso, pode-se dizer que esse é um Doutor muito hiperativo, que não para quieto, e Troughton deu vida a essa ideia.
Sua Era é marcada pelo memorável escocês, Jamie McCrimmon. Além de vários confrontos com os Cyberman, adversários no confronto final do Primeiro Doutor que resultou em sua regeneração.
Terceiro Doutor (Jon Pertwee)

Entretanto, o Terceiro Doutor, tavlez, tenha trazido as mudanças mais brutas para a série. Visto que muita parte da lore foi estabelecida com a sua chegada. Assim, com Jon Pertwee comandando o nosso protagonista, mudanças muito bem-vindas foram trazidas ao seriado.
Exilado à terra pelos Senhores do Tempo, o Doutor passa a trabalhar com a UNIT (Unified Intelligence Taskforce), uma divisão militar da Inglaterra que protege a humanidade contra ameaças majoritariamente alienígenas. Sendo assim, grande parte das aventuras desde Doutor se passavam na Terra, tendo o seu próprio carro, Bessie, e companheiros constantes, como o Brigadeiro Lethbridge.
Contudo, além desses elementos, temos um dos mais interessantes: O Mestre, o arqui-inimigo do Doutor, um Senhor do Tempo que viaja pelo universo como o Doutor, mas este sendo maligno e constantemente tentando desvirtuar o Doutor e a Terra.
Dessa forma, toda essa estrutura cria um sentimento de James Bond para o Doutor, pois, aqui, temos arquétipos inquebráveis e elementos fixos: a base, o chefe, os companheiros, o vilão, o cão (K-9, um cachorro robô), e por aí vai. Assim, por conta desses fatores, o Terceiro Doutor é um dos preferidos de muita gente e, com sua extravagância, elegância, e até artes marciais, resolvia suas aventuras de formas muito energéticas.
Quarto Doutor (Tom Baker)

Mas, se o Terceiro Doutor abraçava a Terra como sua casa, o Quarto Doutor a negava. Sendo um nômade, boêmio e “mendigo espacial”, a encarnação vivida por Tom Baker marcou uma geração.
Assim, retornando para as viagens mais soltas pelo espaço e tempo, o Quarto Doutor é completamente devoto das características mais sub-humanas vistas no Terceiro Doutor. Este é um personagem mais autônomo, usa um clássico chapéu, um casaco vermelho-escuro e, é claro, seu enigmático cachecol colorido.
Portanto, Tom Baker é considerado pela grande maioria como o Doutor definitivo da série clássica de Doctor Who. O ator traz um equilíbrio entre cômico, misterioso e o imprevisível.
Esse Doutor traz algumas das melhores histórias da série clássica, como Genesis of the Daleks, que conta a origem dos maiores inimigos do Doutor, os Daleks.
Além disso, o Quarto Doutor teve a estadia mais longa na série até então, sendo, de fato, a maior até hoje. Contudo, infelizmente, suas últimas histórias sofreram bastante com roteiros fracos e até uma reestruturação no visual do personagem.
Quinto Doutor (Peter Davinson)

Logo após a indiferença divertida de Tom Baker, Peter Davison trouxe o Doutor mais humano até então. Tendo uma das regenerações mais complicadas, o Quinto Doutor teve que ser levado para Castrovalva, uma espécie de planeta de descanso na cabeça do Doutor, que se revelou uma invenção do Mestre, quase destruindo o Quinto e seus amigos.
Uma das características mais memoráveis do Quinto Doutor, é sua obsessão por Críquete, um esporte originado da Inglaterra que ele ama jogar. Além disso, este Doutor passou boa parte do começo de sua vida com os companheiros Adric, Nyssa e Tegan.
Mas, infelizmente, para o viajante, Adric, que ele via como uma espécie de aprendiz por sua genialidade de outra dimensão, foi morto em uma de suas aventuras. Assim, após o incidente, essa turma clássica do Quinto Doutor ruiu e ele nunca mais foi o mesmo.
Entretanto, não apenas o Quinto Doutor carregou o fardo da morte de Adric, se tornando mais cuidadoso com seus companheiros e companheiras, como essa persona nunca mais foi abandonada, mesmo por suas encarnações futuras.
O Quinto Doutor trouxe um Doutor mais humano, gentil, cavalheiro, mas ainda com as sutilezas malucas de suas contra-partes anteriores.
Sexto Doutor (Colin Baker)

A maioria dos fãs mais aprofundados de Doctor Who, irão concordar que a sexta encarnação do personagem é uma das mais subestimadas e injustiçadas pelo público mainstream.
Vivido por Colin Baker, um grande fã de Doctor Who, o Sexto Doutor sofreu com cortes de orçamento, baixa audiência, histórias fracas, e até mesmo com a BBC querendo cancelar a série.
O que não ajudou muito foi a sua personalidade extremamente áspera e arrogante. O Sexto Doutor tentou, até mesmo, estrangular a sua companheira, Peri, minutos após sua regeneração, o que não fez a audiência amá-lo de imediato.
Ele também tinha um traje colorido, cheio de maneirismos que o próprio ator admitiu odiar na época e depois. Colin Baker sequer chegou a gravar sua cena de regeneração, pois haviam avisado que ele estaria saindo do papel por telefone, e o ator, completamente furioso, recusou qualquer contato com a BBC novamente.
Apesar de sua vida curta no seriado, o Sexto Doutor retornou com força nos áudio-dramas da Big Finish, onde teve uma redenção muito satisfatória com histórias bem escritas.
O Sexto Doutor também teve algumas poucas histórias interessantes na TV, como, por exemplo, Trial of the Time Lord.
Sétimo Doutor (Sylvester McCoy)

