Dirigido por Ridley Scott, Casa Gucci chegou aos cinemas no final de novembro. O longa se baseia no livro homônimo de Sara Gay Forden e é uma das grandes apostas para a temporada de premiações. Mas, afinal, o filme realmente funcionou como esperávamos?
No filme, acompanhamos Patrizia (Lady Gaga), uma mulher humilde, que se casa com Maurizio (Adam Driver), um membro da família Gucci. Sua obsessão e ganância, impulsionam uma espiral de traição, decadência, vingança e, finalmente, homicídio. Enquanto isso, acompanhamos muitas questões familiares na empresa Gucci.
Casa Gucci como adaptação

A escrita de Sara Gay Forden nos traz detalhes dos mais variados. Na obra, somos situados por eras, pessoas, conflitos e ambientes. O trabalho de pesquisa feito para o livro enriquece a literatura, visto que somos situados de tudo com clareza.
É interessante como o filme pega esses principais conflitos e adapta. É claro que nem tudo iria ser mostrado, mas, muito do que nos é citado na obra, está no filme, como, por exemplo, as situações críticas na empresa, as características de personagens e até falas idênticas.
Então, em termos de fidelidade, o filme não deixa a desejar (mesmo que corte algo). Dessa forma, era previsto que o filme teria uma longa duração, afinal, é uma história imensa e repleta de detalhes.
E é aí que entram os problemas. O filme passa a impressão de que existe um corte muito maior, já que muitas das cenas acabam abruptamente com a finalidade da história. Algumas transições soam muito apressadas e deixam o filme desconjuntado.
Mas, se tem algo que o filme se destaca, são as atuações principais. Que atuações! Adam Driver encarna seu personagem. Ele consegue trazer o Maurizio contido e desengonçado, que quando finalmente tem seu papel de importância, torna-se arrogante e egocêntrico. Que trejeitos, que postura!
Lady Gaga nos entrega uma Patrizia feroz. Ela adota uma postura perfeita para a personagem, sempre tem momentos para apreciarmos sua atuação. Existe uma ótima entrega no drama e na persuasão dessa figura. Esses dois, com certeza, já estão com garantia de indicação na temporada de premiações!
O elenco de apoio não está ruim, é ótimo ver um ator do porte de Al Pacino ainda atuando tão bem. Já Jared Leto, está com uma veia mais cômica e caricata.
A identidade do filme

Identidade não é o que falta para Casa Gucci. Toda a parte visual nos transporta diretamente para as épocas retratadas, como, por exemplo, a fotografia, a ambientação e os figurinos.
Existe também, uma seleção de músicas, que estão muito bem colocadas durante a história. Nos aspectos técnicos, pode-se notar algo à altura da Gucci e de tamanha elegância.
O filme opta seguir um lado muito interessante: mostrar os dois lados de uma mesma moeda. Não é um filme que traduz a famosa expressão “preto no branco”, somos a todo momento, apresentados a mais de um lado. Existe a admiração e o desgosto pelos personagens, em simultâneo.
O primeiro ato do filme é o mais fluido, é ali onde temos uma contextualização inicial sendo feita com dinamismo e naturalidade. Conseguimos, de fato, sentir quando as coisas estão caminhando para aquilo que tanto esperamos.
Porém, falta impacto ao desfecho. Somos instigados o tempo todo para chegarmos naquilo que a cena inicial nos promete. Mas acaba ficando muito vago e o salto temporal não soa como deveria, fazendo o efeito não ser tão grande como esperávamos.
Portanto, Casa Gucci tem seus méritos e qualidades. No entanto, ao fim da experiência, ele nos gera o pensamento de que essa história, caberia melhor como uma minissérie, não em um filme. Afinal, muitos detalhes soam repentinos e resultam em um filme bastante longo. Mas não deixem de conferir, a experiência ainda é válida.