Espíritos Obscuros se baseia na lenda indígena de Wendigo. Sua construção dela tensa, assustadora e prende o espectador até o fim, nos deixando imaginar se os protagonistas vão sobreviver e conseguir matar a criatura.
Aqui, num lugar onde cada um tem o seu próprio demônio interno, algo ainda mais maligno ronda a vida dos moradores: es espíritos antigos não morrem e já existiam quando nascemos, e ainda estarão aqui quando morrermos.
A trama de Espíritos Obscuros
A trama de Espíritos Obscuros não contém apenas o mito. De início, a criatura está em segundo plano. Primeiro, nós vemos os males que afligem uma professora de ensino fundamental, que retorna à casa onde cresceu. Apesar de não sabermos muito sobre a personagem, percebemos que ela era abusada pelo pai, tanto física como sexualmente. Agora, morando com o irmão, ela lida com a questão de o ter deixado para trás.
O irmão se torna xerife da cidade, enquanto lida com as más questões de uma cidade pequena onde coisas estranhas começam a acontecer num intervalo bem curto. O espírito maligno está na ponta da língua de alguns, mas a descrença é presente até o último minuto.
Em paralelo à situação dos irmãos, temos um garoto de doze anos que procura passar despercebido pelos demais. Tendo uma vida sofrida, por conta da perda da mãe, e o pai sendo um bandido, ele agora lida com algo ainda desconhecido pelas pessoas a seu redor; sem ninguém para pedir ajuda. No entanto, sua professora ainda suspeita de algo e resolve investigar por conta própria, levando os outros a tentarem descobrir mais sobre o garoto.
Até esse ponto, Espíritos Obscuros caminha lentamente. No entanto, a partir de agora os acontecimentos crescem exponencialmente.
A produção
Mesmo tendo uma temática de terror, a trama desenvolve muito a situação da protagonista, e percebemos toda a bagagem que ela vem carregando. Em certos momentos, o longa tenta elaborar uma crítica social sobre as formas de como o abuso infantil é mascarado, e todas as autoridades tendem a arrumar uma desculpa para não agir. Assim, a trama é amarrada à história da protagonista.
A lenda de Wendigo é bem abordada, mas por se tratar de um conto indígena, existem poucos aspectos da cultura no filme. Mesmo os habitantes da cidade não sabem muito a respeito. Além disso, a própria história da criatura tem pontas soltas, que não ficam muito claras no decorrer da trama.
A fotografia do filme é espetacular, tudo está bem-apresentado sem transmitir o tom ‘clichê’ ao espectador, como nos cenários mais rústicos, os momentos de maior tensão e o uso da neblina para indicar uma tonalidade sombria. Contudo, o longa ainda possui alguns clichês, como os momentos de embate e a necessidade de ter o cenário escuro. Além da própria finalização do filme, que não surpreende.
Vale a pena?
O longa possui os elementos de qualquer filme indicado para os amantes do gênero: boa direção, produção e atuação. Portanto, com certeza, vale a ida ao cinema.
Leia mais sobre: Guillermo Del Toro