A substituição de Colin Baker foi Sylvester McCoy, interpretando o Sétimo Doutor. Nessa época, a série já estava sendo fortemente considerada ao cancelamento pela BBC. Mas, no fim das contas, é admirável o quão bem McCoy interpretou seu personagem enquanto se divertia.
Diferente do Sexto Doutor, o Sétimo tinha uma personalidade mais brincalhona e descontraída, mas tudo isso servia como uma máscara. Como o Segundo Doutor, este se fingia de bobo para absorver o máximo de informações de seus adversários, calculando e analisando.
Ele era, na verdade, um grande estrategista que conseguia se tornar muito frio, e manipular os eventos da história ao seu bel-prazer.
O Sétimo Doutor viajou principalmente com Mel e Ace durante suas aventuras, sendo que ele partilhava de uma relação de pai e filha esta segunda.
Suas viagens tiveram um fim brusco com o cancelamento da série, e McCoy, mais tarde, admitiu lamentar muito por não ter interpretado o personagem novamente nas telas. Mas, como muitos outros, ele voltou para os áudios da Big Finish, onde grava até hoje.
Oitavo Doutor (Paul McGann)

Com o cancelamento da série em 1996, houve uma tentativa de trazer a série de volta a vida com um filme para a TV. Com o intuito de chamar a atenção do público americano, Doctor Who: O Senhor do Tempo marcou a aparição final de Sylvester McCoy como Sétimo Doutor, e sua regeneração para o Oitavo Doutor de Paul McGann.
Inicialmente sofrendo de amnésia e com um grande dilema em sua cabeça, o Oitavo Doutor era uma reencarnação mais gentil e cuidadosa do que seu antecessor.
Esse Doutor encarnava essa personalidade mais protetora em todos seus companions e também em seus próprios adversários. Muitas vezes tentando achar soluções pacíficas, redenções, diplomacia e diálogo. Durante os primeiros anos da Guerra do Tempo, ele se viu fugindo e negando seu lugar, como um guerreiro. Odiava violência e preferia se sacrificar a ver outros morrerem por ele ou suas causas.
Mais tarde, se revelando um leitor ácido de clássicos da humanidade, ele abraçou esse estilo mais vitoriano, clássico, o que é representado até em sua T.A.R.D.I.S que muda drasticamente.
Ele também foi o primeiro Doutor a beijar alguém em tela. Essa decisão foi feita para chamar a atenção do público americano ao longo do filme. Apesar das decisões ousadas, o longa não atraiu a atenção do público, que rejeitou a proposta. Assim, a suposta série de McGann foi cancelada.
Mas ele voltaria alguns anos depois para os áudios da Big Finish, onde grava até hoje, dando continuidade às suas aventuras. Além disso, a regeneração do Oitavo Doutor foi revelada no web-episódio, The Night of the Doctor, onde ele escolhe se regenerar para um guerreiro.
Doutor da Guerra (John Hurt)

O fato é: o Oitavo Doutor passou boa parte de seus dias finais fugindo da Guerra do Tempo, um conflito multi-temporal entre os Daleks e a raça do Doutor, os Senhores do Tempo. Sabendo que não podia mais continuar fugindo desse fardo sangrento, ele escolheu regenerar um guerreiro.
Assim nasceu o Doutor da Guerra. Uma encarnação que nem mesmo se considerava um Doutor, cometendo atrocidades ao longo da guerra, vencendo batalhas e trazendo o terror aos Daleks.
Vivido por John Hurt, este Doutor teve sua principal aparição no especial de 50 anos da série, Day of the Doctor. Ele também ganhou vários áudio-dramas na Big Finish, contando suas várias batalhas ao longo da Guerra do Tempo.
Nono Doutor (Christopher Eccleston)

Christopher Eccleston, com seu Nono Doutor, trouxe Doctor Who de volta ao gosto do público. Com Russel T Davies no comando da nova série da BBC One, Doctor Who retornou com tudo em 2005, dando um salto temporal que reformulou a dinâmica do personagem e de seu universo.
Sobrevivente da terrível Guerra do Tempo, o Nono Doutor abraçou o papel de um herói trágico, gradualmente se reconectando com as maravilhas do universo e se escondendo atrás de uma espontaneidade energética, enquanto, na verdade, ele sofria internamente e questionava seu lugar no universo.
Esse Doutor ainda carregava muitos traços do Doutor da Guerra. Sua fúria pelos Daleks podia ser incontrolável, sua habilidade para o improviso e a genialidade eram bençãos e maldições. Após presenciar e praticar tantas atrocidades ao longo da guerra, o Nono Doutor olhava com uma certa estranheza e desconfiança para a humanidade. Seguindo, lutando e lutando, como se estivesse tentando se sentir vivo.
Mas a sua companion, Rose Tyler, o reconectou com a humanidade. Durante sua regeneração, o Doutor se sacrificou por Rose e o planeta, e aceitou que, no fim das contas, ele foi fantástico e conseguiu sair das sombras da Guerra do Tempo.
Apesar de ter tido apenas uma temporada, recentemente ele retornou para os áudios da Big Finish.
Décimo Doutor (David Tennant)

