M. Night Shyamalan volta à direção e, após a excelente trilogia Corpo Fechado, Fragmentado e Vidro, o diretor nos apresenta Tempo, sua nova empreita. Baseada em uma graphic novel suíça intitulada Castelo de Areia, dos autores Pierre-Oscar Lévy e Frederik Peeters.
Uma praia paradisíaca
A trama se baseia em uma família cujos pais estão no início de um processo de divórcio e resolvem fazer uma viagem com os filhos para um resort, na tentativa de reverter essa situação. Assim, quando chegam, são convidados a irem até uma praia paradisíaca e deserta.
Então, após passarem por uma formação rochosa e chegarem à praia, outros hóspedes se juntam a eles e estranhos eventos têm início, quando uma das crianças encontra um corpo no mar. Este estranho evento passa a ser secundário quando os hóspedes têm outra percepção: o passar do tempo no local acontece de forma muito mais rápida, levando todos os hóspedes ao limite, pois eles não conseguem sair dali.
O tempo é o inimigo
O filme visa trazer uma profunda reflexão sobre o comportamento humano ante ao tempo e o seu derradeiro final. O desespero assola a todos quando percebem o tempo passar mais depressa que o habitual, fator que os leva ao desespero.
É possível concluir que o filme quer passar uma sensação metafórica. O tempo sempre passa de maneira relativa, portanto o que fazemos com ele é o que realmente conta. É comum nos depararmos com situações onde dizemos que o tempo passa rápido. Assim, quando todos percebem essa situação e não há como voltar, é o momento em que bate a angústia, e somente aí que resolvemos tomar alguma atitude.
O filme leva isso em consideração até certo ponto, pois, após determinado momento, a filosofia dá lugar ao suspense e à matança. A premissa de uma história interessante faz com que um filme, com extremo potencial, seja simplesmente desperdiçado.
Atuações
As atuações também deixam um pouco a desejar, isso porque o filme estrela Gabriel Garcia Bernal, o patriarca da família, contracenando com Thomasin McKenzie e Alex Wolff. A impressão que se passa é de os atores não estarem confortáveis em seus papéis, entregando atuações caricatas e, em determinados momentos, não verossímeis.
Os cortes de câmera também não estão satisfatórios, pois há momentos em que a situação acontece e não se sabe onde outros personagens estão, ou ainda um fato que ocorre em um determinado momento, mas de uma maneira muito abrupta, sem uma explicação adequada. Se não é ruim, fica no mínimo, esquisito.
Conclusão
Se Shyamalan possui filmes memoráveis como Sexto Sentido (1999), Sinais (2000) e a trilogia dita anteriormente, Tempo entra na lista de esquecíveis. Contudo, o filme não é tão ruim quanto Fim dos Dias (2000) ou O Último Mestre do Ar (2000). Como um suspense genérico, funciona, porém, por ser um filme sem muita identidade, não é muito recomendado.