O Brasil tem um cenário muito vasto de revistas em quadrinhos, que embora não sejam tão reconhecidas quanto deveriam, possui excelentes histórias que merecem ser conhecidas pelos fãs da nona arte. Entre essas obras, uma que se destaca entre elas, é a HQ de Francélia Pereira, intitulada Artemísia, lançada em 2018 na CCXP em parceria de Wesllei Manoel e Ton Lima.
Nesse artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre a história e o universo desta guerreira, que possuí fortes influências em histórias como Duna, Star Wars, Star Trek e na mitologia brasileira, e que gradualmente vem ganhando o coração dos fãs de quadrinhos, conquistando espaço entre os heróis que conhecemos. Se você gosta de histórias com protagonismo feminino forte, essa história é para você.
História e universo
Artemísia faz parte da série Habitantes do Cosmos, também de Francélia e que também merece destaque, mas a personagem acabou ganhando uma HQ solo por conta de sua excelente história. A trama se passa em um futuro distante e aborda elementos futuristas da ficção científica enquanto possui características de fantasia. No futuro de Artemísia, conhecemos uma humanidade que vive sem esperança e espalhada pelo Sistema Solar — agora chamado Sistema Apolo — visto que a Terra deixou de ser habitável, os humanos se dividiram entre Marte, Europa, Vênus e Titã.
Os humanos agora vivem em colônias artificiais pelo Espaço em busca de sobrevivência. Os planetas são organizados em torno de um governo centralizado que, por conta das distâncias que eles se encontram, não consegue manter a ordem entre os povos, fazendo com que mercenários, guerreiros e rebeldes apareçam em diversos lugares e em números cada vez maiores.
Assim conhecemos a guerreira Artemísia, uma jovem que nasceu em uma família nobre, em Vênus, mas ao ser sequestrada na infância, viveu um tempo nas ruas, até ser acolhida por mercenárias da Casa de Yby, que a treinaram. Então se tornou uma guerreira e mercenária temida em vários lugares da galáxia. Mais tarde, Artemísia sai em busca de conhecimento passando a conhecer vários sábios que vivem em diferentes planetas do Sistema e se torna uma das pessoas mais habilidosas e sábias ainda vivas.
Em sua fase adulta, ela descobre que descende das lendárias Icamiabas, as guerreiras indígenas que habitaram a região do Amazonas. Essa herança está em seu DNA o que a torna ainda mais poderosa. Além disso, ela herdou também a busca pelo Muiraquitã Original, que se trata de uma pedra sagrada que garante o dom da eternidade para quem a encontrasse primeiro.
Mitologia
A autora Francélia mergulha em lendas folclóricas e mitológicas para expandir o universo de Artemísia, explorando principalmente divindades femininas como a Deusa egípcia Nut, a mãe dos deuses ou a Deusa grega Ártemis, a Deusa da caça, que inspirou o nome da personagem. Artemísia também é o nome de uma planta considerada mágica por povos antigos desde índios e astecas, até a cultura celta.
Porém, o que difere a história de Francélia das demais que abordam mitologias na cultura pop, é a abordagem dos mitos nacionais. Como, por exemplo, o mito das guerreiras Icamiabas, uma tribo de mulheres que compunham uma sociedade matriarcal, caracterizada por mulheres guerreiras sem homens. Este mito aborda os princípios femininos e faz relação com a Lua e com a geração a vida, tais características que são marcantes na protagonista.
Uma coisa interessante nessa mistura de mitologias, é que todas elas abordam os mesmos princípios com diferentes divindades: a Lua, a vida, a força e importância do gênero feminino no universo.
Habitantes do Cosmos
A série Habitantes do Cosmos está provando ser uma ótima saga de quadrinhos que merece a atenção dos fãs da nona arte. As ótimas ilustrações e o enredo excelente, reafirmam a qualidade dessas histórias, que mesclam o futurismo com a fantasia e se aprofundam em diversas mitologias, transformando o vasto universo da série.
Até agora a saga possuí três volumes no Catarse, caso você se interesse e queira saber mais basta clicar aqui.