Dirigido por Baz Luhrmann, Moulin Rouge – Amor em Vermelho é um dos grandes musicais da década de 2000. Apesar de o Moulin Rouge de fato ter existido, a história do longa se baseia em várias obras diferentes: O Mito de Orfeu e Eurídice, La Bohème e La Traviata.
Além disso, o longa recebeu oito indicações ao Oscar, tendo vencido nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte.
No filme, o idealista e ingênuo poeta Christian (Ewan McGregor), se vê encantado pelo fabuloso e obscuro submundo de uma boate em Paris, a Moulin Rouge. Assim, em meio a drogas e farra, ele acaba se apaixonando por Satine (Nicole Kidman), a estrela da casa.
Moulin Rouge e sua energia única
Se você gosta de um filme mais tranquilo, lento em seu ritmo e com uma proposta não muito ambiciosa, Moulin Rouge definitivamente não é esse filme. Sua agilidade é sem tamanho, onde ele consegue estabelecer essa gama de personagens com muita facilidade e movimentá-los cada vez mais para seus objetivos.
O efeito sonoro dos personagens quando eles se movem ou as inúmeras situações acontecendo ao mesmo trazem um refinado tom cômico. Nunca existe o medo em abraçar um lado lúdico e humanizar o que existe de mais caricato, jamais perdendo a essência. O filme também brinca com o tempo todo com a peça musical, a colocando desde a abertura até o fechar das cortinas na última cena.
Esse é um filme extravagante, com uma energia que transborda da tela. Grande parte dessa história se passa em um cabaré, então, somos convidados a adentrar nesse local onde seus artifícios são usados para moldar não só a linguagem musical do filme, mas o próprio visual avermelhado que pode ser relacionado à luxúria e as tantas formas de prazer sendo cortejadas.
Os números musicais são muito empolgantes, onde o ritmo frenético reflete na própria montagem propositalmente desenfreada. Uma das decisões mais negativamente arriscadas dentro de um musical é adaptá-lo para músicas populares; porém, o filme sabe como aproveitá-las e as encaixar perfeitamente em seu contexto.
Nesse sentido, é bizarro quando paramos para pensar que em um único musical, temos: Queen, Elton John, The Beatles, Marilyn Monroe e Madonna. Há uma interpretação de grande tom operístico e teatra nessas músicas, sendo releituras que funcionam nesse cenário e cativam pelas atuações. O que é a maravilhosa cena de Your Song?
Uma trágica história de amor
Se antes o uso do vermelho poderia representar algo vivo e atrativo, agora a utilização do azul no anoitecer é completamente melancólica. Essa não é uma história feliz, apesar de o casal encontrar uma felicidade genuína quando estão juntos. Chega a ser inspiradora a forma em que Christian acredita puramente no amor, da mesma forma, que ele vê Satine muito além de um objeto.
E mesmo sendo uma história que envolve pessoas e escolhas difíceis a serem feitas, a inevitabilidade da natureza é o que gera o desfecho tão trágico, mas, em simultâneo, é o que faz Christian nos contar essa história, que viverá para sempre. Que linda contradição, não?
Assim, Ewan McGregor é o perfeito bobo apaixonado, nunca torcemos para sua infelicidade. Enquanto Nicole Kidman carrega perfeitamente o drama de Satine, que se mostra muito além de como é vista; mesmo sabendo mesclar isso com uma notável sensualidade.
Um dos grandes triunfos dessa história se deve por como ela sempre constrói um perigo, algo ruim que está prestes a acontecer. Isso desde um grande e divertido improviso em um quarto até uma volumosa tensão com uma arma em um palco. E mesmo que várias pistas vêm sendo pontuadas conforme a narrativa anda, nunca deixamos de ser impactados ou contagiados pelo que está sendo mostrado.
Portanto, Moulin Rouge – Amor em Vermelho é uma experiência completamente mágica. É onde você se enxerga encantado por duas horas, seja pela riqueza mostrada na pobreza ou o investimento emocional com esses personagens, que libertam seus mais profundos sentimentos através de uma nova ótica das músicas.