Após abandonar a personalidade opaca de seu antecessor, o Décimo Doutor abraçou um turbilhão de emoções que o seguiu até o fim de sua vida. Considerado o Don Juan dos Doutores, o Décimo criou uma verdadeira relação de amor com Rose Tyler.
Sendo sentimental como o Quinto, áspero como o Sexto e observador como o Sétimo, o Décimo Doutor se mostrou uma das encarnações mais perigosas do viajante do tempo. Parte disso vem de sua personalidade mais sentimental, conseguindo criar várias facetas a partir disso.
O Décimo Doutor podia ser um companheiro amigável e acolhedor em um momento, e um guerreiro furioso no próximo. Se mostrou arrependido de algumas decisões de seu passado, escolhendo negar muitos aspectos de sua história, como a UNIT que ele ajudou com relutância em um certo episódio.
Mas o Décimo Doutor jamais negou seus companions, criando laços muito fortes com eles. E, sempre que eles o deixavam, sua dor aumentava e se transformava em ódio. Ele precisava de alguém ao seu lado para mantê-lo bem, e ele admirava com toda a intensidade de seus sentimentos essa ajuda.
No fim de sua vida, o Décimo ficou um tanto arrogante, escolhendo interferir no tempo para salvar vidas ou pessoas que ele considerava “importantes”. Se auto-proclamando “Senhor do Tempo Victorius”.
Em seus momentos finais, ele sacrificou toda essa arrogância para salvar Wilfred. Logo a seguir, visitou todos os seus companions antes de se regenerar.
Décimo Primeiro Doutor (Matt Smith)

O Décimo Doutor, de certa forma, era a tentativa de se tornar um mito universal, mas sem muito sucesso. No entanto, o Décimo Primeiro Doutor é essa figura, mesmo que ele não queira — de certa forma.
Carregando o peso de seus 900 anos — ou mais —, este é um Doutor cansado; cansado das perdas, cansado de sua interminável luta contra o mal. Para tentar amenizar isso, ele se diverte por onde passa.
Este Doutor se mostrou bastante apegado aos seus dois primeiros companions, Amy e Rory Pond. Amy foi o primeiro rosto humano que ele viu e se tornou sua melhor amiga, eventualmente com Rory entrando para a tripulação.
O Décimo Primeiro tinha muito medo de ficar sozinho, por isso constantemente visitava Amy e Rory, mesmo após se estabelecerem em uma vida normal. Além disso, também foi o Doutor que se casou com River Song.
Brincalhão, animado, infantil. Essa era a forma dele lutar contra esse sofrimento interno. No fim da vida, ele conseguiu mais um ciclo de regenerações graças à Clara e, de certa forma, toda essa dúvida que ele carregava consigo mesmo, morreu com esta encarnação.
Décimo Segundo Doutor (Peter Capaldi)

Interpretado pelo fã de longa da data da série, Peter Capaldi, o Décimo segundo Doutor carrega traços de vários Doutores clássicos.
Com um estilo de roupas variadas do Terceiro Doutor, a frieza do Primeiro e a arrogância atípica do Sexto, este Doutor ainda mantinha o sentimentalismo de suas duas encarnações anteriores, mas se escondia atrás de uma personalidade durona. Certas vezes essa personalidade o fazia entrar em conflitos com suas companions, tais como Clara, com quem ele viajou durante seus primeiros anos.
Com isso, ele enfrentou diversos dilemas morais e psicológicos, como sacrificar vidas pelo bem maior. Assim como o Décimo Doutor, ele teve que lidar com um retorno dos Senhores do Tempo, fazendo-o entrar em contato com seus demônios do passado.
E, falando em demônios, ele teve muitos deles, que o fazia criar relações complicadas com aqueles que ele amava. Ainda assim, criou uma verdadeira amizade com seu arqui-inimigo, e agora inimiga, Missy (Mestre).
No fim de sua vida, o Décimo Segundo Doutor havia deixado todo aquele ódio e confusão para trás, dialogando com o Primeiro Doutor no episódio Twice Upon A Time.
Décima terceira Doutora (Jodie Whittaker)

Jodie Whittaker está dando vida a primeira Doutora feminina da história. Ainda é injusto falar desta Doutora como os outros, afinal, sua Era ainda mal começou.
Portanto, devemos esperar e ver o que Chris Chibnall irá preparar para o final desta incrível personagem.
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