Um dos mais novos longas da A24, Sempre em Frente (C’mon C’mon), estreou no início de 2022 nos cinemas brasileiros. Além de ser roteirizado e dirigido por Mike Mills, o filme conta com duas grandes atuações e uma identidade visual marcante — pelo menos, é o que os trailers aparentavam. Mas, será que o resultado foi realmente competente?
No filme, o jornalista de rádio Johnny (Joaquin Phoenix), embarca em uma viagem pelo país, quando a sua irmã (Gaby Hoffmann) lhe pede para tomar conta de seu filho (Woody Norman). No entanto, quando ele precisa voltar para casa, leva junto seu sobrinho enérgico e mostra-lhe a vida fora de Los Angeles.
O grande triunfo de Sempre em Frente
Logo no início, existe uma mostra de relações que sofreram rupturas. Então, muito do que vem depois, se dá por ser um recomeço ou, na situação principal, um começo. O filme está sempre nos ilustrando claramente o motivo das coisas serem dessa forma, porém, de maneiras sutis e bem realizadas.
Assim, temos a incrível relação de tio e sobrinho entre Joaquin Phoenix e Woody Norman. E, por mais sincera e divertida que ela seja, existe uma preocupação do roteiro em gerar conflitos; dessa forma, o drama presente na vida de ambos os personagens surge pontualmente e de forma natural.
Nos preocupamos com esses personagens, os menores detalhes deles ou determinadas atitudes, sustentam perfeitamente nosso vínculo. Norman transparece ser uma criança que, você certamente já viu, notamos isso em sua energia e o fácil absorvimento das coisas; enquanto Phoenix demonstra veracidade e amor nesse papel, ele é adorável.
As ideias impostas para a história são extremamente criativas, conseguindo entreter e nos fazer entender a importância do que está sendo contado. Afinal, a história fala sobre como a chama da infância nunca deve ser apagada quando nos tornamos adultos. Sobre como os jovens são espertos, sentem e têm muito a dizer.
Nesse sentido, muitas reflexões são bem-vindas e nos relacionamos com o que está acontecendo. É ótimo transicionar entre as viagens, mergulhar no trabalho de Johnny, ir gradualmente tendo revelações e acompanhar a consolidação dessa amizade tão gostosa de acompanhar; mesmo que haja lentidão em alguns momentos.
O estilo adotado
Como é um filme que retrata muito a questão de memórias, pode-se interpretar que a escolha do preto e branco seja por isso, esta história acaba por ser uma grande memória vivida e entregue por Mike Mills. E essa tonalidade combina muito com o que está sendo mostrado, já que os ambientes em que somos situados se enquadram muito bem dentro dessa estética.
Mas, uma das melhores decisões do filme é: improvisar as entrevistas com pessoas de verdade. Esses momentos são de extrema sensibilidade e ficam próximos do público, afinal, são jovens expondo seus pensamentos, de maneira sincera e completamente real.
A montagem também tem seu charme, principalmente quando mostra “momentos dentro de momentos”, basicamente, a ilustração dos diálogos. Aliás, até os créditos finais são atrativos! Pois, há uma extensão do que já foi apresentado antes, tendo um encaixe perfeito nesses últimos momentos, nos fazendo ficar até, literalmente, acabar tudo.
Portanto, Sempre em Frente é um filme extremamente bem-intencionado. Sua forma e como ele tenta dialogar com a atualidade, com certeza o deixa cativante e super agradável!