Roteirizado e dirigido por Edgar Wright, Em Ritmo de Fuga é um dos grandes filmes de 2017, que está disponível para você conferir no catálogo da Netflix. O longa foi indicado à três categorias do Oscar, incluindo: Melhor Edição de Som, Melhor Som e Melhor Edição (infelizmente, ele não levou nenhuma das estatuetas).
No filme, o motorista de fuga apelidado de Baby (Ansel Elgort) confia fortemente nas batidas de sua própria trilha sonora para fazer tão bem que faz. Após quitar uma dívida e conhecer Debora (Lily James), ele encontra um novo propósito de recomeço. Sendo obrigado a trabalhar para Doc (Kevin Spacey), Baby lida com suas músicas ao mesmo tempo, em que sua vida e de sua amada correm risco.
A ação de Em Ritmo de Fuga
Logo quando adentramos na cena inicial, somos apresentados a uma identidade que, desde já, é marcada por autenticidade. É curioso como o filme mostra os assaltos, deixando sempre a perspectiva de Baby dentro do carro. Por isso o início se mostra tão eficaz, pelo fato de situar como esse motorista em específico é motivado e o porquê de ele ser um diferencial. Uma pessoa que vive música em suas veias é o bastante para entrarmos em sua onda, seja lá o que ele estiver fazendo.
Um filme de Edgar Wright sempre terá a melhor seleção de músicas, isso é indiscutível. Mas é interessante como ele as usa em cena, sendo muito além de um bom encaixe; destacando-se justamente por como a montagem e até cenários brincam com elas, utilizando de seus cortes e momentos de ação para estar em perfeita sincronia com o que é tocado. Dessa forma, uma troca de tiros é elevada a outro patamar de dinamismo, assim como uma simples cena de pés batendo no chão se torna mais especial.
Mesmo que Baby seja um personagem silencioso, sua cabeça está sempre a turbilhões e ele precisa pensar mais rápido do que os outros. Nesse sentido, o que poderíamos classificar como conveniência acaba virando excelentes improvisos do personagem; que precisa sempre utilizar a urgência a seu favor. As cenas possuem alta dose de empolgação, e a direção jamais nos deixa perdidos em termos de noção espacial ou do perigo em si. Tudo está em risco e é possível, dada a direção propositalmente inquieta.
Então, o filme se torna um excelente e recomendável exercício para diversão. As cenas de velocidade e manobras são eufóricas, dado um notável controle e engenhosidade em cada uma delas. A ação tem vida, ela é enérgica e tira o nosso fôlego!
Um filme com coração
Quando temos mais contexto sobre o passado de Baby, seu atual presente vira de mais fácil afeição. É interessante como o detalhe mais banal de sua vida, suas fitas gravadas, ganha um grande significado; não só pelos registros e memórias, mas por ser um fator determinante de seu destino em sua última missão, deixando toda a sua trajetória imprevisível e o fazendo tomar atitudes drásticas.
Já Debora é uma adição sublime. Lily James exala carisma e sua personagem é extremamente doce; é notável também como ela está com Baby até nas piores circunstâncias de sua vida. O filme faz com que nos importemos com sua presença e que fiquemos tensos quando algo ruim pode acontecer a ela; assim como Baby. É proveitoso poder acompanhar essa união tão espontânea e como os objetivos se completam.
Assim, o filme faz parecer fácil criar qualquer tipo de investimento emocional com o que está acontecendo, mais um mérito de Wright. Nesse sentido, a substância da história toma forma em diferentes gêneros, indo de um drama bem executado a um romance gostoso de ver em tela, até um filme de ação alucinante. E não pense que ele está fechado para o humor, há piadas realmente boas e pontuais!
Portanto, Em Ritmo de Fuga estabelece suas regras e nunca as trai. Ele é exatamente aquilo que se propõe: um filme divertido e imprevisível, que com um protagonista questionável e relacionável, nos prenderá em seu musical mais íntimo e fará com que gostemos de acompanhar sua vida tão incomum.